segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Pilhéria sem graça"

Era uma bela tarde de sábado, daquelas de sol morno e vento fresco. Preparava-me para dar um gole no chopp quando involuntariamente olhei para a frente. Vi então um aceno vindo em minha direção, aparentemente sem pretensão e sem expectativa - principalmente se considerarmos que quem acenava era um jovem senhor no ápice dos seus setenta e poucos anos. Achei engraçado demais. Acenei de volta e sorri. Um sorriso saiu do lado de lá. Pensei em escrever sobre isso e tirei uma caneta da bolsa. Peguei um pedaço de papel qualquer e comecei a me aventurar, quando senti um cutucãozinho no ombro esquerdo. O jovem senhor tinha cruzado o palco da Travessa e alegremente se posicionava em frente à minha figura tranquila e desarmada. Fez as honras e sentou-se sem cerimônia. Contou um pouco de si, expressou sua opinião acerca de uma boa dúzia de assuntos, disse  que era escritor de livros chatos. Falou-me da minha força, especulou sobre minha maturidade e consciência. Agradeceu pelo aceno e pelo sorriso com integridade. Deixou o email, queria me mostrar os poemas que só agora começou a escrever. Sem medo, dei a ele o endereço do meu blog. Fiquei feliz com a possibilidade de uma relação saudável entre um senhor amigável e uma moça comprometida. Que evolução! Voltei a escrever com a mesma tranquilidade. Eis que o senhor volta até a minha mesa e me lança a cantada mais infantil. Suspirei em desencanto. O mundo é o mundo, Amâncio, nem mais nem menos do que você acha que é...

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