segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Pão de mel

A gente inventa, né? Inventa mesmo umas modas que é pra mudar a estação, pra parar de chover ou pra cair mais água lá de cima, pra ser visto, pra criar expectativas de um amanhã mais... personalizado. A gente faz que gosta porque sorrir é mais barato - rir então é de graça, não há mais dúvida disso. Nos descobrimos um bocado de coisas e esboçamos um quê de falsa surpresa, e no atropelo da mudança de episódio desligamos a tv pra fazer algo politicamente incorreto - só porque é disso que a gente gosta. Não tem essa de criar motivos, de perceber, de entender, porque sabendo ou não a estrada aponta pro mesmo lugar - a gente só faz o que quer, porque esse querer é a razão de tudo, é o chicote no lombo do coração arriado, último suspiro. Não interessa quem quer mais: a gente quer junto e junto a gente vai mudar o mundo, correr na praia, participar de movimentos populares e individuais, olhar pra dentro de um jeito nu e cru que dói dor generalizada; junto a gente vai perder o medo do escuro, pular de um lugar alto e gargalhar em um momento triste do filme porque a gente achou cliché. A gente vai passar uma noite junto de mãos dadas com a luz acesa, pra se misturar no calor da penumbra dois dias depois - a gente vai ser feliz! Já disse que sou bem inofensiva - gosto de livros, crianças e bichos e rezo por um tanto de gente de uma vez. Talvez eu seja mesmo, mas a gente... a gente inventa moda, pinta o sete e se joga n'água fria sem contar até três ;)

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