quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O conto do senhor Perfeito

"Io guardo tutto con un pò di miopia
per dare spazio alla fantasia"

Como é agradável ter um príncipe encantado de plantão
que mora na segunda porta à esquerda da sua imaginação...
Quando tudo anda errado ele risca um fósforo dentro do quartinho onde você guardou toda a sua desilusão
e te sorri. 
Ele está ali, é o que importa.
Quando todo o mundo te diz não,
você tem a certeza que ele diria sim!
Essa felicidade gratuita te cobre, te envolve, até o momento em que a vontade inunda a sua casa e te faz sair. Decidida, você anda pelas ruas frias do passado, que nada lhe diz. Sobe os morros obscuros do presente e em nada acredita. Cansada e confusa, paga grandes quantias para que um desconhecido lhe teça um tapete de pétalas coloridas do tamanho da sua necessidade de ver o final do arco-íris. Você então ergue a cabeça, caminha e jamais olha para os lados, plena de entusiasmo pelo que há de encontrar mais à frente.

Eis que no meio desse caminho reto, brilhante de tão certo, há uma árvore tão bela, tão frondosa, que aninhar-se em seus galhos se torna inevitável. Você se aproxima, extasiada, e de repente percebe que, por detrás da árvore, alguém faz e acontece pra chamar-te a atenção. Apreensiva, você observa; curiosa, você sorri. Brilham-lhe os olhos ao olhar o amigo - você entra na brincadeira e aceita jogar um jogo sem muito sentido, já que todos ganham no final. Mas e o príncipe encantado? Ele vai estar sempre lá, calmo, resignado, parado em frente à segunda porta à esquerda da sua imaginação. E quando tudo andar errado, ele acordará de repente, e vestido de azul, riscará um fósforo dentro do seu coração.

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