segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O conto da princesa subversiva

Ela dizia
que cansara-se da vida
e queria ser artista
de rua ou televisão.
Ela queria
que cedo ou tarde
o mundo coubesse
na sua mão
Sabia
que seu destino
estava ali, não acolá
e nutria muita raiva
por quem andava devagar...
Ela dizia, dizia, dizia
e de novo não lhe ocorria nada
andava por horas a fio
sem encontrar a estrada
até que um belo dia
olhou
pensou
e parou a caminhada
esperou ser temida
ou cortejada
entendeu que a ferida
haveria de ser fechada
sem mais dor...
Abriu os braços
fechou os olhos
e esperou.
Por duas primaveras
dobrou seus sonhos
e em segredo os guardou.
Um dia abriu a caixa
e então soube o que fazer:
tão bonitos eles eram
tão coloridos
que o melhor mesmo
foi soprá-los como poeira
para dentro dos contos
poemas
e canções
que ela criava
enquanto dormia
e acordava sem saber.
Quer saber o que eu disse?
Nem não, nem sim.
Muda, calada,
leio o mundo dela
todo dia
cada palavra
e deixo meus olhos
falarem por mim.

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