quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sinais

Nunca tive pretensão alguma e por isso querem que eu sinta culpa agora. A cada braçada, bebo um pouco d'água - pois se até a tentação me ignora... Acreditei nas cartas marcadas do universo e fui deixando que o tempo me empurrasse, que Deus me carregasse ou salpicasse o chão com estrelas douradas que me mostrariam o caminho. Bem, aqui estou: sempre inquieta, nunca sozinha, a olhar pro lado na esperança de alguém me cutucar e dizer que eu estou fazendo tudo errado, que esse negócio de captar os sinais do cosmos é coisa pra gente mais esperta ou coco descomplicado; que eu complico demais por entender de menos, que a resposta está ali, ali, ó, logo depois do meu quadrado. Não chego a buscar outro lugar, mas danço, canto, estudo e penso e tento digerir tudo aquilo e me pergunto tanta coisa e dirijo como gostaria de correr, vôo de olhos abertos... engulo a comida num pulo e sempre tenho um insight na hora de me trocar, uma luzinha dentro da minha cabeça dizendo Ah, Érika, vai com essa que vai fazer muito calor hoje - TRUST ME. Eu acredito. Saio bonita, graciosa, mas chove gatos e cachorros, como dizem os ingleses, e papagaios, meu toque brasileiro. Quase tudo que eu penso é o contrário e já quebrei a cabeça pra olhar bem dentro dela e ver de perto se o parafuso solto pode ser recolocado, recalchutado ou reproduzido em local mais apropriado. O resultado é essa falta de convenções sociais, esse medo do ser humano e esse cansaço que faz doer o corpo de tanto ser lançada num mundo tão grande que mais parece uma prova de múltipla escolha cheia de respostas certas que podem estar erradas. Sou ruim pra caramba em V ou F, me desculpe por chegar a esse lugar sem sonhos no bolso ou balas na boca, sem acreditar em nada. Ao invés de pensar no que eu fiz pra conseguir um vestido branco, flores no cabelo e um quarto-e-sala, feche os olhos e imagine que eu soprei dentro de um balão, ele cresceu, me levou consigo e me deixou aqui, careless, restless but, above all, with no hard feelings.

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