terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Dia 205

Esse ano, incrivelmente, a maioria dos meus amigos vai passar o ano novo em Belo Horizonte. Acho que isso significa que viramos adultos, cheios de responsabilidade e com trabalho esperando no dia 2 (por coincidência meu aniversário, sempre esquecido porque todos eles estavam em alguma praia paradisíaca curtindo a ressaca de reveillon). Reveillon em BH pode ser entendido (com alegria) como uma reunião na casa de amigos queridos, a madrugada que se vai em várias partidas de Trivia ou Imagem e Ação, sonzinho gostoso e comidinhas maravilhosas. O problema é que geralmente não fica só nisso. Como ex-consumidora de bebidas alcoólicas, posso dizer com propriedade que depois da terceira cerveja ou da primeira mistura, os ânimos ficam exaltados e qualquer lugar parece pequeno demais. A bebida me dava uma ansiedade borbulhante que, misturada a uma coragem tremenda, colocava formigas em meus pés e me levava a perambular pela noite afora - isso sem falar no quanto ela me deixava rica! Pegava o carro e ia de um lugar pro outro, passando cartão sem me preocupar com o amanhã. É claro que um dia a gente estoura a cota de boa vontade divina - e é claro que esse dia sempre chega exatamente quando você precisa. Há exatos cinco anos, bebi, dirigi... e bati. Não sei se vocês já ouviram aquela parábola ou algo parecido em que Deus carrega a pessoa pela praia, e por isso só se vêem duas pegadas na areia. Eu tenho sido carregada minha vida inteira, mas só percebi isso naquele dia. Esperei cinco anos para que o processo prescrevesse, e enquanto isso pude aproveitar para agradecer pelo fato de ninguém ter se machucado, para agradecer pelas perdas materiais e danos morais causados por mim a mim mesma - muito justo. Tem gente que passa a vida fumando aquele único cigarrinho diário, bem depois do almoço. Tem gente que toma uma taça de vinho do porto todos os dias com a família. E tem gente que vem de fábrica com um pequeno extra chamado "compulsão" - e a compulsão, meus amigos, não permite esses pequenos luxos. Pra quem bebe até a cerveja acabar, pra quem fuma a ponto de descer do salto, sair da festa e ir a pé até o boteco mais próximo, tá na hora de pensar em você, não? Enquanto eu cuido de nostalgias antigas, você pode aproveitar para repensar sua atitude em relação a drogas... legais (muito interessante esse rótulo, aliás). E se você achar que o seu lema é booze and butts (cigarette ones, you silly), pelo menos deixe o carro em casa, na rua ou onde ele estiver. Tem mais gente no mundo, caso você não tenha percebido. Eu percebi e sinto muito.

Everybody hurts

PS: Não tenho a intenção de pregar nada, não; essa é só uma tentativa de fazer com que ninguém pregue a mão na sua cara por uma bobagem chamada falta de juízo ;)

Um comentário:

  1. Ai quem dera se o mundo tivesse essa consciência... te admiro demais, minha amiga!!
    E neste réveillon, por mais que a casa da Cybs fique pequena, não sairemos de lá e aproveitaremos esse momento tão especial com pessoas mais especiais ainda!
    Besos e até lá!

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