domingo, 11 de outubro de 2009

O que eu vejo

Nem tudo que corta machuca;
nem tudo que fere magoa.
O que não vê pode ser cego,
mas pode também estar distraído
preocupado, deprimido, leve ou à toa...
(...)
Sentei-me outro dia no topo de mim. Olhei pra baixo com frieza, com certeza, e arranquei do chão todas as flores que ali já não podiam viver. Varri as promessas malfeitas que sempre espalharam seus grãos. O cansaço me passou a enxada, e com alegria construí novos caminhos. Escolhi o príncipe e o castelo, o cavalo e os afazeres; pendurei as sapatilhas da preocupação num reino distante. Quando lá embaixo tudo era tranquilo, soprei girassóis e estrelas em minha história, e bem devagar fui fechando o livro. Vida de princesa, pensei com meus botões. Sorri e chorei. Algumas lágrimas teimosas adentraram meu conto e, sem cerimônia, formaram um rio bonito de tão triste. Fitei o rio por um momento e respirei com tranquilidade. Vida de poeta, sussurrou a água turva de memórias e possibilidades.

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