sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Três horas

São três horas da manhã
e eu ainda estou aqui,
acordado,
enfático;
eu que tudo sei
tento ainda entender
por que você é assim
por que será que não tem
o que esperar
quando você
não está aqui
Fumo cigarros
envolvo-me
em meus próprios braços
acabo-me
vendo um filme tão clichê
passo pelo vão da porta
tremo por pura estupidez
tenho um fraco pela culpa
sempre que penso em você
sempre que imagino
o que tenho a perder
quando você caminha
sobre as águas
da minha indiferença
e quando,
sem pressa nehuma,
me decompõe,
me transpõe,
me acessa,
suga toda a sensatez
que ainda me resta
e bate a porta
até outro dia.
E eu que tudo sei
que em nada acredita
eu fico a olhar a porta
me sentindo a contragosto um idiota
até agora,
até um dia,
até três horas
espero você aparecer.

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