quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Blind date

Another year. Another mess. Other discoveries, misfortunes, attempts to stand tall just a while longer, plans to grow stronger and fearless, a bit more careless, a lot more hopeful, maybe less dissatisfied, less stubborn. I was raised to be scared, to follow a path other people had long ago carved across their bitter pasts. I inherited a handful of loneliness and filled a spoonful of hearts just as lonely. Sometimes I thought I'd pulled through; other times I just reached out for whatever I shall never find. Quite unfair to be pushed through the magic of existence with no clue on what lies ahead. I am not as afraid as I used to be. I am not afraid of having a baby, of losing it, of not being able to have one at all, of getting myself a dog, of struggling to have my own piece of land, of saying I love you, of living in someone else's heart, of sleeping while everyone else is dancing. I am no longer afraid of losing, of ageing, of missing a thing, of spending more time here than there, of facing prejudice in people's eyes, of making my own choices, of basing my choices on the stupidest reasons, of failing as a relative, as a partner, as a friend, as a professional, as a parent. I am afraid of failing as a human being, of not being ready to give in to love, of not believing, of being ungrateful, of not giving the other cheek. I am afraid of not forgiving, not forgetting, not understanding why my life is different now, why my heart is still aching, why the songs I like singing have changed and yet remain the same. I am afraid of not finding in love the tranquility I have sought all my life. I am afraid of not getting presents or love messages, of not being surprised, of not being cherished, nurtured, embraced in body and soul. I am afraid of not being part of someone else's plans much more than I would ever be scared of flying, of dying, of being short of money, of simply not caring. I am afraid of waiting for my life to be a love poem and ending up wondering what the hell went wrong. This uncertainty bothers me from time to time and yet I insist on living; on trying; on starting from scratch; on making the same fucking mistakes and laughing at them afterwards. Boy, I'll tell you: I am often afraid of choosing the wrong answer, just like I did as a high school student, and it all points to something larger than you and me: I guess I am really afraid of not having enough faith in the laws of action and reaction. As long as I react, however, I know I shall bear the same thoughts, blame others and skip from my responsibilities. Will I ever...? 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Bella

Querida Érika,

Hoje li uma mensagem sugerindo que eu escrevesse uma carta a você. Talvez eu já tenha feito isso algumas vezes, em primeira ou terceira pessoa, mas acho que não em forma de carta. Enfim... Quis te escrever porque por vezes percebo a sua confusão sempre que tenta entender o que foi que te trouxe, o que te leva e por que ser você, desse jeitinho mesmo. Você nasceu formiga em corpo de cigarra, cigarra com alma de formiga, capricorniana da gema. Trabalhar sempre foi uma prioridade, mas por dentro explodia aquela vontade de subir no palco, tomar posse do microfone e cantar pra uma ou outras pessoas, cantar de olhos fechados, cantar e fazer mil gestos do tamanho da sua alegria. Gostava de se ouvir soprosa, arranhada, sôfrega, visceral, antiprimorosa, contravirtuosa, na contramão da cigarrice integral. Pois que do lado esquerdo do peito bateu, bate e baterá seu coração de professora, de leoa, de existência mais macia do que dura, de gente que nem pensa em desagradar nem em parar de escrever, que ainda deseja uma coleção de abstrações piegas de tão importantes. Esse barco foi se moldando conforme as tempestades - a cigarra deu lugar à formiga assim que a escola acabou por pura necessidade. A formiga foi tomando forma mas as notas saíam sem querer. De repente não era formiga nem cigarra - era dona de casa que não era sua, incompreendida, bicho doido que não cabe em coleira. O tempo passou e você serenou nessa vida de formiga que bota o coração pra bater forte de medo, êxtase, audácia e orgulho. Hora pra acordar, dormir, dinheiro contado, uma casa bonita que a cigarra visita batendo os chinelos velhos no chão com um ritmo quase ensaiado, nostalgia de quem queria ter mais fé e esperar pela sua hora de ver estrela. E de repente estão as duas ali, olhando uma pra outra com um quê de angústia; nessa hora sinto seu coração doer e fico querendo que você entenda uma coisa só: você canta e trabalha, você sorri e pensa, você se quer bem e tem a classe que bloqueia a vileza, a baixeza e a injustiça. Você sente correr nas veias aquela mistura quente, humana e se arrepia toda, sem entender que é ela quem revela tudo o que há aí dentro de mais genuíno, raro, precioso.

Que o bem sempre te habite, que os céus te guardem, que a coragem e a sorte te guiem.

Eu acredito em você.

Paz...

Érika

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Tênue

"Why am I compelled to write? Because the writing saves me from this complacency I fear. Because I have no choice. Because I must keep the spirit of my revolt and myself alive. Because the world I create in the writing compensates for what the real world does not give me. By writing, I put order in the world, give it a handle so I can grasp it." (Gloria E. Anzaldúa)

domingo, 25 de outubro de 2015

Peso de ouro

A gente precisa se dar o devido respeito. Precisa entender que algumas coisas não podem nos acontecer porque a gente não pode deixar. Quem nos diz o quanto valemos somos nós, cada vez que sorrimos ou fazemos alguém sorrir, cada vez que ajudamos ao mesmo tempo em que somos ajudados, acolhidos, acarinhados por palavras amigas, abraços apertados e energias positivas. Quem se respeita não deve ter medo de nada. Deve esperar por um assovio do céu pra mostrar a que veio, alada ao amor que recebe. 

All I need

Hoje me peguei pensando nessa música: Tudo que vier eu quero e o que não vier eu vou buscar/Nada que me segue eu sigo, sei que eu não nasci pra recuar/pra alcançar o fim passando o meio tem que começar. Desde que aprendi a pedir as coisas a Deus, passei a pedir pra viver ao invés de sobreviver. Pra ter conforto material, paz no coração e amor na cabeça e na vida, pra compreender tudo o que me atravessa sem julgamento, pra entender que todo mundo só faz o que dá conta porque é assim que a banda toca. Essa mesma música tem um verso assim: Se a cabeça é dura esqueça/é difícil de cuidar. É verdade. Preciso começar a insistir em cuidar de mim. No final é o que importa.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Mas afinal...?

Mas afinal, o que é que sobrou do amor? Direitos, deveres e identidades intactas? Plano de saúde com dependente, cota do clube e contas conjuntas? Não. Já fui chamada de passarinha arisca, de cavalo bravo, de bicho que não aceita cabresto. Pode até ser - sou leal aos meus princípios, não me exija mais! Mas... não queria falar nada disso. Queria só dizer que o amor entre duas pessoas é trabalho em equipe: você e o outro contra os males do mundo (e de quebra vivendo uns momentinhos felizes daqui e dali...). O que sobrou do amor é cada um no seu canto juntando os cacos pra não ferir quem por ali passar; é uma tentativa de construir outro castelo, e esperar devagar por um sinal para que ele possa ser lentamente povoado, sem certeza de nada; é a vontade de rir e confiar e entregar sua porção de maior valor; é o medo de a vida passar e você não entender que tudo fez sentido, que seremos felizes do melhor jeito, que o que sobrou é esse dia de sol cheio de afazeres e lembranças.

Night gown

É, e eu não me canso, não é mesmo? Talvez por estar tão cansada de tanta coisa ao mesmo tempo. Quanta intensidade, meu Deus! A gente sabe que o cansaço é passageiro, que a própria vida passa rápido e às vezes bate uma vontade de rir e brincar e acreditar que nosso universo particular nos quer bem e em paz... Lembro-me de quando contava estrelas debaixo do céu que era teto da rodoviária velha, deitada sobre os paralelepípedos, olhos brilhantes de cachaça, desfrutando essa embriaguez democrática que me corava as bochechas, amolecia as pernas. Contava estrelas sem pular as pequenas, sem pesar as grandes, sem pensar por um segundo sequer no capítulo que me esperava ao sair daquele transe. Contava era grãos de sorte pelo jardim da noite, lívida ao vê-los se desgarrarem do mural celeste para pousarem ressabiados sobre a minha face, braços e pernas e olhos e peitos fartos de coragem... Em meus pés desenhavam asas, contavam histórias para as palmas das minhas mãos. O que se seguia a esses instantes não mora mais aqui dentro. A sina de ser envolvida pelo perfume das damas da noite que abraçavam a praça, no entanto, volta e meia me sussurra ao pé do ouvido que "valeu a pena" deve ser sempre combustível para os nossos sonhos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Playmate

São 21.20 de um dia comum e eu estou aqui a falar de mim comigo mesma, dentro de uma sala de aula que coabita a minha existência, prisão de mentira. Liguei uma música clássica durante a prova e os alunos me olharam sem entenderem se era inspiração, tédio ou agonia. Decepção, reflexão de praxe talvez, sensação de que aquele sapato não me serve mais. Cheguei a um ponto da vida em que apresentar um seminário na disciplina do doutorado com calafrios de febre deixou de ser um drama pessoal pra virar evento corriqueiro. Afinal das contas que acerto com meus lençóis de algodão - e sem essa de dia sim dia não! - eu passo a vida correndo e pensando em nós, correndo e pensando em vocês, correndo de carro ou a pé, sempre querendo chegar... sempre... De sala em sala, uma breve passada em casa, um beijo na mãe, um oi pro sobrinho que cresceu e agora acha que beijar a tia é careta pra caralho, um oi pras irmãs via SMS, um beijo no pai que mora perto-longe via email, uma superhipermega otimização do meu tempo "livre" pra pedir colo. Esses momentos de prova, em que espero até o último aluno sair da sala, são uma prova também pra mim, que a minha cabeça pensa sem parar, que entender o outro não é brincadeira, que colocar uma cerca ao redor da casa pode ser uma tarefa complicada se o dono dela não gostar da cor. Fico tentando entender se quando acabar o maluco sou eu, mas tem tanta coisa além da minha compreensão hoje em dia que às vezes eu nem consigo chorar, nem gritar bem alto pra neguinho entender que eu não nasci pra brincar de casinha e contar pra minha mãe que um menino bobo e feio puxou o meu cabelo só porque eu pedi a ele que me ajudasse a arrumar a bagunça depois da festa. Onde está o cuidado que mora nos sonhos de toda mulher? Muitas mulheres abriram mão de recebê-lo pelo status da companhia. Acho tão bonita a palavra ALTERIDADE, que aprendi ao estudar sobre a relação professor-aluno... muito bonita e pouco conhecida - e ainda que estivesse na ponta da língua de quem quer que fale nosso bom português, palavra não é ato, não é fato e não enche barriga de quem tem fome do fazer, saudade do acontecer e pressa pra realizar. Construir mete medo; caminhar gera dúvida; ceder, admitir e evoluir passam longe do dicionário usado pelo autossuficiente, autoindulgente que não erra jamais. Sensação de que aquele sapato não me serve mais, que talvez nunca serviu, que eu só pus no pé pra ser princesa... sem cavalo, sem vestido, sem príncipe ou castelo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"Os olhos que não queriam dormir"*

A gente tem sempre aquele dia de tensão, de confusão que dói a cabeça, embaralha as ideias. Não importa o que a vida te diga - na verdade entender o que a vida te diz é uma arte no fim das contas. Naquele dia de tensão a gente não diz que sim nem que não... fica meio a ver navios no mar que é sempre mais verde pra uns do que pra outros. Temo não descobrir por que a gente sonha com coisa ruim, por que é assim tão complicado crer no que está lá pra gente ver - ai de mim! Se o ontem se chama passado, por que diabos ele se espalha pelo dia de hoje, por que me aflige tanto, por que me confunde a ponto de doer a cabeça... por que ocupa uma parte tão grande das minhas sôfregas ideias? Obrigo-me a viver a bonança enquanto a tempestade brada lá fora, e fecho as janelas e tomo um chá e tento ler um livro e desejo que o sono chegue logo pra que eu me esqueça do quanto pode ser paradoxal a gente querer se bastar mesmo sendo bicho que nasceu pra viver junto. Ontem me abracei à minha velha almofada cor-de-rosa e me aninhei à metade da cama. Tinha brisa, chocolate, mate e sanduíche; tinha resquício de banho de lagoa na pele, sol nos cabelos, Gabriel García Marques e arquivos piscando pela noite afora. Em sonho um homem invadiu a minha casa. Eram três horas da manhã e eu tive medo de me levantar, de procurar, de checar, de viver. Me invadiu o medo de passar por isso sozinha, de acordar mais uma vez às três da manhã e rezar e tomar um copo dágua e voltar pra cama e falar com meus botões e ler outro conto peregrino em voz alta e pedir a Deus que por amor a qualquer coisa me deixe dormir porque às segundas fico cansada demais, porque agora tenho que acordar mais cedo, sair mais cedo de casa, me preparar melhor pra zarpar às 6:30 e retornar às 23:30 com cara de pessoa bonita e descansada. Não é o tipo de coisa que gera qualquer alarde - o problema de todo mundo é do mesmo tamanho, blablabla. O que eu queria mesmo era sentir o corpo, a alma e o coração em paz, como se finalmente meus olhos pudessem dormir.

*Esse é o nome de uma das historinhas mais lindas que já li. Fica aqui a homenagem.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mudança

Toda vez em que eu me olho no espelho vejo algo diferente - uma sarda nova, uma linha que se acentua, um fio de cabelo que perde a cor. A expressão, no entanto, não se altera. Continuam a brilhar meus olhos pensativos, meus dentes que adoram convidar para uma gargalhada ou ao menos um sorriso sincero. Vejo as formas do meu corpo e me sinto feliz ao percebê-lo bem-cuidado, saudável sem exageros. Penso em toda essa informação a se desenhar sobre a minha carcaça sem pedir licença... fico desejando sorver mais um gole dessa mudança que me esquenta o peito sem drama e sem pressa. O sabor das novidades que laçam meu momento de vida dá água na boca, conforta como sorvete que a gente prova pela primeira vez. Timidamente flerto com minhas pequenas-grandes conquistas e agradeço por ser adulta em terra de criança, que ser adulta me tira o medo de trocar o estar pelo ser, me faz querer permanecer essa moça-menina que não acredita em meta-romance ou pseudo-escolha. É hora de fazer as malas: por dentro, medo mineiro de onda grande - mar bravio a me espreitar com seus olhos de sonho e temperança.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O atropelador de velhinhas

Andava distraído, ideias lançadas ao vento. No banco do passageiro, papeis lembravam-no de seu destino e propósito. De dentro do carro o sol ia alto e brilhava sem queimar ninguém - a fome o devorava. O clarão escondia novos capítulos que se desenrolavam nas ruas; o som falava bobagens que não interessavam mais. Das contas aos contos do vigário, dos planos ao pleno exercício da cidadania que vira chacota paga, vivia por viver, fazia por merecer e não acreditava em muita coisa, não. Andava distraído quando algo o impediu de seguir. Era uma senhora de uns sessenta anos, bem vestida, que atravessara a rua sem muita atenção. Saiu do carro, uma confusão embaralhou seus nervos e o que ocorreu depois, ah, isso não se sabe ao certo. Pegou o telefone no bolso, chamou por socorro e atendeu aos trâmites burocráticos de praxe. Foi para casa e tomou um banho demorado. "O ideal é evitarmos situações que podem gerar um desconforto futuro como forma de preservação de nós mesmos e de nossas relações humanas", era a voz da analista misturando-se à água quente que amolecia os ombros duros de inconsciente aflição. "E quando já aconteceu, como consertar?" "Não tem jeito, não se desfaz o que já foi feito: o tempo apaga essas marcas, e a sua conduta pessoal cria novas verdades e perspectivas." Enrolado na toalha, ligou para a senhora. Tudo bem. Respirou aliviado, riu ao pensar na sua falta de sorte, concluiu que tinha sorte afinal e foi jogar bola pensando no prejuízo que engordaria o bolso do lanterneiro. Tomou cachaça, foi ao cinema e pensou que é isso aí, que não foi tão mal assim, que viver o presente tem dessas coisas... que papel timbrado conta a história que ele quiser contar, sem choro, vela ou testemunha. Relatou o caso a uma meia dúzia, guardou as opiniões no lado esquerdo da camisa e quis que houvesse gente em casa. Adormeceu ao som da televisão, coração sussurrando notas preocupadas, cabeça doendo de angústia.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Dez minutos

O que dá pra escrever em dez minutos? Talvez alguma impressão sobre o que me intriga mais... É só parar o relógio por uns momentos pra lembrar que tenho me sentido estranha, confusa até, querendo ser uma coisa só, engolir minhas preocupações com farinha, não pensar em nada, ir vivendo mesmo, correndo, comendo, fazendo o que eu acho certo e me convencendo de que a vileza alheia é exatamente o que é: alheia. Em dez minutos piso no chão  quente da praia, sonho que corro sem cansar pela areia fofa e fico ansiando por mais um pouco, e peço a Deus que por favor me leve pra pescar num lago que tenha peixes e jogue a rede por mim. Em dez minutos eu tomo banho e choro baixinho sem saber sabendo de onde vem esse quê de desespero com cara de desesperança; desejo em silêncio que as pessoas boas tenham uma vida boa, que as ruins aprendam a viver direito, que as fracas queiram com todas as forças resistir às fraquezas terrenas - que a nossa carne seja nobre de tão forte, que o nosso espírito tome a frente do que nos resta e, como o doce Falkor, irrompa pelas nuvens da superficialidade que assola nosso tempo e me convença a confiar em gente grande, a acreditar que há outros como eu, que veem o que é bonito sem precisarem olhar, que aprenderam a apreciar a própria companhia, que respeitam o outro porque sabem se respeitar, que comemoram cada nascer do dia, que caem sempre mas dificilmente no mesmo lugar. Em dez minutos eu passo os olhos por esse grande livro de memórias com nome difícil e percorro as tantas ruas da minha vida, hoje vazias. Novas ruas se estendem sob meus pés descalços e eu fico aqui pensando que em dez minutos daria pra chegar esbaforida àquela praça, dizer eu te amo e parar de ouvir o rádio, o som do motor... pousar o corpo em seu coração falante até o medo se dissolver na respiração - sobre a cabeça luz, paz e o canto dos passarinhos.  

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Reckless bear

Pare!

Ainda que cada gesto meu te diga 
"cale-se"
tome o que é seu
seja meu céu
sem pudor
atrase-me
pra que um belo dia
cheio de alegria
seu amor se espalhe em mim...


segunda-feira, 20 de julho de 2015

República Adoecida da Treta que Pariu

As ferramentas do meu blog estão cada vez mais restritas - menos a opção "nova postagem". Essa nunca falhou. Significa que quem quer que tenha invadido o meu espaço sabe que eu tenho muita coisa pra falar e que não consigo fazer isso em 40 minutos de terapia por semana. Uma outra coisa que tenho achado muito interessante é o fato de agora ele não estar mais exatamente acessível. Achei isso ruim no começo, mas agora, sem facebook nem whatzapp, essa inacessibilidade relativa caiu como uma luva no estilo de vida que decidi adotar. Não quero saber o que não vierem me contar e é isso - o tempo que gastaria tentando descobrir o furo na conduta de alguém que SE engana eu gasto escolhendo móveis pra minha casa nova, estudando novos projetos pessoais e profissionais, tocando com meus amigos, tricotando com minhas bffs e divagando sobre coisas que só fazem sentido pra mim e meia dúzia de pessoas. Tenho acompanhado umas conversas sobre a corrupção no governo, o trabalho escravo nas confecções das lojas grandes, o massacre da classe média, os crimes bárbaros realizados por menores e os argumentos contra a redução da maioridade penal, muito bem fundamentados. Bom, vamos lá. O governo é corrupto desde que o Brasil é Brasil, vamos combinar - o que mudou foi o acesso geral à informação + a união que faz a força via fb e twitter + a facada no peito chamada "votei no PT pensando na melhoria de vida das classes C e D e agora nem o fato de o nosso país ter saído da linha da miséria compensa a roubalheira generalizada que nos leva para o túmulo dia após dia". A própria situação de "bonança econômica" que ecoou nos últimos anos parece agora ter sido de fachada, tão fachada quanto a Serra do Curral, praticamente um cenário, cartão postal pros desavisados (desavisados, a Serra do Curral é uma meia serra, i.e., só existe na frente - atrás ela já foi toda destruída pelas mineradoras do nosso belo estado). Em relação ao trabalho escravo, também muito antigo, acho engraçado as pessoas se indignarem com isso e pagarem uma média de 2.000,00 para seu lindo filho estudar em uma escola bilíngue que paga ao seu professor 14 pilas (isso mesmo!) pela hora de trabalho, incluindo preparação de aula, provas e uma encheção de saco inacreditável que a coordenação chama de "controle de qualidade". Isso sem contar o carnaval que vira o horário do professor, que é obrigado a dar pelo menos 40% de disponibilidade a mais do que o número de horas de trabalho pretendidas e geralmente é presenteado com uma coleção de horários vagos que não permitem que ele faça outra coisa naquela hora além de ficar na escola, porque nem juntos eles são. Me impressiona ver, por exemplo, que eu tenho 15 anos de carreira e que tenho corrido atrás do meu lugar ao sol desde que eu me entendo por gente que trabalha, tudo pra contar moedas no final do mês e agradecer quando sobra qualquer trocado. Tem gente no meu país sem um terço da minha qualificação ou experiência que ganha cem vezes mais dinheiro explorando a falta de noção alheia. Sim, porque no Brasil as pessoas em geral têm a cultura patética de pagar pela embalagem - o produto que se exploda. Se todo mundo se consulta com a fulaninha nutricionista que cobra 300 mangos pelo atendimento, por que raios preciso saber se ela já trabalhou alguma vez na vida, se tem algum tipo de experiência prévia? Afinal, ela é jovem, bonita, educada, sorridente... e magra! É nessas horas que me pergunto se a classe média está mesmo perto da extinção. Até esse bando de babacas ser processado por inadimplência dou uns bons 10 aninhos pra continuarem comendo piaba e arrotando caviar. Já sobre a maioridade penal, acho que a questão faz um gancho com todo o resto e fecha meu raciocínio. Pensem comigo: a redução da maioridade penal é um erro, porque claramente os jovens do nosso país precisam de condições básicas para viverem com dignidade, como moradia, alimentação, saúde e educação de qualidade, oportunidades de emprego. Certo? Indubitavelmente! Mas analisemos um detalhe: estamos no Brasil, país em que nem a classe média tem acesso a tais condições. OK, então sejamos a favor dessa redução, porque, afinal, esses marginais só estão cometendo toda a sorte de crimes hediondos porque sabem que não há punição real pelos crimes que cometem - na verdade muitos deles são inclusive recompensados pelos mandantes, com dinheiro e proteção que não experimentariam em nenhum outro setor da sociedade. A questão é: se levarem o de 12, tem o de 11, o de 10 e o de 9 viciados em crack com uma arma na mão. Cadê as instituições públicas que acolhem dependentes químicos? Cadê a possibilidade de um menino desse estudar sem ter que pedir dinheiro no sinal? Cadê a comida dele na mesa? Cadê a roupa, os sapatos? Cadê o direito de escolha de quem nasceu nessa vida? O Brasil é o país do empurra-empurra, da batata quente que não vai queimar a minha mão; o Brasil é a terra da treta, da maracutaia, do jeitinho. Basta dar uma pesquisada no número de advogados por metro quadrado, ávidos por mais uma fatia desse bolo recheado de brechas com as quais nos presenteia o legislativo. Aqui é a terra do cada um por si, da ociosidade que gera renda (éééééééééé!), da desonestidade justificada, da falha fundamentada num histórico de canalhices sem dia e hora pra acabar. Mas pra que se exaltar com tudo isso? Bom mesmo é passar horas acompanhando as fofocas desse povo bonito, sarado, bronzeado, com muito dente e pouca roupa, rolando pelo seu feed de notícias. Curtiu? Que pena, aqui não tem like ;)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Non ho paura

Entrar aqui hoje, depois de tanto tempo, me encheu de medo. É como se eu estivesse visitando os escombros da minha história, como se meu esconderijo tivesse sido encontrado por alguma frente ditatorial reacionária e bombardeado até a próxima vida. Ainda consigo entrar, pensei por um breve segundo. E logo quis tomar mais uma página do único lugar em que me sinto segura e acolhida para compartilhar o meu medo. Que medo de viver! Pessoas e lugares passam por mim, notícias que eu não quero ler, coisas sobre as quais não me interessa saber porque quero que sobre espaço na minha cabeça pra sonhar, imaginar dias felizes em que eu trabalho com afinco e à noite tomo uma xícara de chá bem quente depois do banho, dias em que eu checo o saldo da minha conta bancária e sorrio ao concluir que vou conseguir pagar as minhas contas e ainda ter dinheiro pra tomar um picolé no domingo à tarde, dançar loucamente num sábado à noite ou simplesmente ver muitos filmes e comer várias coisas gostosas sem medo de engordar, sem medo de o fim de semana acabar e eu me sentir menos jovem por não estar por aí bebendo até o dia clarear. Corro atrás dos meus ideais, carrego no peito um amuleto pra me lembrar da minha fé insistente, da minha crença de que sou protegida e abençoada, que aprender é meu combustível pra ensinar... e ainda assim que medo de tudo! Medo de querer amar, de amar demais, de amar de menos, de falhar, de a cabeça não aguentar, de o corpo sucumbir, de não ganhar um abraço apertado e um beijo demorado ao final do dia, de ver de novo aquele filme ruim, de dar ouvidos àquela voz que por tantos anos me disse que eu não iria conseguir sozinha, que não ter a presença de um pai me tornaria eternamente frágil e dependente da boa vontade alheia, que sem ajuda não teria pra onde ir. Mas olha só onde eu estou, ora essa! Surfando em uma nuvem branca de paz e oportunidades, de sorte e possibilidades, de gana, grana contada que não tem cara de vaca magra, magra de viver, linda de sofrer e emergir da água fria com a mesma classe de uma garota fantástica dos anos 80 que eu acabo sendo ao sair do chuveiro! Nessa de tentar entender as pessoas a gente acaba se entendendo, se perdoando, se perdendo no meio de tantos e tantos sonhos que nos catam pelo braço e gritam: Aqui, você é aquela que sabe, a que quer aprender ou um saco de batata palha, que vai virar história em 5 minutos de strogonoff na mesa? Não é fácil andar pelos caminhos da sua ex-vida e catar os pedaços; não é fácil se reinventar preservando a essência da fé, do pensamento e do coração; não é fácil viver de um jeito que você não esperava, ser velha pra maioria das coisas, até pra planejar. Há quem diga que esse medo do desconhecido nos impulsiona a viver com intensidade, mas eu sou muito mulherzinha pra enfiar o pé na jaca sem pensar no amanhã. Pensamento de quem se banca sem se bastar, de quem aprende enquanto alguém espera que você possa ensinar, de quem não queria precisar de ninguém mas adora a companhia... Ah, mas o danado do medo... esse tá só me enchendo de medo mesmo, medo de que tudo se acabe e só me reste esse medo de crescer.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Mamma mia

Mamãe tem fotos minhas com bochechas gordinhas e cara amarrada - eu estava sempre brava ou pensativa, talvez porque ela sempre cortava meu cabelo Joãozinho e me vestia com roupas que eu achava que eram de menino. Mamãe dizia que era pro cabelo crescer forte e bonito quando chegasse a hora. Não economizava com material escolar porque sabia que eu amava os lápis, as borrachas, os estojos e os cadernos mais bonitos. Tinha aquelas caixas de 36 lápis de cor e achava que de um pra outro era uma diferença danada - mamãe fazia que sim com a cabeça. Íamos pra casa da vovó Fia e eu já tinha um lugar à mesa pra colocar minha pastinha e tirar de lá os livros de colorir da Moranguinho. Adorava desenhar roupas, minha vó achava que eu tinha talento e levava super a sério os meus desenhos - quase tanto a sério quanto eu. Mamãe ria. Eu olhava pra ela e ficava imaginando o que ela achava que eu ia ser. Até hoje ela lembra de umas coisas engraçadas que eu dizia (acho que eu era espirituosa, hihihi...) - conta os casos em detalhes (o do dia em que eu nasci ela conta pelo menos umas 4 vezes por ano). Mamãe tirava foto de cada momento meu ou nosso porque eu sou a filha mais velha. Me levou a tiracolo pra todos os lugares, e chorava quando ia trabalhar porque eu chorava e não queria que ela fosse. Quis que eu aprendesse a nadar, falar inglês e estudar nas melhores escolas. Mamãe vendeu as férias para que eu viajasse aos 15 anos. Escolheu o vestido mais bonito para o meu baile de debutantes e depois para minha formatura. Deu vários palpites que eu fingia ignorar no começo e acabava aceitando sem jeito mais tarde. Depois de tantos capítulos de várias cores e teores, mamãe ainda fica surpresa quando eu faço um agradinho. Mamãe faz tanto agradinho que até presente de dia dos professores ela me dá todo ano. Nas suas conjecturas arquitetônicas de outras vidas, mamãe criou uma casa pra mim dentro da casa dela. Não entendia por que ela brigava tanto comigo como se eu estivesse fazendo tudo errado, até descobrir que na verdade bem verdade mesmo ela só tinha certeza de que eu poderia fazer muito mais certo. Tem uma lupa no coração dela que me vê grande, capaz das maiores coisas, das mais bonitas. É só por isso que eu nunca desisto de tentar alcançá-las. Obrigada, mamãe, por sempre despertar o melhor em mim, por me mostrar que o que eu faço por você é muito pouco... por me ensinar de um jeito só seu o que é o amor!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Hide-and-seek

E eis que numa tarde quente de um dia comum sinto a sua falta e te procuro pelas páginas do meu computador desde sempre tão atarefado. Descubro um caminho secreto, um lado b, sinto-me inteligente ao encontrá-lo à minha espera e logo após me lembro que essa descoberta não partiu de mim. Alguém me ensinou a te encontrar tempos atrás, alguém que já me ensinou tanta coisa porque eu nunca deixei de pedir. E agora, descrevendo meus pensares por essa folha branca e tão familiar, penso na importância de nos expressarmos com liberdade, sem dor e sem exposição. Tenho andado distraída, cabeça ocupada por ideias mirabolantes, idealismos vários, pequenas vontades concretas de cuidar de mim, de fazer mais pelo meu corpo, de descansar meu coração e acarinhar a minha alma com sentimentos bons e atitudes sólidas, verdadeiras. Meus ombros já não pesam mais. Meu cansaço me abraça com um sorriso ao cair a madrugada - sorriso de dever cumprido, de proteção divina, de privilégio. Escolhi andar devagar, com a cabeça erguida e a mente quieta; em troca sou envolvida por essa paz de quem nunca se cansará de colher o que planta; aquela paz de alguém que experimenta a oportunidade de plantar com sabedoria, com fé, com amor... que conta com a sorte, com os bons amigos, com o tempero de cada novidade. Meu baú virtual, fiel escudeiro e guardião de tantas aventuras, foi invadido por alguém que não sabe o que faz. Ainda bem que eu soube o que fazer para abrigar em sua memória mais uma das minhas felizes descobertas. Sou finalmente dona de mim, meu caro amigo - jogo lixo no lixo, tenho o direito e o dever de ir e vir, como o que gosto, faço algo de bom por mim diariamente, leio muito, vou ao cinema quase sempre e trabalho com a alegria de quem vê em sua ocupação um belo propósito. Se alguma coisa doer, tomo um suco de açaí, como uma pizza de abobrinha ou me entrego a uma taça de morango com leite condensado. A vida tem dessas coisas bonitas, dessas coisas simples, dessas coisas que a gente não entende mas aprende a agradecer porque é o único caminho que nos faz bem. Em nome da minha liberdade consciente para expressar o que quer que caiba na área total da minha existência em meia dúzia ou meio mundo de palavras, agradeço ao meu doce e querido garrastazu...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Carta ao meu pai

Querido, muito querido papai,
O ano passado não foi nem um pouco fácil pra mim. Nem um pouco. Só agora estou começando a respirar com mais tranquilidade, mas não menos confusa em relação a tudo.
É difícil de explicar, mas parece que pela primeira vez eu consegui gostar de mim plenamente, pelo que eu sou. Pela primeira vez minhas escolhas e atitudes não ferem a ninguém - nem a mim mesma. Me entendo, me amo e me respeito, e gostaria muito de ter alguém do meu lado que sentisse o mesmo e não tivesse como meta principal me domar ou domesticar. Vejo que não me enquadro nos padrões sócio-convencionais, mas isso não me faz menos especial, respeitável ou boa, sabe?
Ontem tirei umas fotos da gaveta, umas de nós dois quando eu era bem pequena. Já te disse que você era o meu herói, e posso dizer que ainda é em uma porção de aspectos. Você é um exemplo de conduta, de honestidade, de compromisso e dedicação ao trabalho, e vejo em mim muitas coisas suas. O que eu aprendi nesses 35 anos de caminhada foi que a gente precisa dar sem pensar em receber - e dar em vida. Não estou sempre disponível nem sempre feliz, impecavelmente preparada para o dia-a-dia ou no caminho certo, mas estou aqui e meu coração tem um lugar bem grande que é só seu. Queria poder te ajudar mais, queria ainda ter condições de te proporcionar uma casa e uma vida confortáveis - depois de todos esses anos de trabalho árduo sem o reconhecimento que você buscou, é o mínimo que você merece. Talvez um dia Deus ache que eu mereça essa oportunidade. Até lá vou continuar trabalhando bastante e esperando pela possibilidade de construir uma família bonita, de te dar netos que você possa curtir muito por muitos anos.
Tenho altos e baixos, não gosto de telefone, não consigo me expressar bem muitas vezes e geralmente entendo tudo errado, mas te amo e fiquei feliz de verdade por você mais uma vez em todos esses anos não ter se esquecido de mim nem do meu aniversário. Tem um elefantinho aqui que comprei pra você há muito tempo de presente, pra atrair prosperidade. Te entrego quando puder.
A fé, o amor incondicional e a capacidade de perdoar ao invés de julgar são os três pilares nos quais devemos nos apoiar, pai. Hoje e sempre.

Um beijo da sua filha que se orgulha muito disso,

Érika

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Doe a quem doar

As pessoas de forma geral entendem que cortesia e gentileza dentro de casa são itens opcionais no cardápio do dia-a-dia. Atenção: não é uma boa ideia ser gentil e cortês em família - é uma regra. Por muitos anos compartilhei a vida com um cara que bancava todos os sonhos dos pais. Em outras palavras, se a mãe dele ligasse às 5 da manhã pedindo pra ele capinar o jardim e construir uma piscina no lugar, lá estava ele. Voltava no fim da tarde sujo, suado, mãos escalavradas, sorriso no rosto e muitas novidades. Estranho seria se eu quisesse por uma semana sequer me relacionar com alguém diferente. Tem muita gente achando que trata os pais e irmãos com carinho sem bancar os sonhos, sem colocar a mão na massa. Dá um beijinho na testa no fim de semana, agradece na frente dos amigos pelo exemplo de bravura e superação... e está sempre muito ocupado para ouvir, para ajudar. É o momento de construir um império, você pensa com seus botões. É a forma de compensar o esforço dos velhos, você se justifica e conclui com seriedade e certeza que ter condições materiais para, entre outras coisas, ampará-los durante a velhice vai compensar a sua ausência ou o fato de você tê-los taken for granted (essa expressão inclusive é tão boa no que ela quer dizer que ainda não consegui achar um correspondente à altura na nossa língua). Se você negligencia ou destrata seus pais POR QUALQUER MOTIVO, ainda existem coisas bem grandes pra serem revistas aí dentro. Coisas de você com você. Fazer trabalhos voluntários e não arrumar a própria cama, carregar quilos de alimentos não perecíveis pela estrada afora e deixar que sua mãe carregue as compras do supermercado não é coerente. Visitar velhinhos doentes e deixar que seu pai envelheça sem cuidado ou afeto em um lugar que não te interessa é, no mínimo, intrigante. Aprendi um dia que quando se aponta um dedo para alguém, os outros quatro estão apontados pra você. Ainda assim, agora, do alto dos meus 35 verões, saio na rua e vejo uma preocupação tão exacerbada com o EU que me enjoa. É necessário que se entenda que sim, todo mundo que tem dinheiro é bonito hoje. Os procedimentos estéticos e recursos da cosmética atual têm homogeneizado a pele, o cabelo, peitos, bunda, pernas, braços, sorrisos. As roupas têm insistido em mostrar mais até do que se espera ver. Perde-se, assim, o espaço para a imaginação, a cortesia, o amor gentil, a vontade de conhecer, de caminhar rumo à intimidade sem pressa, de ser ao invés de estar. Hoje as pessoas se conhecem e se curtem por foto; hoje foto é tirada de qualquer jeito em qualquer lugar. Online todo mundo tem assunto, tem coragem, tem frases feitas pra tirar do bolso. O especial pede passagem sem sucesso... Já tem livro ensinando a arte da conquista e as pessoas compram sem nem parar pra pensar que a conexão que se pauta no estético, no efêmero, na estratégia dificilmente levará a um encontro de almas, de valores, de transparência e tranquilidade afetiva. Que nesse ano que se inicia tenhamos saúde para organizarmos o tempo de um jeito que possamos compreender o que realmente gostaríamos de receber. Só assim poderemos nos doar de forma pura, leve, indolor e linda de tão singular.