terça-feira, 26 de outubro de 2010

Head shoulders knees and toes por Érika Amâncio

Da cabeça só falta mesmo sair fumaça. Os ombros viraram tábua de bater bife. Os joelhos têm aquele básico problema de junta: junta tudo e joga fora! Tocar os dedos do pé dá direito a uma torta de limão ao final do dia. Esse é o retrato de várias mulheres do século XXI, que devido à insistência burra em direitos iguais, agora choram por carregar meio mundo nas costas. E obviamente a diversão não acaba aí. Tem também as ites e as ias. Vamos a um bem comum: miopia. É muito engraçado esse negócio de não enxergar direito, principalmente se, como eu, você é aquela pessoa que acredita no 0.01% de chance de uma cirurgia dar errado. Por esse motivo não retirei um cisto das cordas vocais, que foi detectado há alguns anos como um brinde no pacote de nome Érika Amâncio - nasceu, cresceu, casou-se, teve filhos e não quer morrer de jeito nenhum. Fico possessa com as infelicidades que consigo produzir oralmente em várias ocasiões, mas não poder produzi-las at all transformaria meu coração num tumor maligno. Trato, controlo, mas está lá. O mesmo acontece com os olhos - minha miopia pede óculos, chegamos a esse ponto. Mas quem? Onde? Por quê? E nessa onda a gente vai driblando as limitações com descontração, jogo de cintura... e lentes de contato. Posso dormir com as minhas por cinco dias, mas no quinto dia impreterivelmente devo retirá-las, fechar os olhos e reencontrá-las alegremente na manhã seguinte. Devo repetir esse procedimento nove vezes, e ao final de quarenta e cinco dias, é necessário descartá-las e usar outras. O primeiro problema é a matemática. Você calcula quanto tem por mês pra gastar no supermercado, quantas vezes deve comer por quantas horas, quantas calorias o dia te oferece, quanto tempo falta para tomar a próxima pílula e ainda tem que calcular quantos dias você tem para tirar, pôr e mandar a lente pro inferno sem direito a purgatório. O segundo e não menos importante é o sofrimento para colocá-las. Se ao menos vendessem aquele aparato do Laranja Mecânica para abrir os olhos... Mas não: é o seu-vizinho da mão esquerda puxando a pele do olho embaixo, o fura-bolo segurando a lente e o pai-de-todos da mão direita abrindo o olho em cima. Em outras palavras: ninguém merece. Quando nossa amiga finalmente se acopla ao olho, após várias lágrimas e a vontade constante dela de ir embora, é hora de repetir o procedimento para o olho esquerdo. Isso significa que quando estou atrasada saio porta afora e só enxergo o que Deus quiser. E quer saber? Por incrível que pareça, ter que falar menos e não enxergar direito nos dias de hoje pode ser ideal - pense nisso... Com bons ouvidos e um nariz que fareja confusão, você está mais que preparada para dias de chuva e tardes de sol :)

2 comentários:

  1. que lindo! eu me lembro da tristeza que e por lentes de contato - acabei desistindo de tentar aprender e fiquei com meus oculos mesmo!
    saudades de voce, Erika! = ]

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  2. Eu também de você, Ana! Sempre passeio pelo seu blog e me divirto com suas aventuras - viva intensamente, somos feitos de nós mesmos e isso deve ser mais que suficiente! :*

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