De repente eu comecei a achar todo mundo interessante. O aluno, o professor, o colega, o cara da banca, o da farmácia, o da oficina, todo mundo era bonito, todo mundo exalava charme, destreza, todo mundo me olhava com certa indiferença e eu via que queriam tão somente consumir meus desejos sem pressa, servi-los com pão de mel numa bela travessa, a chamar-me de menina enquanto sonhavam com meu corpo de mulher, revirando meus anseios às avessas. Sentia-me a presa que não era caçada, a flor que só era regada quando adormecia. Em outro tempo, cada um tomou-me à sua maneira; absorveram o que em mim melhor lhes serviria. Em manhãs quentes e frias despertam confusos, cansados, prontos para fazerem-se interessantes outra vez ao raiar o dia.
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