quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Lugar comum

Ontem a palestra no centro espírita foi sobre a imortalidade. Não consegui prestar muita atenção, porque só me vinha à mente que o fato de eu estar ali sentada às oito da noite não havia sido ao acaso. Estava aprendendo a compreender que o sepultamento de uma história serviria certamente como ponto de partida para novas perspectivas, novos rumos, contos mais felizes. Fácil, ah, fácil não é. Por muito tempo agradeci pela certeza de não precisar procurar mais por uma dupla na vida. Agradecia com lágrimas nos olhos porque essa comunhão de corpos e espíritos sempre me foi importante. Enfim a busca havia cessado. E os anos se passaram... Com a cabeça cheia pedi a Deus que guardasse meu coração, que me trouxesse alento e alimentasse a minha fé com esperança. Pedi pelo respeito ao meu corpo, pela resignação da minha alma. Aqui não se morre; só se nasce de novo uma e outra vez, a fim de que se possa amar e ajudar ao próximo como você merece também ser ajudado. Que Deus cuide de nós, e que haja sempre um lugar muito especial para abrigar cada uma de nossas memórias mais felizes, que é pra gente lembrar que cada segundo valeu a pena, que esses instantes que viram sombras de solidão possam acolher a nós mesmos... com mais serenidade, mais leveza, mais alegria e fé em cada passo do caminho. Ele há de ser bonito, escuto meu anjo da guarda sussurrando ao meu ouvido como se me contasse um segredo. Por enquanto, sorrio para mim mesma ao me lembrar da minha saúde, do meu corpo perfeito e da minha cabeça que trabalha sem parar, do direito que me dou de mudar de opinião, de atividade física e de escolher meu sustento pela minha vocação. Sei que estou longe de fazer a diferença, mas peço sempre um pouco de calma nessa hora, que é para agradecer pelo que é bom de verdade. Que a gente não desista de acreditar que a vida é boa conosco, e que nada nem ninguém morre - as coisas só mudam de lugar dentro do nosso coração.

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