terça-feira, 16 de março de 2010

Meu querido professor

Hoje estou triste daquele jeito que dói. Daquele jeito que só de olhar pro lado dá vontade de chorar. Daquele jeito que é melhor não ter ninguém por perto, de um jeito amargo, vazio, pesado garganta abaixo. Tem dias em que as pessoas são tão pequenas, e o espaço é tão grande que dá vertigem... Hoje senti meus olhos doerem por tudo que eu não queria ver. Por um instante pensei em dar um passo para o lado contrário, e outro, e mais outro. Is it the beginning or the fucking end, I always ask myself. I'm not sleeping well, I'm not eating well, I'm afraid of going out, can't be bothered to be the socially correct coward, I can't stand people anymore, that's the truth. Crying so that other motherfuckers can laugh, what the fuck is this all about? I'm close to the edge, and I know I might jump before looking down. Panick indeed, in the land of no return. I've always been told about my sad eyes, and it's about time I did something intelligent about it, either to be entitled the saddest person alive or the devil on the left side of your mind. What else do I know, what else can we do, don't you dare tell me that's a whole different story... It's too dangerous to stay where I am now. I see dead people pretending they are alive, eating and sleeping, smiling to pass the time. No, no, no, in the name of myself I ask for light! Lembro-me que estou em casa e abro a geladeira. Vinho! Sirvo-me de um copo, e me deparo com aquela realidade ridícula do vinho - você olha pra garrafa e acha que tem mais de um bocado, mas serve um quarto daquilo, que nem as porções escritas nos pacotinhos. Faz três porções, hahaha! Vinho é bonito, e só. Esses dias tentei fazer um arroz - pré-cozido, que fique bem claro - e ele ficou duro. Não entendi. Calculei milimetricamente o quanto de água tinha que colocar, cronometrei o tempo de fervura da água, o tempo de sei-lá-o-que de pós-fervura da água, fiz tudo igualzinho e o trem do treco do negócio fica duro! Aí vem um mais cozinhólogo me falar que a gente não pode seguir essas instruções tão ao pé da letra. ENTÃO PRA QUE A MERDA DA INSTRUÇÃO? Penso que meu dia-a-dia está muito vazio, o MEU dia-a-dia, o meu tempo só meu. Só não queria que todo dia fosse igual, era só isso que eu queria... Cresci imaginando que eu era diferente e agora me vejo abaixando a cabeça e pedindo por favor pra não ser como todo mundo. As pernas doem, mas eu não posso; os olhos transbordam, mas eu me escondo. Não aceito pisar no chão, tem que haver outra saída. Não dormir pra pensar em mim? Penso em plantar uma bananeira para os meus problemas, mas aí já anoiteceu, a luz acabou, o corpo dói, não é mesmo? Bananeira dá muito trabalho, eu sou é bailarina: levo a vida na flauta e de vez em quando arrumo um percussionista pra me acompanhar. Para a dor não há limite, mas Deus ainda vai ver que eu não baixei nesse mundo grande a passeio, e então não haverá limite também para a audácia. Olho pra cima com a palma da mão virada, esperando pelo fim ou pelo começo de tudo, pazza de tanta esperança. Sou tão sociável quanto antisocial, uma mocinha dócil mais agressiva que você já viu. Essa gana tem que fluir, jorrar limpa e verdadeira como um sonho verde rio abaixo. Limite é uma palavra que veio ao mundo pra conter a euforia da gente, e isso, ah, isso, dentro de toda a minha pequinez, confusão, puteza e contrariedade, isso eu não aceito jamais.

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