quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Lugar-comum

Como é ruim a sensação de não pertencer a lugar nenhum! Falta de amarras gera tanta culpa e angústia... Culpa por não pensar no que faz parte da minha vida agora como o que deveria fazer; angústia ao estender o mapa mundi sobre a mesa, olhar para todos aqueles lugares e não saber para onde ir, porque nenhum deles me sorri, nenhum deles me convida a largar tudo e me entregar. Um outro lugar não pode te prometer uma outra vida, mas estou cheia de tentar sair do lugar que eu insisto em ocupar dentro de mim... exausta!  Entendo mas não acho que consigo aprender - não dá tempo! Sinto-me perdida  em meio a tanta opinião, tanta pressão, tantas bocas cheias de razão proclamando o absurdo aos quatro ventos  sobre minha vida sem que eu  ao menos peça... Convivo vinte e quatro horas comigo mesma e ainda não sei o que fazer. Trabalho, trabalho, durmo e acordo pensando no trabalho sem ver a cor do dinheiro. Trabalho sabendo que não vou ascender, trabalho para pagar, para esquecer, para sobreviver nessa capitania tão provinciana quanto longe da praia. Trabalho e engulo sapos que me deixam rouca - mas insisto em cantar. Trabalho e quando chego em casa trabalho mais, e não consigo dormir pensando no trabalho - mas insisto em acordar e dançar. Trabalho para bancar meus luxos, meus caprichos, e às vezes penso que com um pouco mais de vontade poderia guardar o dinheiro dessas pequenas anestesias diárias e deixar-me sofrer muitíssimo, até que esse sofrimento forçasse uma mudança. Um projeto audacioso: botar a vida na mala e ir de encontro ao destino como em um casamento arranjado; dar o seu melhor num lugar melhor, e ter a esperança que qualquer lugar no mundo deve ser mais interessante que esse em que você trabalha, reclama e vê televisão.Tenho medo, mas afinal, a gente sempre tem medo quando sabe que tem que mudar. Seja como for, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, não acredito mais em sorrir sem sair do lugar.  Dói o peito ao pensar no que não poderei levar comigo. Egoista, desculpadamente humana... capricorniana, uai! Pode deixar que darei o primeiro passo assim que tiver pra mim que o preço é justo.

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