quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Comida

Hoje me peguei pensando em... mim. Que bom pensar na minha vida for a change... Ou será que... Nesses dias em que se tira as bruxas do armário, a realidade pode não parecer tão bonita. Meus prazos estão se esgotando, as tarefas se amontoam e tudo o que eu quero é ir ao ballet todos os dias e almoçar na Savassi em seguida, sem hora pra voltar à ativa. Como é bom ter as bochechas coradas e os olhos brilhantes de perspectiva! Esses dias fiz exatamente isso - saí da minha aula mais prazerosa com cheiro de música clássica no collant e resolvi experimentar um restaurante novo. A porta não era exatamente convidativa, mas não queria mergulhar nas frituras do Mateus mais uma vez, então entrei à esquerda uma porta antes, entre o chinês e o Mc Donald's (coração da azia futura). O restaurante era grande e arrumado sem glamour ou descuido. No buffet, muitas opções de saladas, grãos, frutas e peixes (estou na vibe peixe esse ano), o que me agradou bastante. Pedi um suco e me sentei em um canto onde podia ver as pessoas se mexendo como formigas, sozinhas e acompanhadas de seus gestos habituais. O tempero abriu meu apetite no ponto certo, e quando pensei que momentos requintados de simplicidade podem transformar um almoço de segunda-feira em algo sublime, ouvi de repente uma melodia que parecia estar ali todo o tempo. Olhei para trás - um senhor tocava um piano de cauda com toda a classe que a tarefa demanda. Não consegui esconder minha surpresa e sorri sem saber que arrancaria dele um outro sorriso; ele me olhou como a dizer "viu como boa música passa pelos olhos e pousa no coração?". Quis ficar ali durante tanto tempo mais, a degustar algo belo, puro, leve e saboroso como aquelas notas que enchiam a sala já vazia. Tempos depois pensei "Ah, minha vida não comporta essas belezas". Não tornei a ver a porta, o piano ou o senhor que deu de comer à minha alma.

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