terça-feira, 1 de setembro de 2009

Exceção

Há um tempo venho pensando em uma coisa, e hoje - justo hoje - recebi um email que fomentou minha vontade de escrever a respeito. Novamente, frases de efeito RULE! Olhem essa: Para conseguir uma coisa que você nunca teve, deve fazer algo que nunca fez. Essa mensagem reflete o que somos diariamente condicionados a pensar, executar e reproduzir. Se temos um objetivo, a receita é uma só: correr atrás. Nosso ícone fashion afirmou em entrevista que não ficou sentada comendo pipoca pra chegar onde chegou. É sempre preciso fazer alguma coisa, não é? Se queremos aquele emprego, batalhamos por ele até o final. Se desejamos ser felizes fazendo algo do qual gostamos, temos que ser realmente bons, temos que pôr a mão na massa de acordo... Até em termos de satisfação física, não há outro caminho senão fazer por onde - porque ser linda e gostosa sem malhar é só até os 18, 20 no máximo, viu? Toda reação requer uma ação, isso não é novidade. Aí entra em cena o amor. Quando você quer uma pessoa, não é bem assim. Você até tenta algumas estratégias conhecidas, mas não faz nada. É isso mesmo. Digamos que, nesse caso, é uma questão de química, de aura... de bateu-valeu. Claro, pode-se despertar um sentimento, mas não mantê-lo vivo se ele não estiver lá. Joguinho só dura naquela fase inicial - se a pessoa se interessou por você só por isso, tire o cavalinho da chuva: vai te procurar, sim, mas por orgulho ferido, vontade de te ter só pra você deixar de ser boba. Sempre ficaremos tentados ao que é difícil - o que é impossível então é um prato cheio! Um prato cheio de bobagem, não é amor - caia na real, vá ler um livro... Tem gente que vai à luta mesmo, na lata. Às vezes dá certo, mas é quase impossível encontrar um ser humano que te ame depois de você colocar todas as cartas na mesa. Aprendemos que não se deve colocar as cartas na mesa - estraga o mistério. A verdade é que as pessoas gostam de não saber o que o outro pensa ou sente - adrenalina até (ou principalmente) no amor. Lembram-se, no capítulo 15, da descrição dos espanhóis - que comem com os olhos e saem fora como se nada tivesse acontecido? Gostamos de conquistar, o fácil nunca é bem-visto. E o interessante (ou não?) é que o que fazemos de bom com relação a isso: muito pouco, nada ou algo naturalmente artificial. Essas pessoas que são displiscentemente atraentes, despretensiosamente charmosas, magnéticas em sua simplicidade, essas são poucas e merecem o meu respeito. É como se elas chegassem realmente a acreditar que não percebem seu poder sobre o universo. Quem se joga no amor - tirando os que se acham ou se garantem - é taxado de patético. Quem não faz nada pode perder a chance. E o que a gente faz? Pensa que o que tiver que ser será. Reza, faz simpatia, entrega tudo pra Deus ou seja lá quem for. E sonha com o dia em que aquela figura tão singular, tão sua fôrma, tão... tão! vai te encontrar na rua, bater no seu ombro em uma manifestação na Praça Sete, sair do mar num dia de chuva e dizer que é isso mesmo, que ela definitivamente nasceu pra ser o amor da sua vida.

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