domingo, 31 de maio de 2009

Capítulo 15: Os homens

Gente, senti que tinha que dividir com vocês algumas impressões importantes, até mesmo para que vocês me ajudem a entender se o problema é meu ou nosso...
Como vocês sabem, em Londres há todo o tipo de pessoas, de todos os lugares do mundo - todos mesmo, impressionante -, o que significa que de leigo a antropólogo, todo mundo faz a festa em se tratando de sacar o outro. Como convivi com alguns caras bem diferentes, acabei percebendo alguns traços marcantes de acordo com a nacionalidade, e tentarei (na cara de pau mesmo, de forma xula, grosseira e tendo como base menos de meia dúzia de pessoas de cada país para ilustrar) descrevê-los pra que vocês tenham uma idéia.
Os italianos têm um estilo romântico meio cafa, daqueles que têm namorada e te amam, que dão o braço para que duas moças dependurem simultaneamente, que mandam beijos pelos corredores e não abrem mão de uma peça sequer da sua coleção de suspiros. Todas as mulheres são lindas, e com isso eles acabam se tornando bastante populares. Os franceses acham que toda mulher é puta até que se prove o contrário. São muito críticos e exigem muito da figura feminina: a mulher tem que ser linda, lânguida, esbelta, ter classe, falar de um jeito, comer de um jeito, ser inteligente, moderna, natural... enfim, eles querem um cara que nem eles e têm vergonha de admitir. (Só um parêntese: um amigo meu há muitos anos me disse na escola que tinha descoberto a teoria para explicar porque os caras mais bonitos e interessantes eram gays - simplesmente porque eles se olhavam no espelho e não queriam ninguém abaixo daquela referência! Pensando nos franceses, acho que faz sentido...). Os alemães e russos são de maneira geral tímidos, e são muito prestativos, observadores e interessados no seu assunto para demonstrar que você é interessante. Têm uns que ficam olhando fixamente, mas de um jeito meio puro, quase como se achassem que ninguém mais está vendo. Os espanhóis procuram a mulher com os olhos, propositalmente, e quando os olhos se encontram, é como se eles tirassem a roupa da pessoa só com o olhar. Chocante - quando eu vi isso entendi a expressão "comer alguém com os olhos". Aí eles olham (o único olhar quente que eu já vi, literalmente), a pessoa treme, e quando eles percebem isso, vão embora ou se apresentam amigavelmente, trocam meia dúzia de palavras agradáveis e saem de campo - se realmente estiverem interessados, eles acabam achando uma forma de reencontrar a pessoa e seguem esse ritual outras vezes, até a mulher ficar mole e cair certinho nos braços deles. Os ingleses são meio secos, não elogiam, não cantam, não se declaram, e se você gostar de um tem que fazer tudo, desde "oi, tudo bem" até "me dá seu telefone pra gente sair". O bom é que parece que se eles estão interessados, essa investida geralmente dá certo. Uma coisa que me incomodou foi perceber que socializar não faz diferença pra eles. Se você também não falar nada, eles vão embora e pronto. O pessoal do Sri Lanka é brincalhão entre si, mas eles não se abrem para pessoas diferentes de uma forma geral, principalmente se a pessoa for mulher. Não conheço a cultura deles, mas vi que eles levam o casamento super a sério (não olham pro lado mesmo), diferente dos argelianos, que são até meio parecidos com a gente - mais calorosos, mais receptivos, querem ajudar e até falam para pessoas próximas que se não fossem casados, você seria o tipo de garota com quem sairiam (o que mostra que são bem metidos também, nem pensam na possibilidade de você não querer sair com eles). Os indianos fazem muita piadinha, mas só se relacionam com pessoas indianas. Eles preservam a tradição a todo custo, e acho que deve ser assim em qualquer lugar do mundo. Fui a uma festa indiana e vi que as panelinhas são bem fechadas. Os paquistaneses andam cheios de ouro, até pra ir à padaria. São muito vaidosos e puxam papo de leve, mas também têm uma tradição muito forte a seguir, e, como os indianos, devem se casar com pessoas do círculo deles. Os coreanos são péssimos, parece que foram tirados de um mangá ou de um episódio do Jaspion - bem magrelinhos, cabelinho estilo emo, com roupas e acessórios brilhantes e bem coloridos, mochila verde limão, tênis rosa choque, esse tipo de coisa. Os búlgaros são super híper mega carinhosos, atenciosos e receptivos. Tornam-se seus amigos porque você é legal e pronto, sem frescura, afetação ou segundas intenções. Se você fica doente, são os primeiros a procurar saber como você está indo. São sorridentes e bem divertidos. Os poloneses chegam junto, gostam de jogar e fazem piadinhas até a pessoa ficar sem graça, mas apelam facilmente se você resolve jogar com eles e devolver as piadinhas. Se não sabe brincar, saia já do parquinho, né não? Os irlandeses enchem a lata e já vêm querendo tirar uma casquinha, os portugueses são pós-doutores na arte da malandragem e os suíços não rendem assunto.
Depois de todo esse apanhado, vêm os brasileiros - muito mais especificamente os belo-horizontinos. GENTE, COMO ASSIM? OS CARAS DE BH SIMPLESMENTE SE ACHAM!!! Como Deus pôde colocar as mulheres mais bonitas do Brasil juntas numa cidade com menos da metade do número de homens? Olha a seleção natural de Darwin dando o grito! Que isso, os caras aqui tão tirando uma onda que não dá pra acreditar. Se são legais, são feinhos; se são malhados, são ocos; se são gatos, são ordinários e/ou não têm perspectiva alguma; se são inteligentes, são feios e/ou chatos; se são divertidos, viram nossos amigos; se são bonitos, legais e inteligentes, SÃO GAYS! É incrível o tanto de mulheres interessantes, batalhadoras, lindas, inteligentes e auto-confiantes que ou se agarram ao "antes só do que mal acompanhada" enquanto podem ou saem à noite e terminam nos braços de um figura desses só pra não ficar no zero a zero. Não é à toa que a mulher belo-horizontina tá virando o homem da relação - como esperar pra ser a mulher de uma relação em que o homem fala em almas gêmeas (uns mandam até flores) só pra afogar o ganso, tirar ele da água e ir nadar em outro laguinho? O número de lésbicas também tem aumentado, e elas devem estar bem felizes... Só queria deixar claro que a culpa do estado do mercado masculino atual é total e completamente das mulheres de BH. Se elas não apelassem tanto, os homens seriam compelidos a adquirir um pouco mais de substância. Com uma mulher que parece sempre ter sonhado em ser a outra, uma pra pagar a conta do motel, uma pra ligar avisando que está na porta sem roupa de baixo, uma pra sequestrar na porta do trabalho e devolver só depois de estudar todas as páginas do Kama Sutra, uma pra qualquer hora e em qualquer lugar, todas saradas, lindas e bem-resolvidas, no auê "eu não tô fazendo nada, você também", sem pressão... ah, até eu que sou mais boba, uai! Toma tento, mulherada, senão os árabes vão ter que abrir uns cursinhos aqui pra ensinar poligamia!
PS: Os fatos acima descritos são de caráter ficcional e se destinam unicamente a fins de entretenimento. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Capítulo 15: Os homens

Gente, senti que tinha que dividir com vocês algumas impressões importantes, até mesmo para que vocês me ajudem a entender se o problema é meu ou nosso...
Como vocês sabem, em Londres há todo o tipo de pessoas, de todos os lugares do mundo - todos mesmo, impressionante -, o que significa que de leigo a antropólogo, todo mundo faz a festa em se tratando de sacar o outro. Como convivi com alguns caras bem diferentes, acabei percebendo alguns traços marcantes de acordo com a nacionalidade, e tentarei (na cara de pau mesmo, de forma xula, grosseira e tendo como base menos de meia dúzia de pessoas de cada país para ilustrar) descrevê-los pra que vocês tenham uma idéia.
Os italianos têm um estilo romântico meio cafa, daqueles que têm namorada e te amam, que dão o braço para que duas moças dependurem simultaneamente, que mandam beijos pelos corredores e não abrem mão de uma peça sequer da sua coleção de suspiros. Todas as mulheres são lindas, e com isso eles acabam se tornando bastante populares. Os franceses acham que toda mulher é puta até que se prove o contrário. São muito críticos e exigem muito da figura feminina: a mulher tem que ser linda, lânguida, esbelta, ter classe, falar de um jeito, comer de um jeito, ser inteligente, moderna, natural... enfim, eles querem um cara que nem eles e têm vergonha de admitir. (Só um parêntese: um amigo meu há muitos anos me disse na escola que tinha descoberto a teoria para explicar porque os caras mais bonitos e interessantes eram gays - simplesmente porque eles se olhavam no espelho e não queriam ninguém abaixo daquela referência! Pensando nos franceses, acho que faz sentido...). Os alemães e russos são de maneira geral tímidos, e são muito prestativos, observadores e interessados no seu assunto para demonstrar que você é interessante. Têm uns que ficam olhando fixamente, mas de um jeito meio puro, quase como se achassem que ninguém mais está vendo. Os espanhóis procuram a mulher com os olhos, propositalmente, e quando os olhos se encontram, é como se eles tirassem a roupa da pessoa só com o olhar. Chocante - quando eu vi isso entendi a expressão "comer alguém com os olhos". Aí eles olham (o único olhar quente que eu já vi, literalmente), a pessoa treme, e quando eles percebem isso, vão embora ou se apresentam amigavelmente, trocam meia dúzia de palavras agradáveis e saem de campo - se realmente estiverem interessados, eles acabam achando uma forma de reencontrar a pessoa e seguem esse ritual outras vezes, até a mulher ficar mole e cair certinho nos braços deles. Os ingleses são meio secos, não elogiam, não cantam, não se declaram, e se você gostar de um tem que fazer tudo, desde "oi, tudo bem" até "me dá seu telefone pra gente sair". O bom é que parece que se eles estão interessados, essa investida geralmente dá certo. Uma coisa que me incomodou foi perceber que socializar não faz diferença pra eles. Se você também não falar nada, eles vão embora e pronto. O pessoal do Sri Lanka é brincalhão entre si, mas eles não se abrem para pessoas diferentes de uma forma geral, principalmente se a pessoa for mulher. Não conheço a cultura deles, mas vi que eles levam o casamento super a sério (não olham pro lado mesmo), diferente dos argelianos, que são até meio parecidos com a gente - mais calorosos, mais receptivos, querem ajudar e até falam para pessoas próximas que se não fossem casados, você seria o tipo de garota com quem sairiam (o que mostra que são bem metidos também, nem pensam na possibilidade de você não querer sair com eles). Os indianos fazem muita piadinha, mas só se relacionam com pessoas indianas. Eles preservam a tradição a todo custo, e acho que deve ser assim em qualquer lugar do mundo. Fui a uma festa indiana e vi que as panelinhas são bem fechadas. Os paquistaneses andam cheios de ouro, até pra ir à padaria. São muito vaidosos e puxam papo de leve, mas também têm uma tradição muito forte a seguir, e, como os indianos, devem se casar com pessoas do círculo deles. Os coreanos são péssimos, parece que foram tirados de um mangá ou de um episódio do Jaspion - bem magrelinhos, cabelinho estilo emo, com roupas e acessórios brilhantes e bem coloridos, mochila verde limão, tênis rosa choque, esse tipo de coisa. Os búlgaros são super híper mega carinhosos, atenciosos e receptivos. Tornam-se seus amigos porque você é legal e pronto, sem frescura, afetação ou segundas intenções. Se você fica doente, são os primeiros a procurar saber como você está indo. São sorridentes e bem divertidos. Os poloneses chegam junto, gostam de jogar e fazem piadinhas até a pessoa ficar sem graça, mas apelam facilmente se você resolve jogar com eles e devolver as piadinhas. Se não sabe brincar, saia já do parquinho, né não? Os irlandeses enchem a lata e já vêm querendo tirar uma casquinha, os portugueses são pós-doutores na arte da malandragem e os suíços não rendem assunto.
Depois de todo esse apanhado, vêm os brasileiros - muito mais especificamente os belo-horizontinos. GENTE, COMO ASSIM? OS CARAS DE BH SIMPLESMENTE SE ACHAM!!! Como Deus pôde colocar as mulheres mais bonitas do Brasil juntas numa cidade com menos da metade do número de homens? Olha a seleção natural de Darwin dando o grito! Que isso, os caras aqui tão tirando uma onda que não dá pra acreditar. Se são legais, são feinhos; se são malhados, são ocos; se são gatos, são ordinários e/ou não têm perspectiva alguma; se são inteligentes, são feios e/ou chatos; se são divertidos, viram nossos amigos; se são bonitos, legais e inteligentes, SÃO GAYS! É incrível o tanto de mulheres interessantes, batalhadoras, lindas, inteligentes e auto-confiantes que ou se agarram ao "antes só do que mal acompanhada" enquanto podem ou saem à noite e terminam nos braços de um figura desses só pra não ficar no zero a zero. Não é à toa que a mulher belo-horizontina tá virando o homem da relação - como esperar pra ser a mulher de uma relação em que o homem fala em almas gêmeas (uns mandam até flores) só pra afogar o ganso, tirar ele da água e ir nadar em outro laguinho? O número de lésbicas também tem aumentado, e elas devem estar bem felizes... Só queria deixar claro que a culpa do estado do mercado masculino atual é total e completamente das mulheres de BH. Se elas não apelassem tanto, os homens seriam compelidos a adquirir um pouco mais de substância. Com uma mulher que parece sempre ter sonhado em ser a outra, uma pra pagar a conta do motel, uma pra ligar avisando que está na porta sem roupa de baixo, uma pra sequestrar na porta do trabalho e devolver só depois de estudar todas as páginas do Kama Sutra, uma pra qualquer hora e em qualquer lugar, todas saradas, lindas e bem-resolvidas, no auê "eu não tô fazendo nada, você também", sem pressão... ah, até eu que sou mais boba, uai! Toma tento, mulherada, senão os árabes vão ter que abrir uns cursinhos aqui pra ensinar poligamia!
PS: Os fatos acima descritos são de caráter ficcional e se destinam unicamente a fins de entretenimento. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Viagem ao centro da Terra

É tão interessante dar a volta ao mundo e vir parar no mesmo lugar... atravessar um mar de anseios, cordilheiras de expectativas, muralhas de dúvidas e dar com a cara na porta do seu quarto - lugar-comum de todos aqueles que só acreditam vendo, e que pagam pra ver... Tudo tem seu preço, e é nessa viagem interior que a gente se dá conta, entre outras coisas, do quanto somos idiotas.

Viagem ao centro da Terra

É tão interessante dar a volta ao mundo e vir parar no mesmo lugar... atravessar um mar de anseios, cordilheiras de expectativas, muralhas de dúvidas e dar com a cara na porta do seu quarto - lugar-comum de todos aqueles que só acreditam vendo, e que pagam pra ver... Tudo tem seu preço, e é nessa viagem interior que a gente se dá conta, entre outras coisas, do quanto somos idiotas.

domingo, 17 de maio de 2009

Hope

I hope one day people stop getting sick, stop spreading evil around, start having some perspective, start questioning themselves about life and death, keep going with their head up, stop spinning like a ballerina who has no passion for dance, stop singing songs they do not like, start buying healthy food and doing exercise regardless the latest fashion, open up their hearts to love again, and again and again, no matter the risk, no matter the pain. I hope one day people decide to abandon their fucking boring and predictable lives and dare to dive into the unknown. I hope one day people can start a revolution from deep inside.

Hope

I hope one day people stop getting sick, stop spreading evil around, start having some perspective, start questioning themselves about life and death, keep going with their head up, stop spinning like a ballerina who has no passion for dance, stop singing songs they do not like, start buying healthy food and doing exercise regardless the latest fashion, open up their hearts to love again, and again and again, no matter the risk, no matter the pain. I hope one day people decide to abandon their fucking boring and predictable lives and dare to dive into the unknown. I hope one day people can start a revolution from deep inside.

domingo, 10 de maio de 2009

Aparte

Hoje eu estava procurando a expressão "à parte" no Google para confirmar se a crase era realmente necessária. Encontrei um site com a diferença entre à parte e aparte, e resolvi entrar e conferir. Achei muito engraçado ser reintroduzida a essa palavra, aparte, porque ela apareceu na minha vida há anos e sumiu. Aparte é o mesmo que comentário, interrupção ou observação, mas o mais interessante foi o exemplo usado: Os apartes dele são sempre muito inconvenientes. Genial!!! Pensem em quantas pessoas vocês conhecem cujos apartes são sempre muito inconvenientes... várias, não é verdade? Por que será que tanta gente atropela o bom senso e perde aquela preciosa oportunidade de ficar calada? Quantos apartes infelizes já presenciamos... Algumas pessoas parecem ter nascido com a missão de produzir apartes destemperados, desagradáveis, completamente fora de órbita, e mesmo se você resolve sair daquela posição super confortável - de ignorar na hora pra falar mal depois - e se propõe a dar aquela mini-aula de noção da realidade pro Joselito, não adianta nada. Bom senso é igual a bom gosto: ou você tem, ou não tem, e não há dinheiro no mundo que compre (Carla Perez é prova viva!). Por isso eu prefiro ficar calada e analisar os apartes posteriormente com calma - e muitas risadas, porque tem-se que rir pra não chorar - em companhia de uma das testemunhas, ou de uma amiga com a mesma perspicácia. Apartes muito inconvenientes são realmente muito inconvenientes, mas, cá entre nós, sem apartes muito inconvenientes, a vida jamais teria a mesma graça... Deus, livrai-nos do Mala Man!

Aparte

Hoje eu estava procurando a expressão "à parte" no Google para confirmar se a crase era realmente necessária. Encontrei um site com a diferença entre à parte e aparte, e resolvi entrar e conferir. Achei muito engraçado ser reintroduzida a essa palavra, aparte, porque ela apareceu na minha vida há anos e sumiu. Aparte é o mesmo que comentário, interrupção ou observação, mas o mais interessante foi o exemplo usado: Os apartes dele são sempre muito inconvenientes. Genial!!! Pensem em quantas pessoas vocês conhecem cujos apartes são sempre muito inconvenientes... várias, não é verdade? Por que será que tanta gente atropela o bom senso e perde aquela preciosa oportunidade de ficar calada? Quantos apartes infelizes já presenciamos... Algumas pessoas parecem ter nascido com a missão de produzir apartes destemperados, desagradáveis, completamente fora de órbita, e mesmo se você resolve sair daquela posição super confortável - de ignorar na hora pra falar mal depois - e se propõe a dar aquela mini-aula de noção da realidade pro Joselito, não adianta nada. Bom senso é igual a bom gosto: ou você tem, ou não tem, e não há dinheiro no mundo que compre (Carla Perez é prova viva!). Por isso eu prefiro ficar calada e analisar os apartes posteriormente com calma - e muitas risadas, porque tem-se que rir pra não chorar - em companhia de uma das testemunhas, ou de uma amiga com a mesma perspicácia. Apartes muito inconvenientes são realmente muito inconvenientes, mas, cá entre nós, sem apartes muito inconvenientes, a vida jamais teria a mesma graça... Deus, livrai-nos do Mala Man!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

In between

Minha mãe é super família. Sempre liga no aniversário, sempre liga pra conversar fiado, sempre está lá por qualquer ente necessitado. Meu pai é super anti-família. Quando eu tinha nove anos, ele se separou da minha mãe e de alguma maneira achou que isso significava separar-se de tudo que tinha ficado com ela - inclusive eu e minhas irmãs. Liga daquele jeito, encontra daquele jeito. Seus irmãos, nossos padrinhos, entenderam da mesma maneira e também separaram-se da gente, de maneira a nem ligar pra dar feliz aniversário. Eu cresci... e fiquei no meio. Não gosto de muita confusão, considero a família paterna um sistema solar desconhecido, com o qual estabeleci contato há anos-luz, e ficou por isso. Gosto da família da minha mãe, mas só tenho contato mesmo com a "familinha": meus avós, minhas tias e meu primo preferido, Bruno, que sempre aparece.
Minha mãe é a pessoa mais sociável desse planeta. É sempre amor à primeira vista: ela conversa com todo mundo, conta casos, morre de rir e arrecada milhões de fãs a cada parada. Faz tudo pelos amigos, é capaz de se compadecer, rir e chorar com cada um deles, e tem um poder de perdoar os outros que daria inveja a Jesus Cristo. Meu pai é bem anti-social: aquele vozeirão, misturado à pose de deputado recém-eleito, acabam afastando as pessoas -ou pelo menos fazendo com que os que animam a fazer-lhe companhia falem mal dele pelas costas, talvez pela ameaça que a figura dele representa, talvez pela aparente falta de simpatia - aparente, porque ele consegue ser um cara ironicamente simpático, sarcasticamente divertido. Eu sou sociável e bem sem-noção ao mesmo tempo. Tenho muitos amigos, mas pouquíssimos verdadeiros, odeio telefone e adoro uma cerveja, o que me torna aparentemente um ser de muitos amigos, mas realmente de poucos fãs (amigos que gostam de vc quando está chovendo também).
Minha mãe adora uma novela, e meu pai adora reclamar da vida e dos outros. O choro da minha mãe assistindo a qualquer evento patético da novela das oito contrasta drasticamente com a acidez do meu pai quando ele resolve dizer que tudo é ridículo, péssimo, que as pessoas são basicamente um bando de bossais querendo seu lugar ao sol. Minha mãe cantava Trio Parada Dura e meu pai se vestia como John Lennon. Quando eles se separaram e foram dividir os discos, dava pra ver nitidamente de quem era o Milionário e José Rico e o Animals do Pink Floyd. Eu fiquei assim, gosto de Bob Dylan e de forró, elogio e critico as pessoas quase na mesma proporção. Me emociono assistindo a um episódio do Chaves - aqueles em que ele sai da vila me cortam o coração - e acho a televisão de massa simplesmente uma merda (gosto, sim, de um bom filme). Já virou um hábito falar mal de pessoas que eu não conheço - sabe essas figuras que aparecem na rua e só dá pra imaginar "De que nave veio essa criatura?"? Volta pra Urano, filho de Deus...
Minha mãe se compadece de todo e qualquer ser vivente; meu pai ignora a existência de qualquer ser vivente que não seja ele ou sua rainha perpétua. E do cruzamento entre Madre Tereza e Jô Soares, nasce uma menina bem mal-humorada, que gosta tanto de uns quanto ignora os outros. Que fique bem claro, isso não é um exercício, é apenas um fato. Sou uma ótima amiga para meus amigos, uma ótima companheira para os butequeiros, e um ser à parte pra quem está longe do meu alcance. Ligo, mas não vou, falo, mas não ligo, abraço, mas não procuro. Penso tanto que não dá tempo...
Não sei se poderia ser de outra forma, nem se eu gostaria que fosse diferente. Não sei se agradeço ou me penitencio. Mas na real? Creio que tudo isso acaba por me tornar um ser no mínimo divertido... Ia até mandar um palavrão, mas o Ultraje a Rigor faz isso bem melhor!

In between

Minha mãe é super família. Sempre liga no aniversário, sempre liga pra conversar fiado, sempre está lá por qualquer ente necessitado. Meu pai é super anti-família. Quando eu tinha nove anos, ele se separou da minha mãe e de alguma maneira achou que isso significava separar-se de tudo que tinha ficado com ela - inclusive eu e minhas irmãs. Liga daquele jeito, encontra daquele jeito. Seus irmãos, nossos padrinhos, entenderam da mesma maneira e também separaram-se da gente, de maneira a nem ligar pra dar feliz aniversário. Eu cresci... e fiquei no meio. Não gosto de muita confusão, considero a família paterna um sistema solar desconhecido, com o qual estabeleci contato há anos-luz, e ficou por isso. Gosto da família da minha mãe, mas só tenho contato mesmo com a "familinha": meus avós, minhas tias e meu primo preferido, Bruno, que sempre aparece.
Minha mãe é a pessoa mais sociável desse planeta. É sempre amor à primeira vista: ela conversa com todo mundo, conta casos, morre de rir e arrecada milhões de fãs a cada parada. Faz tudo pelos amigos, é capaz de se compadecer, rir e chorar com cada um deles, e tem um poder de perdoar os outros que daria inveja a Jesus Cristo. Meu pai é bem anti-social: aquele vozeirão, misturado à pose de deputado recém-eleito, acabam afastando as pessoas -ou pelo menos fazendo com que os que animam a fazer-lhe companhia falem mal dele pelas costas, talvez pela ameaça que a figura dele representa, talvez pela aparente falta de simpatia - aparente, porque ele consegue ser um cara ironicamente simpático, sarcasticamente divertido. Eu sou sociável e bem sem-noção ao mesmo tempo. Tenho muitos amigos, mas pouquíssimos verdadeiros, odeio telefone e adoro uma cerveja, o que me torna aparentemente um ser de muitos amigos, mas realmente de poucos fãs (amigos que gostam de vc quando está chovendo também).
Minha mãe adora uma novela, e meu pai adora reclamar da vida e dos outros. O choro da minha mãe assistindo a qualquer evento patético da novela das oito contrasta drasticamente com a acidez do meu pai quando ele resolve dizer que tudo é ridículo, péssimo, que as pessoas são basicamente um bando de bossais querendo seu lugar ao sol. Minha mãe cantava Trio Parada Dura e meu pai se vestia como John Lennon. Quando eles se separaram e foram dividir os discos, dava pra ver nitidamente de quem era o Milionário e José Rico e o Animals do Pink Floyd. Eu fiquei assim, gosto de Bob Dylan e de forró, elogio e critico as pessoas quase na mesma proporção. Me emociono assistindo a um episódio do Chaves - aqueles em que ele sai da vila me cortam o coração - e acho a televisão de massa simplesmente uma merda (gosto, sim, de um bom filme). Já virou um hábito falar mal de pessoas que eu não conheço - sabe essas figuras que aparecem na rua e só dá pra imaginar "De que nave veio essa criatura?"? Volta pra Urano, filho de Deus...
Minha mãe se compadece de todo e qualquer ser vivente; meu pai ignora a existência de qualquer ser vivente que não seja ele ou sua rainha perpétua. E do cruzamento entre Madre Tereza e Jô Soares, nasce uma menina bem mal-humorada, que gosta tanto de uns quanto ignora os outros. Que fique bem claro, isso não é um exercício, é apenas um fato. Sou uma ótima amiga para meus amigos, uma ótima companheira para os butequeiros, e um ser à parte pra quem está longe do meu alcance. Ligo, mas não vou, falo, mas não ligo, abraço, mas não procuro. Penso tanto que não dá tempo...
Não sei se poderia ser de outra forma, nem se eu gostaria que fosse diferente. Não sei se agradeço ou me penitencio. Mas na real? Creio que tudo isso acaba por me tornar um ser no mínimo divertido... Ia até mandar um palavrão, mas o Ultraje a Rigor faz isso bem melhor!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Labirinto

Um dia eu acordei meio desconfortável. Senti como se estivesse presa. Olhei para todos os lados e percebi que havia uma bolha ao redor de mim. A princípio, ri sozinha. O que será isso, pensei. Ri mais um pouco, e cinco minutos depois comecei a ficar meio nervosa. Toquei nas paredes da bolha que me envolvia e não consegui sentir a textura. Tentei ficar em pé, mas não podia. Gritei, mas ninguém me ouvia. Considerando meu humor cítrico, seria difícil topar com algum visitante àquela hora. Pronto. Não conseguia ficar em pé, meus movimentos eram limitados, o ar ao meu redor ia sumindo e as pessoas pareciam pertencer a outra dimensão que não a minha, parecia algo surreal. Tentei rolar para um lado, mas me ralei toda pela absoluta falta de coordenação. Quis chorar, mas percebi que meu choro abafaria tudo lá dentro, e evaporaria qualquer idéia mais coerente. Pensei, pensei, pensei muito. Pensei que ficar dentro da bolha poderia ser bom, já que eu estaria protegida dos males do mundo. Não seria mais um pedaço de carnes jogado aos urubus, seria bem cuidada, observada, adorada. Me questionei ao mesmo tempo se a vida poderia ser resumida àquilo - receber o que vem de fora, e ser simplesmente incapaz de oferecer algo em troca. O ar começou a faltar, meu choro começou a vir e eu deixei a falta de sentido roubar a cena, sem saber o que viria a seguir. Acordei com a mão no bolso instantes depois, e descobri que dentro dele havia dois clips. Desdobrei um deles e, com muito esforço e pesar, estourei a bolha. Ela caiu como uma pelanca de sonhos verdes em cima da minha cabeça, pesada, molhada e indisposta. Com o outro, fiz uma chave sem cópia para meu labirinto, e ainda espero resposta...

Labirinto

Um dia eu acordei meio desconfortável. Senti como se estivesse presa. Olhei para todos os lados e percebi que havia uma bolha ao redor de mim. A princípio, ri sozinha. O que será isso, pensei. Ri mais um pouco, e cinco minutos depois comecei a ficar meio nervosa. Toquei nas paredes da bolha que me envolvia e não consegui sentir a textura. Tentei ficar em pé, mas não podia. Gritei, mas ninguém me ouvia. Considerando meu humor cítrico, seria difícil topar com algum visitante àquela hora. Pronto. Não conseguia ficar em pé, meus movimentos eram limitados, o ar ao meu redor ia sumindo e as pessoas pareciam pertencer a outra dimensão que não a minha, parecia algo surreal. Tentei rolar para um lado, mas me ralei toda pela absoluta falta de coordenação. Quis chorar, mas percebi que meu choro abafaria tudo lá dentro, e evaporaria qualquer idéia mais coerente. Pensei, pensei, pensei muito. Pensei que ficar dentro da bolha poderia ser bom, já que eu estaria protegida dos males do mundo. Não seria mais um pedaço de carnes jogado aos urubus, seria bem cuidada, observada, adorada. Me questionei ao mesmo tempo se a vida poderia ser resumida àquilo - receber o que vem de fora, e ser simplesmente incapaz de oferecer algo em troca. O ar começou a faltar, meu choro começou a vir e eu deixei a falta de sentido roubar a cena, sem saber o que viria a seguir. Acordei com a mão no bolso instantes depois, e descobri que dentro dele havia dois clips. Desdobrei um deles e, com muito esforço e pesar, estourei a bolha. Ela caiu como uma pelanca de sonhos verdes em cima da minha cabeça, pesada, molhada e indisposta. Com o outro, fiz uma chave sem cópia para meu labirinto, e ainda espero resposta...

sábado, 2 de maio de 2009

Ai... o que dói mais, certeza ou indecisão?
Ai... o que dói mais, certeza ou indecisão?