quarta-feira, 29 de julho de 2015

Reckless bear

Pare!

Ainda que cada gesto meu te diga 
"cale-se"
tome o que é seu
seja meu céu
sem pudor
atrase-me
pra que um belo dia
cheio de alegria
seu amor se espalhe em mim...


segunda-feira, 20 de julho de 2015

República Adoecida da Treta que Pariu

As ferramentas do meu blog estão cada vez mais restritas - menos a opção "nova postagem". Essa nunca falhou. Significa que quem quer que tenha invadido o meu espaço sabe que eu tenho muita coisa pra falar e que não consigo fazer isso em 40 minutos de terapia por semana. Uma outra coisa que tenho achado muito interessante é o fato de agora ele não estar mais exatamente acessível. Achei isso ruim no começo, mas agora, sem facebook nem whatzapp, essa inacessibilidade relativa caiu como uma luva no estilo de vida que decidi adotar. Não quero saber o que não vierem me contar e é isso - o tempo que gastaria tentando descobrir o furo na conduta de alguém que SE engana eu gasto escolhendo móveis pra minha casa nova, estudando novos projetos pessoais e profissionais, tocando com meus amigos, tricotando com minhas bffs e divagando sobre coisas que só fazem sentido pra mim e meia dúzia de pessoas. Tenho acompanhado umas conversas sobre a corrupção no governo, o trabalho escravo nas confecções das lojas grandes, o massacre da classe média, os crimes bárbaros realizados por menores e os argumentos contra a redução da maioridade penal, muito bem fundamentados. Bom, vamos lá. O governo é corrupto desde que o Brasil é Brasil, vamos combinar - o que mudou foi o acesso geral à informação + a união que faz a força via fb e twitter + a facada no peito chamada "votei no PT pensando na melhoria de vida das classes C e D e agora nem o fato de o nosso país ter saído da linha da miséria compensa a roubalheira generalizada que nos leva para o túmulo dia após dia". A própria situação de "bonança econômica" que ecoou nos últimos anos parece agora ter sido de fachada, tão fachada quanto a Serra do Curral, praticamente um cenário, cartão postal pros desavisados (desavisados, a Serra do Curral é uma meia serra, i.e., só existe na frente - atrás ela já foi toda destruída pelas mineradoras do nosso belo estado). Em relação ao trabalho escravo, também muito antigo, acho engraçado as pessoas se indignarem com isso e pagarem uma média de 2.000,00 para seu lindo filho estudar em uma escola bilíngue que paga ao seu professor 14 pilas (isso mesmo!) pela hora de trabalho, incluindo preparação de aula, provas e uma encheção de saco inacreditável que a coordenação chama de "controle de qualidade". Isso sem contar o carnaval que vira o horário do professor, que é obrigado a dar pelo menos 40% de disponibilidade a mais do que o número de horas de trabalho pretendidas e geralmente é presenteado com uma coleção de horários vagos que não permitem que ele faça outra coisa naquela hora além de ficar na escola, porque nem juntos eles são. Me impressiona ver, por exemplo, que eu tenho 15 anos de carreira e que tenho corrido atrás do meu lugar ao sol desde que eu me entendo por gente que trabalha, tudo pra contar moedas no final do mês e agradecer quando sobra qualquer trocado. Tem gente no meu país sem um terço da minha qualificação ou experiência que ganha cem vezes mais dinheiro explorando a falta de noção alheia. Sim, porque no Brasil as pessoas em geral têm a cultura patética de pagar pela embalagem - o produto que se exploda. Se todo mundo se consulta com a fulaninha nutricionista que cobra 300 mangos pelo atendimento, por que raios preciso saber se ela já trabalhou alguma vez na vida, se tem algum tipo de experiência prévia? Afinal, ela é jovem, bonita, educada, sorridente... e magra! É nessas horas que me pergunto se a classe média está mesmo perto da extinção. Até esse bando de babacas ser processado por inadimplência dou uns bons 10 aninhos pra continuarem comendo piaba e arrotando caviar. Já sobre a maioridade penal, acho que a questão faz um gancho com todo o resto e fecha meu raciocínio. Pensem comigo: a redução da maioridade penal é um erro, porque claramente os jovens do nosso país precisam de condições básicas para viverem com dignidade, como moradia, alimentação, saúde e educação de qualidade, oportunidades de emprego. Certo? Indubitavelmente! Mas analisemos um detalhe: estamos no Brasil, país em que nem a classe média tem acesso a tais condições. OK, então sejamos a favor dessa redução, porque, afinal, esses marginais só estão cometendo toda a sorte de crimes hediondos porque sabem que não há punição real pelos crimes que cometem - na verdade muitos deles são inclusive recompensados pelos mandantes, com dinheiro e proteção que não experimentariam em nenhum outro setor da sociedade. A questão é: se levarem o de 12, tem o de 11, o de 10 e o de 9 viciados em crack com uma arma na mão. Cadê as instituições públicas que acolhem dependentes químicos? Cadê a possibilidade de um menino desse estudar sem ter que pedir dinheiro no sinal? Cadê a comida dele na mesa? Cadê a roupa, os sapatos? Cadê o direito de escolha de quem nasceu nessa vida? O Brasil é o país do empurra-empurra, da batata quente que não vai queimar a minha mão; o Brasil é a terra da treta, da maracutaia, do jeitinho. Basta dar uma pesquisada no número de advogados por metro quadrado, ávidos por mais uma fatia desse bolo recheado de brechas com as quais nos presenteia o legislativo. Aqui é a terra do cada um por si, da ociosidade que gera renda (éééééééééé!), da desonestidade justificada, da falha fundamentada num histórico de canalhices sem dia e hora pra acabar. Mas pra que se exaltar com tudo isso? Bom mesmo é passar horas acompanhando as fofocas desse povo bonito, sarado, bronzeado, com muito dente e pouca roupa, rolando pelo seu feed de notícias. Curtiu? Que pena, aqui não tem like ;)