quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Esperar: verbo transitivo

Eu espero. Sempre. Com a paciência de quem sabe brincar, de quem já brigou e desistiu porque no final não valeria mesmo a pena. Eu espero e escrevo, ouço uma música nova ou deixo que a velha me envolva de uma outra forma; eu espero e aprendo, espero aprender mais. Esperar é uma arte,  um dom muito maior do que falar uma língua ou tocar um instrumento - eu espero porque preciso... e penso enquanto isso. Rezo enquanto isso. Torço. Fico mais calma, tomo um copo d'água. Desde pequena eu esperei por algo incrível, extraordinário: esperei por aquele momento em que seria de fato alguém importante. Mas qual! Sou importante para mim, e espero que isso me baste. Esperava ser uma boa professora, e hoje encontro nos olhos atentos e nos sorrisos de todos os dias a resposta a essa expectativa. Esperava trabalhar com prazer e consegui me libertar das garras do imperialismo exploratório com tranquilidade e proteção divina. Trabalho feliz, vivo com a leveza de quem não espera muito mais. Espero pelo dia em que chegarão meus filhos, frutos de um amor infinito, e pelas histórias que ainda hei de contar a eles. Espero que eles possam ler meus livros, e que juntos plantemos uma árvore tímida e descontraída que vai crescer junto com o nosso cachorro, junto com as nossas esperanças. Eu espero, mas não é só por esperar. Espero porque sei que a espera me tornará mais humilde e mais justa, mais sábia. Espero pelas melhores possibilidades do mundo - espero porque acredito em Deus, em mim e  no vento que sopra levando e trazendo todas as coisas.

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