domingo, 20 de dezembro de 2009

HISTÓRIA DE UMA MESA DE BAR

Bebeu, acabou-se no vinho, tomou cachaça
E por fim mergulhou no escuro da fossa
Pensando na namorada
Que ainda não lhe havia feito nada
Mas que poderia, que pensaria
Em fazer tudo o que lhe doía mais
Só em pensar
E em todas as outras heresias e blasfêmias
Que em momento algum se imaginava.
Teve medo, os calafrios lhe ouriçaram os pêlos
Os dentes travaram de cólera
Enquanto fazia reflexões sobre seu grau
De envolvimento (como pode?)
E culpava a namorada
Por ela ser tão interessante,
Tão voluptuosa, tão cigana
E ainda não ter-lhe feito nada.
Tomou toda a cachaça da garrafa
E viu no fundo a viagem à praia,
Os balangandans e os querubins da casa nova,
As contas e inúmeras possibilidades;
Reclinou-se, tirou um cigarro do bolso
E achou que não era mais que obrigação
Pensar em como teria sido
Sua vida sem ela.

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