domingo, 11 de novembro de 2012

Quatro anos

Em quatro anos dá pra acontecer muita coisa. Muita. Dá pro amor chegar e ir embora, pra um bebê virar uma pessoa, pra uma mãe ter dois filhos, pra perdermos uma pessoa importante, digerirmos isso e tentarmos tocar a vida depois que a ferida cicatriza. Em quatro anos dá pra fazer uma nova faculdade, pra começar uma nova carreira, pra jogar uma vida monótona pro alto e mergulhar numa grande história, pra escrever um livro, pra emagrecer muito e engordar de novo, pra tratar uma depressão, pra encontrar uma atividade física interessante, pra profissionalizar um hobby, pra planejar aquela viagem, pra namorar, casar, separar, juntar os cacos na terapia de casal e olhar pro teto na hora do sexo, pra descobrir que o amor não é suficiente, pra correr atrás de uma vida com mais dinheiro ou com mais afeto, pra dar valor a outras coisas de verdade, pra tornar-se sério, pra tornar-se bobo, pra amolecer ou ficar mais forte, pra ser o que você precisar. Em quatro anos dá pra olhar pra dentro e descobrir quem você é e quem você quer, não? Dá pra fazer uma retrospectiva crítica de tudo que aconteceu nos últimos quatro anos e analisar se de fato você mudou, se de fato você ajudou, se compreendeu, se perdoou, se você se curou daquele medo de pular o muro pro lado de cá, se aprendeu uma música nova, se conseguiu preparar a cabeça pra amar outra vez, pra amar como nunca, pra fechar os olhos e sorrir simplesmente, pra relaxar, pra ser mais coerente com o seu coração, pra ser livre. Em quatro anos dá pra ensaiar vôos de partidas e chegadas, pra tirar a coragem de um bolso e guardá-la no outro, pra deletar aquele telefone e ir até o fim para encontrá-lo depois de tanto tempo, pra pensar, ligar e surpreender-se. Concordo que em quatro anos dá pra transformar muita coisa, mas pra esquecer acho que é pouco demais. Vou vivendo e revivendo essas memórias até que outras apareçam, até chegar aquele tempo em que não poderei mais me lembrar.

2 comentários:

  1. Parei para encontrar os amigos virtuais e cheguei até aqui. Lindo texto. Já que em 2012 a turma não apareceu, que fique para 2013. Felicidades, Rodrigo Azevedo

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  2. Pra você também, Rodrigo! E muitas aventuras interessantes - afinal, estamos só começando... Abraço!

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