quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Angels

" Light reflects from your shadow
It is more than I thought could exist
You move through the room
Like breathing was easy
If someone believed me

They would be
As in love with you as I am
They would be
As in love with you as I am
They would be
As in love with you as I am
They would be
In love, love, love

And every day
I'm learning about you
The things that no one else sees
And the end comes too soon
Like dreaming of angels

And leaving without them
And leaving without them

Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love, love, love
Love, love, love
Love, love, love

And with words unspoken
A silent devotion
I know you know what I mean
And the end is unknown
But I think I'm ready
As long as you're with me

Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love, love, love."

Angels

" Light reflects from your shadow
It is more than I thought could exist
You move through the room
Like breathing was easy
If someone believed me

They would be
As in love with you as I am
They would be
As in love with you as I am
They would be
As in love with you as I am
They would be
In love, love, love

And every day
I'm learning about you
The things that no one else sees
And the end comes too soon
Like dreaming of angels

And leaving without them
And leaving without them

Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love, love, love
Love, love, love
Love, love, love

And with words unspoken
A silent devotion
I know you know what I mean
And the end is unknown
But I think I'm ready
As long as you're with me

Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love with you as I am
Being
As in love, love, love."

domingo, 28 de outubro de 2012

Florence the fairy

Aproveitando a inspiração... Cosmic Love: http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=_gMq3hRLDD0&NR=1

A falling star fell from your heart
And landed in my eyes
I screamed aloud, as it tore through them
And now it's left me blind


The stars, the moon
They have all been blown out
You left me in the dark
No dawn, no day
I'm always in this twilight
In the shadow of your heart


And in the dark
I can hear your heartbeat
I tried to find the sound
But then it stopped
And I was in the darkness
So darkness I became


The stars, the moon
They have all been blown out
You left me in the dark
No dawn, no day
I'm always in this twilight
In the shadow of your heart


I took the stars from my eyes
And then I made a map
And knew that somehow
I could find my way back
Then I heard your heart beating
You were in the darkness too
So I stayed in the darkness with you


The stars, the moon
They have all been blown out
You left me in the dark
No dawn, no day
I'm always in this twilight
In the shadow of your heart


The stars, the moon...

Florence the fairy

Aproveitando a inspiração... Cosmic Love: http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=_gMq3hRLDD0&NR=1

A falling star fell from your heart
And landed in my eyes
I screamed aloud, as it tore through them
And now it's left me blind


The stars, the moon
They have all been blown out
You left me in the dark
No dawn, no day
I'm always in this twilight
In the shadow of your heart


And in the dark
I can hear your heartbeat
I tried to find the sound
But then it stopped
And I was in the darkness
So darkness I became


The stars, the moon
They have all been blown out
You left me in the dark
No dawn, no day
I'm always in this twilight
In the shadow of your heart


I took the stars from my eyes
And then I made a map
And knew that somehow
I could find my way back
Then I heard your heart beating
You were in the darkness too
So I stayed in the darkness with you


The stars, the moon
They have all been blown out
You left me in the dark
No dawn, no day
I'm always in this twilight
In the shadow of your heart


The stars, the moon...

The xx

Fruto de um sábado feliz em casa de minha amiga Mandjuras. Nota: Os ingleses são musicalmente FODA. Ponto.
 

The xx

Fruto de um sábado feliz em casa de minha amiga Mandjuras. Nota: Os ingleses são musicalmente FODA. Ponto.
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Dentro de um livro

Se eu tivesse lido aquele livro com outros olhos... talvez toda a minha vida fosse diferente agora. Tem tanta coisa que a gente deixa de pensar quando acha que a cabeça já está cheia demais! As mudanças acabam sendo mais subjetivas do que necessárias, e isso me dá medo, a ponto de eu armar-me até os dentes contra um inimigo que jaz bem no fundo dos meus olhos. Preciso compensar esse medo com outra coisa, não sei - talvez eu precise relaxar, viver mais; talvez eu precise de ajuda. Se ao menos... mas não - já está feito. Li o livro e fiz o que achei que era certo, mas te entendo quando você diz que eu era uma completa idiota. Passei esses últimos anos aprendendo sobre o que realmente vale a pena, pensando se você concordaria. Não ando mais de patins, falo mais baixo e me comunico pelo computador - ainda assim luto para não soar hipócrita. Essa prudência enfadonha é tudo que eu gostaria de evitar; afinal, ser uma personagem de Dostoiévski em pleno século XXI é, sem dúvida, a missão mais kamikaze da atualidade. O que será que crescer significa? Vejo tanta gente se matando para manter o mesmo número de roupa e me pergunto por que é que eles não têm escolha. Quando eu era criança, sentia-me sempre observada, e achava que isso poderia ser bom. Faz alguma diferença se é você ou se sou eu quem observa? Já vi que sim: agora falta saber se sofro, cresço ou ignoro tudo isso.

Dentro de um livro

Se eu tivesse lido aquele livro com outros olhos... talvez toda a minha vida fosse diferente agora. Tem tanta coisa que a gente deixa de pensar quando acha que a cabeça já está cheia demais! As mudanças acabam sendo mais subjetivas do que necessárias, e isso me dá medo, a ponto de eu armar-me até os dentes contra um inimigo que jaz bem no fundo dos meus olhos. Preciso compensar esse medo com outra coisa, não sei - talvez eu precise relaxar, viver mais; talvez eu precise de ajuda. Se ao menos... mas não - já está feito. Li o livro e fiz o que achei que era certo, mas te entendo quando você diz que eu era uma completa idiota. Passei esses últimos anos aprendendo sobre o que realmente vale a pena, pensando se você concordaria. Não ando mais de patins, falo mais baixo e me comunico pelo computador - ainda assim luto para não soar hipócrita. Essa prudência enfadonha é tudo que eu gostaria de evitar; afinal, ser uma personagem de Dostoiévski em pleno século XXI é, sem dúvida, a missão mais kamikaze da atualidade. O que será que crescer significa? Vejo tanta gente se matando para manter o mesmo número de roupa e me pergunto por que é que eles não têm escolha. Quando eu era criança, sentia-me sempre observada, e achava que isso poderia ser bom. Faz alguma diferença se é você ou se sou eu quem observa? Já vi que sim: agora falta saber se sofro, cresço ou ignoro tudo isso.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Silent language

Qual é o papel do não-dito?
Esconder o que está escrito?
Gerar vontade
curiosidade
tornar a trivialidade algo mais... bonito?
Talvez seja verdade;
talvez a falta de oportunidade
mate ou acorde
uma muda de sonho, sede, pensamento aflito
ou talvez
talvez seja tarde
para transformar serenidade em conflito.
O fato é que, na verdade,
na verdade mesmo,
nunca se há de saber o veredito.

Silent language

Qual é o papel do não-dito?
Esconder o que está escrito?
Gerar vontade
curiosidade
tornar a trivialidade algo mais... bonito?
Talvez seja verdade;
talvez a falta de oportunidade
mate ou acorde
uma muda de sonho, sede, pensamento aflito
ou talvez
talvez seja tarde
para transformar serenidade em conflito.
O fato é que, na verdade,
na verdade mesmo,
nunca se há de saber o veredito.

domingo, 21 de outubro de 2012

Amar é

Ontem vi uma frase boba que me fez rir e de quebra ainda deu a entender alguma coisa não tão boba assim: "Amar é: não ter que pedir pensão". Não é que é mesmo? Se estamos, em pleno século 21, querendo contemplar toda forma de amor, essa certamente é uma bem importante. Fica aí o recado para os que, assim como eu, dão piti por qualquer coisinha (ainda bem que a idade de Cristo quando morreu não demora a chegar - e espero eu que, com ela, mais maturidade, compreensão da vida e um pouquinho de juízo).

Amar é

Ontem vi uma frase boba que me fez rir e de quebra ainda deu a entender alguma coisa não tão boba assim: "Amar é: não ter que pedir pensão". Não é que é mesmo? Se estamos, em pleno século 21, querendo contemplar toda forma de amor, essa certamente é uma bem importante. Fica aí o recado para os que, assim como eu, dão piti por qualquer coisinha (ainda bem que a idade de Cristo quando morreu não demora a chegar - e espero eu que, com ela, mais maturidade, compreensão da vida e um pouquinho de juízo).

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Do you have any children?

I understand the problems in the world we live in... but I don't want this to be my world. All I want is to love and be loved as though there was no tomorrow, to feel this love, so free of guilt or interest, free of conventions, free of the idea that love comes from the flesh, that my looks and my wit shall guarantee how much and how long I am to be loved. All I ever wanted was love without questions or promises, something to call real, to call mine, to bring me calm and courage. I would wait for it, I know I would simply because it would be worth waiting. I believe we need to share the most beautiful feelings!

Yesterday I finished reading another book by my favourite author, and there were two fantastic narratives which, as usual, have made me realize so much about my own character. In the first one, the narrator is cruel to his wife meaning the opposite, and he imagines the way she feels about him and is so convinced by it that when things turn out completely different - the truth is that the way he treated her has made any kind of good feeling disappear - he just can't understand what went wrong. She ends up in a coffin; he ends up by her side, tears in his eyes, reassessing why things couldn't be any different. It was called A gentle creature.

In the second one, The dream of a ridiculous man, the narrator is considered ridiculous because he feels indifferent to the world, so indifferent that one morning he wakes up and decides to kill himself just to have a different day. On this same day, he comes across a little poor girl who he mistreats, goes back home and has a dream - in this dream, the world was pure and crowded with innocent and beautiful creatures, but as he comes along, he spreads evil all over the place. He is so ridiculous that when he asks to be crucified to pay for all the harm he's done, people laugh at him. So ridiculous that when he preaches about unconditional love, he's considered mentally ill - just ridiculous.

This world that we see, this is not where I stand. I stand on clouds of mercy; I'm embraced by a constant understanding that love is all we have left, a key to a secret universe. I can't have children, and I think somebody is going to tell me that sooner or later. The consequence? Maybe a limited life, I don't know. All I shall always want is pure love pumping through my veins, that's all that matters. So I guess I'll wait, live a little, love in all sorts of possible ways... and see what happens.

Do you have any children?

I understand the problems in the world we live in... but I don't want this to be my world. All I want is to love and be loved as though there was no tomorrow, to feel this love, so free of guilt or interest, free of conventions, free of the idea that love comes from the flesh, that my looks and my wit shall guarantee how much and how long I am to be loved. All I ever wanted was love without questions or promises, something to call real, to call mine, to bring me calm and courage. I would wait for it, I know I would simply because it would be worth waiting. I believe we need to share the most beautiful feelings!

Yesterday I finished reading another book by my favourite author, and there were two fantastic narratives which, as usual, have made me realize so much about my own character. In the first one, the narrator is cruel to his wife meaning the opposite, and he imagines the way she feels about him and is so convinced by it that when things turn out completely different - the truth is that the way he treated her has made any kind of good feeling disappear - he just can't understand what went wrong. She ends up in a coffin; he ends up by her side, tears in his eyes, reassessing why things couldn't be any different. It was called A gentle creature.

In the second one, The dream of a ridiculous man, the narrator is considered ridiculous because he feels indifferent to the world, so indifferent that one morning he wakes up and decides to kill himself just to have a different day. On this same day, he comes across a little poor girl who he mistreats, goes back home and has a dream - in this dream, the world was pure and crowded with innocent and beautiful creatures, but as he comes along, he spreads evil all over the place. He is so ridiculous that when he asks to be crucified to pay for all the harm he's done, people laugh at him. So ridiculous that when he preaches about unconditional love, he's considered mentally ill - just ridiculous.

This world that we see, this is not where I stand. I stand on clouds of mercy; I'm embraced by a constant understanding that love is all we have left, a key to a secret universe. I can't have children, and I think somebody is going to tell me that sooner or later. The consequence? Maybe a limited life, I don't know. All I shall always want is pure love pumping through my veins, that's all that matters. So I guess I'll wait, live a little, love in all sorts of possible ways... and see what happens.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Depois de ontem

Acho que é a primeira vez que não expresso meus sentimentos com relação ao dia quinze de outubro no dia quinze de outubro. Deve ter sido porque eu trabalhei, estudei, ensaiei minha coreografia em casa pro Bruno ver - e ele fingiu que viu, valeu a intenção - mas não parei pra pensar no meu dia nem na minha profissão. Recebi um email lindo de um aluno querido, um presente de uma aluna particular muito delicada e parabéns da minha mãe e do meu sobrinho, que me dão presente todo ano. De bênção a maldição, já xinguei e agradeci mais vezes do que meus dedos podem contar, e mesmo com tantos percalços, continuo a estudar e a vislumbrar um futuro realmente melhor, com condições dignas de trabalho para os professores de inglês de verdade do nosso país. Quando digo de verdade, me refiro à formação, à qualificação continuada e ao compromisso com a classe, com a profissão e com a disciplina. Apesar de ser uma maçã que caiu da árvore de Tiradentes (sim, existe um parentesco; não, nunca parei para descobrir exatamente qual), não nasci pra ser mártir, e gostaria muito de bater no peito e dizer que minha missão no mundo é iniciar uma revolução, deixar minha marca por esses caminhos bem aqui, na minha própria terra, mas quando vejo essa política, essa República do Café com Leite que só está disfarçada pra quem nunca teve uma boa aula de história, fico descrente demais. Ainda bem que descrença não é sinônimo de desistência. Mais do que cantar ou escrever, ensinar é deixar o seu recado, é transformar com um sorriso, uma opinião, é acreditar que todo mundo pode aprender, é se emocionar com a forma como uma aula pode mudar uma pessoa, duas, várias... para sempre. Ensinar é a minha cachaça, e o que eu recebo, o que eu aprendo, tudo isso vale muito mais que dinheiro de gente grande - vale dinheiro de gente sábia. Parabéns, professores de verdade. Avante!

Depois de ontem

Acho que é a primeira vez que não expresso meus sentimentos com relação ao dia quinze de outubro no dia quinze de outubro. Deve ter sido porque eu trabalhei, estudei, ensaiei minha coreografia em casa pro Bruno ver - e ele fingiu que viu, valeu a intenção - mas não parei pra pensar no meu dia nem na minha profissão. Recebi um email lindo de um aluno querido, um presente de uma aluna particular muito delicada e parabéns da minha mãe e do meu sobrinho, que me dão presente todo ano. De bênção a maldição, já xinguei e agradeci mais vezes do que meus dedos podem contar, e mesmo com tantos percalços, continuo a estudar e a vislumbrar um futuro realmente melhor, com condições dignas de trabalho para os professores de inglês de verdade do nosso país. Quando digo de verdade, me refiro à formação, à qualificação continuada e ao compromisso com a classe, com a profissão e com a disciplina. Apesar de ser uma maçã que caiu da árvore de Tiradentes (sim, existe um parentesco; não, nunca parei para descobrir exatamente qual), não nasci pra ser mártir, e gostaria muito de bater no peito e dizer que minha missão no mundo é iniciar uma revolução, deixar minha marca por esses caminhos bem aqui, na minha própria terra, mas quando vejo essa política, essa República do Café com Leite que só está disfarçada pra quem nunca teve uma boa aula de história, fico descrente demais. Ainda bem que descrença não é sinônimo de desistência. Mais do que cantar ou escrever, ensinar é deixar o seu recado, é transformar com um sorriso, uma opinião, é acreditar que todo mundo pode aprender, é se emocionar com a forma como uma aula pode mudar uma pessoa, duas, várias... para sempre. Ensinar é a minha cachaça, e o que eu recebo, o que eu aprendo, tudo isso vale muito mais que dinheiro de gente grande - vale dinheiro de gente sábia. Parabéns, professores de verdade. Avante!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Tout le monde

"Tout le monde est une drôle de personne,
Et tout le monde a l'âme emmêlée,
Tout le monde a de l'enfance qui ronronne,
Au fond d'une poche oubliée,
Tout le monde a des restes de rêves,
Et des coins de vie dévastés,
Tout le monde a cherché quelque chose un jour,
Mais tout le monde ne l'a pas trouvé,
Mais tout le monde ne l'a pas trouvé.
Il faudrait que tout le monde réclame auprès des autorités,
Une loi contre toute notre solitude,
Que personne ne soit oublié,
Et que personne ne soit oublié
Tout le monde a une seule vie qui passe,
Mais tout le monde ne s'en souvient pas,
J'en vois qui la plient et même qui la cassent,
Et j'en vois qui ne la voient même pas,
Et j'en vois qui ne la voient même pas.
Il faudrait que tout le monde réclame auprès des autorités,
Une loi contre toute notre indifférence,
Que personne ne soit oublié,
Et que personne ne soit oublié.
Tout le monde est une drôle de personne,
Et tout le monde a une âme emmêlée,
Tout le monde a de l'enfance qui résonne,
Au fond d'une heure oubliée,
Au fond d'une heure oubliée."

http://letras.mus.br/carla-bruni/190189/

 

Tout le monde

"Tout le monde est une drôle de personne,
Et tout le monde a l'âme emmêlée,
Tout le monde a de l'enfance qui ronronne,
Au fond d'une poche oubliée,
Tout le monde a des restes de rêves,
Et des coins de vie dévastés,
Tout le monde a cherché quelque chose un jour,
Mais tout le monde ne l'a pas trouvé,
Mais tout le monde ne l'a pas trouvé.
Il faudrait que tout le monde réclame auprès des autorités,
Une loi contre toute notre solitude,
Que personne ne soit oublié,
Et que personne ne soit oublié
Tout le monde a une seule vie qui passe,
Mais tout le monde ne s'en souvient pas,
J'en vois qui la plient et même qui la cassent,
Et j'en vois qui ne la voient même pas,
Et j'en vois qui ne la voient même pas.
Il faudrait que tout le monde réclame auprès des autorités,
Une loi contre toute notre indifférence,
Que personne ne soit oublié,
Et que personne ne soit oublié.
Tout le monde est une drôle de personne,
Et tout le monde a une âme emmêlée,
Tout le monde a de l'enfance qui résonne,
Au fond d'une heure oubliée,
Au fond d'une heure oubliée."

http://letras.mus.br/carla-bruni/190189/

 

domingo, 14 de outubro de 2012

Faltam seis meses

Ai, que saudade do meu sorriso...

Faltam seis meses

Ai, que saudade do meu sorriso...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Letramento conjugal

Eu disse que iria com ele; isso é um fato. Havíamos já há algum tempo estabelecido esse planejamento. Configuramos nossas vidas visando a acessar mais facilmente nossas atribuições dentro de uma concepção comum acerca do que vem a ser um relacionamento. Absorvia todas aquelas regras e pensava: Continue assim - isso é só um teste; você está indo bem. Desenvolvemos uma planilha de gastos mensais e outra de tarefas domésticas, mais um cardápio semanal com os nutrientes e calorias necessários para uma vida, digamos, sem muitas emoções. Investigamos por um período aproximado de seis meses qual seria o animal de estimação mais adequado para as dimensões exatas de nosso apartamento - os resultados foram inconclusivos. Estabelecemos um plano de ação que abarcava atividades a serem realizadas dentro de nosso tempo livre, que fora calculado com precisão de forma a otimizar horários vagos em comum. O coito era programado para atender às necessidades fisiológicas e reprodutivas simultaneamente. Os vícios foram erradicados com o objetivo de aumentar o valor das parcelas do financiamento imobiliário, e atividades remuneradas esporádicas foram incorporadas à rotina a fim de alimentar o fundo de pensão, o de reformas eventuais e o de viagens de fim de ano. Criou-se um mecanismo sólido, acima de qualquer suspeita - e a máquina ia girando sem grandes atribulações. Ao antecipar qualquer tipo de problema, meu marido não fazia economia: adquiria o óleo mais sofisticado e sem demora lubrificava o segmento que começava a dar sinais de ferrugem ou descarrilhamento. Essas pequenas extravagâncias serenavam meus anseios por um momento, e no próximo já havia uma série de outras atribuições a serem cumpridas. A disciplina organiza o tempo produtivo e otimiza o tempo ocioso em torno do trivial. Falta-me, por conseguinte, embasamento para compreender o motivo pelo qual vive-se de maneira total e completamente diversa. Ah, mas isso é história para outra história. Eu disse que iria com ele; isso é um fato. Vesti minha melhor roupa, escovei os cabelos e usei o perfume mais apropriado para a ocasião. À porta da rua, senti-me indisposta, o que não constituía motivo relevante para uma recusa de acordo com nosso código de conduta. Tirei os sapatos, gritei, rasguei as roupas caras que envolviam meu corpo saudável, perfumado, macio, intacto... subi as escadas. Mergulhei na banheira quente e aguardei que ele chegasse com uma xícara de chá e uma dose de calma. Em poucos minutos ele trouxe o chá e a calma. Sentou-se ao meu lado e tirou do bolso um frasco conhecido. Olhou-me nos olhos com ternura e tomou metade dos comprimidos; eu o observava em silêncio. Sem dificuldade, cumpriu aquela última tarefa com a classe que nunca haveria de abandoná-lo - estendeu-me o vidro. Eu disse que iria com ele; isso é um fato. Havíamos já há algum tempo estabelecido esse planejamento. Ele entrou na banheira com meu terno preferido e abraçou-se ao meu corpo trêmulo. Ficamos ali, eu a afagar seus cabelos descoloridos pelo tempo, enquanto ele gradualmente empalidecia, não sei se pelo medo da morte ou por cogitar a ideia de que eu não o faria. Ainda que os anos tenham tecido uma colcha pesada sobre minha memória, lembro-me desse dia com bastante clareza.

Letramento conjugal

Eu disse que iria com ele; isso é um fato. Havíamos já há algum tempo estabelecido esse planejamento. Configuramos nossas vidas visando a acessar mais facilmente nossas atribuições dentro de uma concepção comum acerca do que vem a ser um relacionamento. Absorvia todas aquelas regras e pensava: Continue assim - isso é só um teste; você está indo bem. Desenvolvemos uma planilha de gastos mensais e outra de tarefas domésticas, mais um cardápio semanal com os nutrientes e calorias necessários para uma vida, digamos, sem muitas emoções. Investigamos por um período aproximado de seis meses qual seria o animal de estimação mais adequado para as dimensões exatas de nosso apartamento - os resultados foram inconclusivos. Estabelecemos um plano de ação que abarcava atividades a serem realizadas dentro de nosso tempo livre, que fora calculado com precisão de forma a otimizar horários vagos em comum. O coito era programado para atender às necessidades fisiológicas e reprodutivas simultaneamente. Os vícios foram erradicados com o objetivo de aumentar o valor das parcelas do financiamento imobiliário, e atividades remuneradas esporádicas foram incorporadas à rotina a fim de alimentar o fundo de pensão, o de reformas eventuais e o de viagens de fim de ano. Criou-se um mecanismo sólido, acima de qualquer suspeita - e a máquina ia girando sem grandes atribulações. Ao antecipar qualquer tipo de problema, meu marido não fazia economia: adquiria o óleo mais sofisticado e sem demora lubrificava o segmento que começava a dar sinais de ferrugem ou descarrilhamento. Essas pequenas extravagâncias serenavam meus anseios por um momento, e no próximo já havia uma série de outras atribuições a serem cumpridas. A disciplina organiza o tempo produtivo e otimiza o tempo ocioso em torno do trivial. Falta-me, por conseguinte, embasamento para compreender o motivo pelo qual vive-se de maneira total e completamente diversa. Ah, mas isso é história para outra história. Eu disse que iria com ele; isso é um fato. Vesti minha melhor roupa, escovei os cabelos e usei o perfume mais apropriado para a ocasião. À porta da rua, senti-me indisposta, o que não constituía motivo relevante para uma recusa de acordo com nosso código de conduta. Tirei os sapatos, gritei, rasguei as roupas caras que envolviam meu corpo saudável, perfumado, macio, intacto... subi as escadas. Mergulhei na banheira quente e aguardei que ele chegasse com uma xícara de chá e uma dose de calma. Em poucos minutos ele trouxe o chá e a calma. Sentou-se ao meu lado e tirou do bolso um frasco conhecido. Olhou-me nos olhos com ternura e tomou metade dos comprimidos; eu o observava em silêncio. Sem dificuldade, cumpriu aquela última tarefa com a classe que nunca haveria de abandoná-lo - estendeu-me o vidro. Eu disse que iria com ele; isso é um fato. Havíamos já há algum tempo estabelecido esse planejamento. Ele entrou na banheira com meu terno preferido e abraçou-se ao meu corpo trêmulo. Ficamos ali, eu a afagar seus cabelos descoloridos pelo tempo, enquanto ele gradualmente empalidecia, não sei se pelo medo da morte ou por cogitar a ideia de que eu não o faria. Ainda que os anos tenham tecido uma colcha pesada sobre minha memória, lembro-me desse dia com bastante clareza.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sinais

Nunca tive pretensão alguma e por isso querem que eu sinta culpa agora. A cada braçada, bebo um pouco d'água - pois se até a tentação me ignora... Acreditei nas cartas marcadas do universo e fui deixando que o tempo me empurrasse, que Deus me carregasse ou salpicasse o chão com estrelas douradas que me mostrariam o caminho. Bem, aqui estou: sempre inquieta, nunca sozinha, a olhar pro lado na esperança de alguém me cutucar e dizer que eu estou fazendo tudo errado, que esse negócio de captar os sinais do cosmos é coisa pra gente mais esperta ou coco descomplicado; que eu complico demais por entender de menos, que a resposta está ali, ali, ó, logo depois do meu quadrado. Não chego a buscar outro lugar, mas danço, canto, estudo e penso e tento digerir tudo aquilo e me pergunto tanta coisa e dirijo como gostaria de correr, vôo de olhos abertos... engulo a comida num pulo e sempre tenho um insight na hora de me trocar, uma luzinha dentro da minha cabeça dizendo Ah, Érika, vai com essa que vai fazer muito calor hoje - TRUST ME. Eu acredito. Saio bonita, graciosa, mas chove gatos e cachorros, como dizem os ingleses, e papagaios, meu toque brasileiro. Quase tudo que eu penso é o contrário e já quebrei a cabeça pra olhar bem dentro dela e ver de perto se o parafuso solto pode ser recolocado, recalchutado ou reproduzido em local mais apropriado. O resultado é essa falta de convenções sociais, esse medo do ser humano e esse cansaço que faz doer o corpo de tanto ser lançada num mundo tão grande que mais parece uma prova de múltipla escolha cheia de respostas certas que podem estar erradas. Sou ruim pra caramba em V ou F, me desculpe por chegar a esse lugar sem sonhos no bolso ou balas na boca, sem acreditar em nada. Ao invés de pensar no que eu fiz pra conseguir um vestido branco, flores no cabelo e um quarto-e-sala, feche os olhos e imagine que eu soprei dentro de um balão, ele cresceu, me levou consigo e me deixou aqui, careless, restless but, above all, with no hard feelings.

Sinais

Nunca tive pretensão alguma e por isso querem que eu sinta culpa agora. A cada braçada, bebo um pouco d'água - pois se até a tentação me ignora... Acreditei nas cartas marcadas do universo e fui deixando que o tempo me empurrasse, que Deus me carregasse ou salpicasse o chão com estrelas douradas que me mostrariam o caminho. Bem, aqui estou: sempre inquieta, nunca sozinha, a olhar pro lado na esperança de alguém me cutucar e dizer que eu estou fazendo tudo errado, que esse negócio de captar os sinais do cosmos é coisa pra gente mais esperta ou coco descomplicado; que eu complico demais por entender de menos, que a resposta está ali, ali, ó, logo depois do meu quadrado. Não chego a buscar outro lugar, mas danço, canto, estudo e penso e tento digerir tudo aquilo e me pergunto tanta coisa e dirijo como gostaria de correr, vôo de olhos abertos... engulo a comida num pulo e sempre tenho um insight na hora de me trocar, uma luzinha dentro da minha cabeça dizendo Ah, Érika, vai com essa que vai fazer muito calor hoje - TRUST ME. Eu acredito. Saio bonita, graciosa, mas chove gatos e cachorros, como dizem os ingleses, e papagaios, meu toque brasileiro. Quase tudo que eu penso é o contrário e já quebrei a cabeça pra olhar bem dentro dela e ver de perto se o parafuso solto pode ser recolocado, recalchutado ou reproduzido em local mais apropriado. O resultado é essa falta de convenções sociais, esse medo do ser humano e esse cansaço que faz doer o corpo de tanto ser lançada num mundo tão grande que mais parece uma prova de múltipla escolha cheia de respostas certas que podem estar erradas. Sou ruim pra caramba em V ou F, me desculpe por chegar a esse lugar sem sonhos no bolso ou balas na boca, sem acreditar em nada. Ao invés de pensar no que eu fiz pra conseguir um vestido branco, flores no cabelo e um quarto-e-sala, feche os olhos e imagine que eu soprei dentro de um balão, ele cresceu, me levou consigo e me deixou aqui, careless, restless but, above all, with no hard feelings.

domingo, 7 de outubro de 2012

Lá de longe

A distância. À distância? Ah, distância, eu ainda te pego; mas com toda essa distância... Com toda essa distância a cabeça fica doida e passa a criar um milhão de fantasias. A distância é a irmã mais velha da hipocrisia, tia do juízo, juíza do supremo tribunal da vida política, amorosa e desatinos de todo dia. A distância transforma cachorro em gato, olhadinha na rua em amor eterno não realizado... tragédia grega em casinho engraçado. À distância se esquece que aquele príncipe sempre será um sapo e que não há nada de extraordinário naquela história que nasceu, morreu e acabou sem que alguém tivesse sido comunicado. Pois se à distância nem parece que o Collor foi impeachmado... A distância tinha era que curar, não virar palco de maluco ou migalha pra  necessitado.

Lá de longe

A distância. À distância? Ah, distância, eu ainda te pego; mas com toda essa distância... Com toda essa distância a cabeça fica doida e passa a criar um milhão de fantasias. A distância é a irmã mais velha da hipocrisia, tia do juízo, juíza do supremo tribunal da vida política, amorosa e desatinos de todo dia. A distância transforma cachorro em gato, olhadinha na rua em amor eterno não realizado... tragédia grega em casinho engraçado. À distância se esquece que aquele príncipe sempre será um sapo e que não há nada de extraordinário naquela história que nasceu, morreu e acabou sem que alguém tivesse sido comunicado. Pois se à distância nem parece que o Collor foi impeachmado... A distância tinha era que curar, não virar palco de maluco ou migalha pra  necessitado.