segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mal do século

Food for thought...

Ser idealista requer alguém para pagar suas contas, alguém que te dê casa, comida, roupa lavada e uma mesadinha para despesas eventuais. Esse negócio de seguir o sonho é pra duas pessoas: a de família rica, que não se preocupa com o fato de tudo dar errado porque sempre vai haver o porto seguro; e a que não tem nada, já que pior do que está não pode ficar. Enquanto isso, a chamada classe média vai se apertando, pagando todos os impostos e taxas do mundo sem direito a um empurrãozinho, uma gotinha de esperança, um pingo de perspectiva. Contamos o dinheiro e agradecemos, porque se reclamarmos atraímos energias negativas. Ganhamos um salário que mal paga nossas contas, incentivamos a cultura mas não pagamos meia - só aluno paga meia, professor tem dinheiro suficiente pra pagar cem por cento. Estou com um saco de sonhos nas costas olhando pro morro enorme que preciso subir. Eu sei que a vida devia ser bem melhor - o que não compreendo é por que ela não é. Escolhi a profissão mais desvalorizada do século e não tenho nem casca grossa pra bater no assoalho duro e rolar pra algum lugar melhor, nem família rica para me segurar quando eu me jogar na multidão. Deus não dá mesmo asa a cobra, porque se ele desse... ah, se ele desse e eu visse alguém lá embaixo com os braços erguidos me esperando pular, faria exatamente isso.

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