segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aviso

Meu amor sussurrou no meu ouvido
que eu deveria saber um pouco de tudo;
Meu amigo disse que eu deveria escrever
de forma mais rebuscada, sem meias palavras.
Minha irmã falou um dia desses
que eu deveria me casar;
Minha amiga se indignou e me acudiu:
afirmou que eu deveria viajar.
Meu espelho tentou me provar
que eu deveria ser mais sábia
Minha mãe disse e repetiu
que eu deveria estudar pra sair de onde estava
Meu guarda-roupa me mostrou
que eu deveria me dar por satisfeita.
A solidão me disse pra escrever
quando o coração me deu carta branca pra chorar.
O sonho insistiu que eu deveria cantar
pra tentar me compreender.
A realidade me ensinou a lecionar
e a ela sou grata, e por ela não sou completa.
A esperança ponderou que eu deveria esperar.
Antes de morrer, queria fazer tudo isso;
agora minha música só tem uma nota -
estou do outro lado da linha, do lado de fora
e aguardo em silêncio pelo dia do juízo.
Estou morta
Correr, parar, já não me importa
Sorrir, falar, já não me importa
Você, eu, já foi-se o tempo
Palavra gasta, passado tolo
Egoísmo, arrependimento
Foi-se o tempo
em que eu queria não fazer nada
ou fazer alguma coisa.
Se me procurarem
diga que morri.
Parei de sentir
não vejo
não ouço
não choro
não espero
não quero
não quero
não quero
não quero
Não quero que me olhe assim
Não diga que não é o fim
Morri de tanto viver -
Não espere nada de nós
Não guarde nada pra mim.

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