sábado, 31 de julho de 2010

Anti-herói

É aos bons olhos um bom moço. Mata pessoas em sonhos e sente-se bem em roubar-lhes os modos e a juventude. Julga-se inapto a despertar sentimentos fiéis; considera-se culpado de um crime que não cometeu: é bonito demais. Esse fato lhe renderia análises piegas e absurdamente falhas acerca da existência. Secretamente lhe faltam palavras - na prática tudo à sua volta é mistério. Desconhece a origem da compaixão, é anti-clichês e se justifica no que não é e não há. Não respeita a autoridade, mas admira o sucesso. Sobe no muro e só desce quando a batalha está comprovadamente perdida do lado de cá ou do de lá - ganha nunca estará. Vive no fundo mais profundo de seu inconsciente - e eu vivo esperando que ele acorde...

Anti-herói

É aos bons olhos um bom moço. Mata pessoas em sonhos e sente-se bem em roubar-lhes os modos e a juventude. Julga-se inapto a despertar sentimentos fiéis; considera-se culpado de um crime que não cometeu: é bonito demais. Esse fato lhe renderia análises piegas e absurdamente falhas acerca da existência. Secretamente lhe faltam palavras - na prática tudo à sua volta é mistério. Desconhece a origem da compaixão, é anti-clichês e se justifica no que não é e não há. Não respeita a autoridade, mas admira o sucesso. Sobe no muro e só desce quando a batalha está comprovadamente perdida do lado de cá ou do de lá - ganha nunca estará. Vive no fundo mais profundo de seu inconsciente - e eu vivo esperando que ele acorde...

Muzzy


Some people are mad about big things. I'm so afraid of them, have always been... Is that why I often feel so small?

Muzzy


Some people are mad about big things. I'm so afraid of them, have always been... Is that why I often feel so small?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Cinderela wannabe

Oito. Nove. Dez. Dez e meia! Acordar às dez e meia é pensar no almoço. Tão perto, Jesus... Extraordinariamente fui para a cozinha. Fiz arroz. Hambúrguer. Omelete. Tudo queimou. Sem esperança, resolvi fazer uma sesta. Acordei às quatro. Quatro!!! !@#$%¨&*&¨%*$%#! Como é possível que o nosso corpo queira dormir tanto assim? Minha idéia: vamos praticar um esporte, exercitar bastante pra conseguir dormir à noite. Olhei pra um lado, pro outro... Não tem jeito: é isso, não adianta fugir, chorar ou fingir que aquilo tudo não está lá - é hora da faxina. Cinco. Seis. Sete. Oito. Luvas rasgadas, mãos rachadas, costas queimando, água, sabão, esfrega, rodo, bucha, desinfetante, pano, cera, polimento, tantos produtos químicos, altamente nocivos à sanidade do ser humano, não, não, não, inferno! Otimizador de performance: cerveja + música. Resultado: não desejo isso a ninguém, nunca, em circunstância alguma (e se alguém algum dia te disser que adora limpeza, saiba que é caso de mão-de-obra terceirizada ou patologia passível de internação...). Minha beleza foi sugada pelo ralo do banheiro de tal forma que Fada Madrinha nenhuma dá jeito nessa situação. E ai do príncipe se não fizer a corte...

Cinderela wannabe

Oito. Nove. Dez. Dez e meia! Acordar às dez e meia é pensar no almoço. Tão perto, Jesus... Extraordinariamente fui para a cozinha. Fiz arroz. Hambúrguer. Omelete. Tudo queimou. Sem esperança, resolvi fazer uma sesta. Acordei às quatro. Quatro!!! !@#$%¨&*&¨%*$%#! Como é possível que o nosso corpo queira dormir tanto assim? Minha idéia: vamos praticar um esporte, exercitar bastante pra conseguir dormir à noite. Olhei pra um lado, pro outro... Não tem jeito: é isso, não adianta fugir, chorar ou fingir que aquilo tudo não está lá - é hora da faxina. Cinco. Seis. Sete. Oito. Luvas rasgadas, mãos rachadas, costas queimando, água, sabão, esfrega, rodo, bucha, desinfetante, pano, cera, polimento, tantos produtos químicos, altamente nocivos à sanidade do ser humano, não, não, não, inferno! Otimizador de performance: cerveja + música. Resultado: não desejo isso a ninguém, nunca, em circunstância alguma (e se alguém algum dia te disser que adora limpeza, saiba que é caso de mão-de-obra terceirizada ou patologia passível de internação...). Minha beleza foi sugada pelo ralo do banheiro de tal forma que Fada Madrinha nenhuma dá jeito nessa situação. E ai do príncipe se não fizer a corte...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Gente sem asa

Flor de mim
pedaço de você
cheiro de quem te viu
quem te vê...
Cara de caro
cor de tv
pompa e circunstância
sem por quê -
vivo de longe
terra distante
careta
coisa de outro planeta
sem mim
sem você
sem flor
sem pedaço
presa em gaiola de aço
até aprender.

Gente sem asa

Flor de mim
pedaço de você
cheiro de quem te viu
quem te vê...
Cara de caro
cor de tv
pompa e circunstância
sem por quê -
vivo de longe
terra distante
careta
coisa de outro planeta
sem mim
sem você
sem flor
sem pedaço
presa em gaiola de aço
até aprender.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Antes só do que mal acompanhada? Hã? Hein? Ui!

Let's assume we simply take this statement for granted. That's exactly what we do wrong. Has it ever crossed your mind that the only reason you are alive and kicking is the fact that just for once two people didn't agree with it? Has it ever occurred to you how depressing it might be to be alone for ages (specially if you're not "Miss Bold, Bright and Shiny")? We, people, complain about partners every day, all the time, till suddenly that one question pops up: so why don't you just leave the mother-fucking bastard? They can't. We can't either. There's the snoring, the clothes scattered all over the place, the indoor smoking, the heavy beer-football combination AND the occasional sex. There's the beauty products, the fashion shows, the grunting, the moaning, the sobbing, the overannoying-complaining-everyday process AND the occasional sex. Some even dare to say "I didn't apply for this". Well, do you honestly think someone has applied for this out of shape freaking mess who answers by your name as well? It's true that we go through the most unimaginable situations when there are two of us, fucked up beings; basically from killing to dying. Sometimes we go off the deep end so often we think that happiness is just a little something strange people once told you about, a state of mind only achieved after two hours of meditation or when we are deeply high. Seriously, is being alone ever gonna be that much fun? Don't buy a double lamp set if you don't want to, but always keep that spare blanket at hand - after all, it's cold every year, aye?...

Antes só do que mal acompanhada? Hã? Hein? Ui!

Let's assume we simply take this statement for granted. That's exactly what we do wrong. Has it ever crossed your mind that the only reason you are alive and kicking is the fact that just for once two people didn't agree with it? Has it ever occurred to you how depressing it might be to be alone for ages (specially if you're not "Miss Bold, Bright and Shiny")? We, people, complain about partners every day, all the time, till suddenly that one question pops up: so why don't you just leave the mother-fucking bastard? They can't. We can't either. There's the snoring, the clothes scattered all over the place, the indoor smoking, the heavy beer-football combination AND the occasional sex. There's the beauty products, the fashion shows, the grunting, the moaning, the sobbing, the overannoying-complaining-everyday process AND the occasional sex. Some even dare to say "I didn't apply for this". Well, do you honestly think someone has applied for this out of shape freaking mess who answers by your name as well? It's true that we go through the most unimaginable situations when there are two of us, fucked up beings; basically from killing to dying. Sometimes we go off the deep end so often we think that happiness is just a little something strange people once told you about, a state of mind only achieved after two hours of meditation or when we are deeply high. Seriously, is being alone ever gonna be that much fun? Don't buy a double lamp set if you don't want to, but always keep that spare blanket at hand - after all, it's cold every year, aye?...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Por que não eu?

Olhe só para ela. Um corpo de dar água na boca aos cavalheiros e às damas que o permitem. Carne doce, macia, embebida em suave perfume. Olhos rasos, curiosos, vibrantes. Seu riso tolo arranca sorrisos; toda ela segue envolta por uma atmosfera pueril. O vento pede para pentear-lhe os cabelos, a grama a convida para uma valsa. Ela é a mais pura expressão da beleza, e isso não lhe importa... Ela acredita no que vê... e não vê o que não acredita. Não ela; ela não. Por que não eu? Afinal, ainda disponho de um baú de charmes. Sou espirituosa, deixo-me levar, pareço inofensiva. Com um olhar sou capaz de te chamar para ver o que acontece. Sou intensa, profunda... e nada silenciosa. Prometo fingir que te quero muitíssimo já ao primeiro momento, prometo até fingir que te amo, com tanto ardor que mesmo a criatura mais astuta e observadora se compadeceria. Minha vileza é bem peculiar, minhas artimanhas são tão sedutoras quanto desconhecidas. Comprometo-me a estrelar todo o ato, assino agora mesmo o contrato que garante minha presença em cada episódio da trilogia. Amo-te; perco-me; perco-te de vista, desconsoladamente - mais uma beldade indefesa a enfeitar sua vasta estante. Hei de chorar em ambientes públicos, e farei com que amigos espalhem meu pesar até que ele chegue como música aos seus ouvidos. Rirei contigo e chorarei por ti - sei que isso te basta. Deixe que a fada-sereia conheça o amor verdadeiro... Deixe que sua beleza perpétua encontre um coração que bata calmo e completo somente por ela. Que seu primeiro amor seja logo o mais bonito; a única missão de pessoas assim tão belas é atrair ainda mais beleza. Já vi demais, já sofri o que devia e o que ainda devo ter a pagar - ninguém melhor que eu para ser a sua presa. Se pensar bem, todos saem ganhando: eu serei seu troféu, você será meu ser. Vou retratá-lo como bem entender, colocá-lo em meio a todo tipo de embaraço, como um boneco de pano, e você, sempre tão cheio de si, nunca há de saber. Sim, sim, assim está magnífico! Vou já pegar meu caderninho e tomar nota: é hora de começar a escrever...

Por que não eu?

Olhe só para ela. Um corpo de dar água na boca aos cavalheiros e às damas que o permitem. Carne doce, macia, embebida em suave perfume. Olhos rasos, curiosos, vibrantes. Seu riso tolo arranca sorrisos; toda ela segue envolta por uma atmosfera pueril. O vento pede para pentear-lhe os cabelos, a grama a convida para uma valsa. Ela é a mais pura expressão da beleza, e isso não lhe importa... Ela acredita no que vê... e não vê o que não acredita. Não ela; ela não. Por que não eu? Afinal, ainda disponho de um baú de charmes. Sou espirituosa, deixo-me levar, pareço inofensiva. Com um olhar sou capaz de te chamar para ver o que acontece. Sou intensa, profunda... e nada silenciosa. Prometo fingir que te quero muitíssimo já ao primeiro momento, prometo até fingir que te amo, com tanto ardor que mesmo a criatura mais astuta e observadora se compadeceria. Minha vileza é bem peculiar, minhas artimanhas são tão sedutoras quanto desconhecidas. Comprometo-me a estrelar todo o ato, assino agora mesmo o contrato que garante minha presença em cada episódio da trilogia. Amo-te; perco-me; perco-te de vista, desconsoladamente - mais uma beldade indefesa a enfeitar sua vasta estante. Hei de chorar em ambientes públicos, e farei com que amigos espalhem meu pesar até que ele chegue como música aos seus ouvidos. Rirei contigo e chorarei por ti - sei que isso te basta. Deixe que a fada-sereia conheça o amor verdadeiro... Deixe que sua beleza perpétua encontre um coração que bata calmo e completo somente por ela. Que seu primeiro amor seja logo o mais bonito; a única missão de pessoas assim tão belas é atrair ainda mais beleza. Já vi demais, já sofri o que devia e o que ainda devo ter a pagar - ninguém melhor que eu para ser a sua presa. Se pensar bem, todos saem ganhando: eu serei seu troféu, você será meu ser. Vou retratá-lo como bem entender, colocá-lo em meio a todo tipo de embaraço, como um boneco de pano, e você, sempre tão cheio de si, nunca há de saber. Sim, sim, assim está magnífico! Vou já pegar meu caderninho e tomar nota: é hora de começar a escrever...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Obrigada

É hora de agradecer. Agradecer por termos tantas cervejas diferentes ao nosso redor, agradecer porque o supermercado é ali ao lado. Agradecer por cada celulite, já que elas sim têm muita história pra contar, histórias de um tempo feliz... É necessário agradecer pelos sonhos que não se realizaram, pois afinal eu nem queria mesmo... Se eles virarem verdade, lembrarei-me de agradecer pelo bônus. Crucial é agradecer pelo banho de imoralidade com que os Simpsons nos presenteiam todas as noites - e, claro, pela possibilidade de ter tv a cabo em casa, uma oportunidade única de colocar nosso cérebro em stand by. Disseram-me outro dia que eu deveria agradecer pela maravilha de estar viva, por ver o céu azul da janela do meu quarto, por ter saúde, que me possibilita ter um emprego, que me possibilita ter dinheiro, que me possibilita ter prazer na vida, uma vida digna! É tão complicado ser incompreendida... Respondi que todos os meus agradecimentos específicos estavam claramente contidos nos ideais, e que alguém andava assistindo a muita televisão. Um segredo? Agradeço por isso, hehehe...

Obrigada

É hora de agradecer. Agradecer por termos tantas cervejas diferentes ao nosso redor, agradecer porque o supermercado é ali ao lado. Agradecer por cada celulite, já que elas sim têm muita história pra contar, histórias de um tempo feliz... É necessário agradecer pelos sonhos que não se realizaram, pois afinal eu nem queria mesmo... Se eles virarem verdade, lembrarei-me de agradecer pelo bônus. Crucial é agradecer pelo banho de imoralidade com que os Simpsons nos presenteiam todas as noites - e, claro, pela possibilidade de ter tv a cabo em casa, uma oportunidade única de colocar nosso cérebro em stand by. Disseram-me outro dia que eu deveria agradecer pela maravilha de estar viva, por ver o céu azul da janela do meu quarto, por ter saúde, que me possibilita ter um emprego, que me possibilita ter dinheiro, que me possibilita ter prazer na vida, uma vida digna! É tão complicado ser incompreendida... Respondi que todos os meus agradecimentos específicos estavam claramente contidos nos ideais, e que alguém andava assistindo a muita televisão. Um segredo? Agradeço por isso, hehehe...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Grão de arroz

Era uma vez uma menina que se sentia pequena como um grão de arroz. Todos os dias ela agradecia pelos caramelos e chocolates, e pedia para ser maior. Um novo dia começava e lá estava nossa amiguinha em frente ao espelho. Olhava-se de um lado, virava para o outro... mas via exatamente a mesma coisa. Na classe era a mais bonita; no pátio a mais inteligente. Só ela não via. Numa noite de chuva, antes de dormir, a menina resolveu fazer diferente. Ao invés de pedir para ser maior, ela pediu que alguém contasse a ela por que sentia-se sempre tão pequena - por que, como o grão de arroz, ela estufava o peito de tristeza mas não chorava; por que ela fechava os olhos e tentava estourar como uma pipoca, mas não conseguia. Um grilo então entrou pela janela e disse-lhe sem rodeios que ela precisava fazer as pazes com o pai. Muitas foram as pedras a formarem-se em suas delicadas mãos. A menina pensava, a pedra surgia. Quando parou de pensar e olhou em volta, o quarto estava cheio de pedras, de vários tamanhos, por todos os lados. A menina chorou e pediu ao grilo que as levasse embora. Chorou tanto, soluçou tanto, que suas lágrimas levaram as pedras para fora. O grilo ficou curioso. "Por que choras tanto, bela menina? Por que choras assim?" Os lábios da menina se abriram, trêmulos, e com muito esforço ela pôde responder. "Ele se foi. Não voltará mais". "Você ainda pode perdoá-lo. Tudo o que precisa fazer é apertar um botãozinho vermelho, dentro do seu coração". O grilo se foi. A menina se tornou uma bela moça. Era certamente a mais bonita e inteligente de todo o povoado. Sua meiguice atraía crianças, sua desenvoltura atraía os mais belos rapazes. A moça se casou duas vezes e se preparava para casar-se uma terceira quando, cuidando do jardim, sentiu-se mal e ali mesmo desfaleceu. Dois renomados médicos vieram às pressas da cidade, mas já era tarde demais para salvá-la. Abriram-lhe o peito para verificar o ocorrido. Ficaram ambos estarrecidos. No lugar do coração da jovem, havia uma grande pedra negra. Um tanto confusos, tentaram retirá-la. A pedra, porém, despedaçou-se inteira ao primeiro toque. No centro, localizaram um botão vermelho, que jamais havia sido apertado. Hoje em dia ainda há estudos sobre o caso, e tratamentos para picadas de todos os tipos de insetos foram descobertos. Ah, sim, devo explicar - há quem diga que a moça foi vista em companhia de um grilo antes da morte súbita.

Grão de arroz

Era uma vez uma menina que se sentia pequena como um grão de arroz. Todos os dias ela agradecia pelos caramelos e chocolates, e pedia para ser maior. Um novo dia começava e lá estava nossa amiguinha em frente ao espelho. Olhava-se de um lado, virava para o outro... mas via exatamente a mesma coisa. Na classe era a mais bonita; no pátio a mais inteligente. Só ela não via. Numa noite de chuva, antes de dormir, a menina resolveu fazer diferente. Ao invés de pedir para ser maior, ela pediu que alguém contasse a ela por que sentia-se sempre tão pequena - por que, como o grão de arroz, ela estufava o peito de tristeza mas não chorava; por que ela fechava os olhos e tentava estourar como uma pipoca, mas não conseguia. Um grilo então entrou pela janela e disse-lhe sem rodeios que ela precisava fazer as pazes com o pai. Muitas foram as pedras a formarem-se em suas delicadas mãos. A menina pensava, a pedra surgia. Quando parou de pensar e olhou em volta, o quarto estava cheio de pedras, de vários tamanhos, por todos os lados. A menina chorou e pediu ao grilo que as levasse embora. Chorou tanto, soluçou tanto, que suas lágrimas levaram as pedras para fora. O grilo ficou curioso. "Por que choras tanto, bela menina? Por que choras assim?" Os lábios da menina se abriram, trêmulos, e com muito esforço ela pôde responder. "Ele se foi. Não voltará mais". "Você ainda pode perdoá-lo. Tudo o que precisa fazer é apertar um botãozinho vermelho, dentro do seu coração". O grilo se foi. A menina se tornou uma bela moça. Era certamente a mais bonita e inteligente de todo o povoado. Sua meiguice atraía crianças, sua desenvoltura atraía os mais belos rapazes. A moça se casou duas vezes e se preparava para casar-se uma terceira quando, cuidando do jardim, sentiu-se mal e ali mesmo desfaleceu. Dois renomados médicos vieram às pressas da cidade, mas já era tarde demais para salvá-la. Abriram-lhe o peito para verificar o ocorrido. Ficaram ambos estarrecidos. No lugar do coração da jovem, havia uma grande pedra negra. Um tanto confusos, tentaram retirá-la. A pedra, porém, despedaçou-se inteira ao primeiro toque. No centro, localizaram um botão vermelho, que jamais havia sido apertado. Hoje em dia ainda há estudos sobre o caso, e tratamentos para picadas de todos os tipos de insetos foram descobertos. Ah, sim, devo explicar - há quem diga que a moça foi vista em companhia de um grilo antes da morte súbita.

domingo, 11 de julho de 2010

CAN'T PASS ME BY

There was a time when your words and tears
were a catchy tune to my ears;
A time when your truth was so right
I simply couldn't believe mine.
Time is such a breathless sigh...
As it goes by,
we happen to change our minds.
Your speech no longer impresses me,
even though it was all I ever wanted to see.
Your truth is now unknown,
for I'm too busy building up my own.
Your ignorance is no one else's bliss
There's more to life than looking forward to a kiss
a hug
a word
a call...
The same is different now.
It's about time you knew
what should and should have could do
to a life this short...
Sooner or later you shall figure out
through extensive thinking or word of mouth
that the ball, my friend, is in your court.

CAN'T PASS ME BY

There was a time when your words and tears
were a catchy tune to my ears;
A time when your truth was so right
I simply couldn't believe mine.
Time is such a breathless sigh...
As it goes by,
we happen to change our minds.
Your speech no longer impresses me,
even though it was all I ever wanted to see.
Your truth is now unknown,
for I'm too busy building up my own.
Your ignorance is no one else's bliss
There's more to life than looking forward to a kiss
a hug
a word
a call...
The same is different now.
It's about time you knew
what should and should have could do
to a life this short...
Sooner or later you shall figure out
through extensive thinking or word of mouth
that the ball, my friend, is in your court.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Contos de solteira

Entrou e sentou-se à mesa sem ser convidado. Bebeu do meu vinho e contou histórias sobre a vida em outros planetas. Fiquei animada. Bebeu um pouco mais e recitou belos poemas, dos refinados aos ordinários. Citou Bukowski e Augusto dos Anjos. Fiquei maravilhada. Pediu mais uma garrafa e tirou uma viola do bolso da calça. Com ela ensaiou todas as prediletas, num fervor de queimar o peito. Fiquei inacreditavelmente atraída. Levantou-se, caiu e do chão não saiu mais. Fiquei perplexa, paralisada... e sozinha.

Contos de solteira

Entrou e sentou-se à mesa sem ser convidado. Bebeu do meu vinho e contou histórias sobre a vida em outros planetas. Fiquei animada. Bebeu um pouco mais e recitou belos poemas, dos refinados aos ordinários. Citou Bukowski e Augusto dos Anjos. Fiquei maravilhada. Pediu mais uma garrafa e tirou uma viola do bolso da calça. Com ela ensaiou todas as prediletas, num fervor de queimar o peito. Fiquei inacreditavelmente atraída. Levantou-se, caiu e do chão não saiu mais. Fiquei perplexa, paralisada... e sozinha.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Waiting for the sun

Será que em algum ponto da vida eu vou me recuperar dessa síndrome de Caverna do Dragão? Me disseram outro dia que o Mestre dos Magos não é o Vingador, e fiquei mais confusa que cego em tiroteio. Especular sobre o que não se sabe gera uma agonia tremenda, minha nossa... Um brinde à minha e à nossa, porque entre ir sem olhar para trás como Madame Bovary e fingir que vai como Meredith Grey, prefiro dar uma de Bentinho e esperar pela verdade que só Deus conhece. Em outras palavras: passo todo o tempo ansiando por uma grande surpresa...

Waiting for the sun

Será que em algum ponto da vida eu vou me recuperar dessa síndrome de Caverna do Dragão? Me disseram outro dia que o Mestre dos Magos não é o Vingador, e fiquei mais confusa que cego em tiroteio. Especular sobre o que não se sabe gera uma agonia tremenda, minha nossa... Um brinde à minha e à nossa, porque entre ir sem olhar para trás como Madame Bovary e fingir que vai como Meredith Grey, prefiro dar uma de Bentinho e esperar pela verdade que só Deus conhece. Em outras palavras: passo todo o tempo ansiando por uma grande surpresa...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Qual é a música?

Hoje lembrei-me daquela música "Doesn't remind me" do Audio Slave. Se ela fosse minha, seria "doesn't make me proud". I walk streets of myself till I get bored, and what I see doesn't make me proud of anything. Lembrei-me então de uma outra, "No feelings", do Sex Pistols. No, no feelings for anybody else wouldn't make me proud anyway. Foi quando pensei no poder avassalador da tristeza e me veio uma última canção: "Samba da Bênção", de Vinícius. Nada mais triste. Tão triste que jamais vai convencer alguém que a alegria é a melhor coisa que existe. Estou cansada de nadar contra a correnteza, exausta... de forma desoladora. Quando eu ficava triste assim, minha mãe dizia que era fome ou cansaço. Acho que ela pode estar certa. Vou comer um misto quente, tomar um banho quente e amanhã conto pra vocês... Por enquanto acho que preciso reouvir "Rehab".

Qual é a música?

Hoje lembrei-me daquela música "Doesn't remind me" do Audio Slave. Se ela fosse minha, seria "doesn't make me proud". I walk streets of myself till I get bored, and what I see doesn't make me proud of anything. Lembrei-me então de uma outra, "No feelings", do Sex Pistols. No, no feelings for anybody else wouldn't make me proud anyway. Foi quando pensei no poder avassalador da tristeza e me veio uma última canção: "Samba da Bênção", de Vinícius. Nada mais triste. Tão triste que jamais vai convencer alguém que a alegria é a melhor coisa que existe. Estou cansada de nadar contra a correnteza, exausta... de forma desoladora. Quando eu ficava triste assim, minha mãe dizia que era fome ou cansaço. Acho que ela pode estar certa. Vou comer um misto quente, tomar um banho quente e amanhã conto pra vocês... Por enquanto acho que preciso reouvir "Rehab".

domingo, 4 de julho de 2010

Gangorra




Uma vez perguntei a um conhecido o que era mais fácil, ser legal ou grosseiro com os outros. Certamente havia feito essa pergunta com base no seu comportamento no mínimo oscilante para com os demais. Sem pestanejar, o camarada respondeu que pra ele não fazia a menor diferença. Entendi que ele sentia a mesma coisa sendo agradável ou escroto - ou seja, nada. Nem um friozinho na barriga, nem uma gagueira temporária, nem uma sensação de ter as bochechas queimando. Me dói tanto o estômago quando preciso dar uma dura que tenho a plena convicção de sentir mais que o sujeito "réu". Já engoli uma boa meia dúzia de sapos por conta desse meu problema, e talvez até por isso acredite piamente que essa seja a única forma de ensinarmos algo valioso a alguém e reestabelecermos a paz conosco. Fazer uma cena então, bufando em silêncio, olhando pra outro lugar que não a pessoa, isso sem dúvida me mataria de infarto fulminante, porque além de não resolver o problema - já que eu estou tão ocupada ficando puta que não consigo argumentar - gera um mal estar danado. Mas somos humanos, quem disse que é fácil elevar o espírito e ter qualquer tipo de clareza nessa hora? É chato ser grosseiro, mas pior ainda é estar errado. O errado não argumenta - o errado já estava errado, já é errado. O errado escuta calado, choro mexendo na garganta como um refluxo. O errado já assinou duas advertências, está a um passo da porta da rua, e por isso ele se martiriza. Troca o acerto pelo martírio, e erra de novo. O errado é obrigado a receber todas as reações humanas de desgosto pelo seu erro, das mais veladas às mais objetivas, passando pelas grosseiras - sem se manifestar, ele engole todas elas e volta ao trabalho. O errado já errou tanto que não tem o que dizer; suas desculpas são só desculpas. Ainda assim, existem os que mais uma vez estendem a mão àquela pessoa notoriamente errada, naturalmente com condições e limite de tolerância. Regras para a "vítima" da anarquia - não há nada mais importante. Isso se chama tentativa.

Gangorra




Uma vez perguntei a um conhecido o que era mais fácil, ser legal ou grosseiro com os outros. Certamente havia feito essa pergunta com base no seu comportamento no mínimo oscilante para com os demais. Sem pestanejar, o camarada respondeu que pra ele não fazia a menor diferença. Entendi que ele sentia a mesma coisa sendo agradável ou escroto - ou seja, nada. Nem um friozinho na barriga, nem uma gagueira temporária, nem uma sensação de ter as bochechas queimando. Me dói tanto o estômago quando preciso dar uma dura que tenho a plena convicção de sentir mais que o sujeito "réu". Já engoli uma boa meia dúzia de sapos por conta desse meu problema, e talvez até por isso acredite piamente que essa seja a única forma de ensinarmos algo valioso a alguém e reestabelecermos a paz conosco. Fazer uma cena então, bufando em silêncio, olhando pra outro lugar que não a pessoa, isso sem dúvida me mataria de infarto fulminante, porque além de não resolver o problema - já que eu estou tão ocupada ficando puta que não consigo argumentar - gera um mal estar danado. Mas somos humanos, quem disse que é fácil elevar o espírito e ter qualquer tipo de clareza nessa hora? É chato ser grosseiro, mas pior ainda é estar errado. O errado não argumenta - o errado já estava errado, já é errado. O errado escuta calado, choro mexendo na garganta como um refluxo. O errado já assinou duas advertências, está a um passo da porta da rua, e por isso ele se martiriza. Troca o acerto pelo martírio, e erra de novo. O errado é obrigado a receber todas as reações humanas de desgosto pelo seu erro, das mais veladas às mais objetivas, passando pelas grosseiras - sem se manifestar, ele engole todas elas e volta ao trabalho. O errado já errou tanto que não tem o que dizer; suas desculpas são só desculpas. Ainda assim, existem os que mais uma vez estendem a mão àquela pessoa notoriamente errada, naturalmente com condições e limite de tolerância. Regras para a "vítima" da anarquia - não há nada mais importante. Isso se chama tentativa.

sábado, 3 de julho de 2010

Current impressions of Earth

Oh, sun, why must I burn?
I'm just trying to learn...
(Cardigans)

Current impressions of Earth

Oh, sun, why must I burn?
I'm just trying to learn...
(Cardigans)

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sonho, poeira e névoa

Não sei ser se não menino
já sei que barulho é sino
cantar liberdade é hino
ou moda?

Tem graça brincar de roda
tem flor bela que se poda
até guaraná que é soda
ou fanta.

Vai ver Madalena é santa,
ou que o que é bom se canta
e o que é ruim se planta
segundo.

Pra descobrir o que é fundo
é bom desfrutar do imundo
o mundo domina o mundo
mais nada.

Ruim é cobra criada
que mete seu pé na estrada
sem rumo e sem caminhada
orgulho.

Queria que em um mergulho
o lixo virasse entulho
o beijo virasse esbulho
com pena.

A lua a cantar serena
diria na estrofe amena
que a alma não é pequena
diário.

Há sonhos dentro do armário
enquanto o que é ordinário
te faz respirar no aquário
de terra.

Nem tente vencer a guerra
porque se vc não berra
Não ganha enquanto não erra
sozinho.

No meio do seu caminho
podia haver um espinho
pro dia mover moinho
de noite.

Um dia com muita sorte...

Sonho, poeira e névoa

Não sei ser se não menino
já sei que barulho é sino
cantar liberdade é hino
ou moda?

Tem graça brincar de roda
tem flor bela que se poda
até guaraná que é soda
ou fanta.

Vai ver Madalena é santa,
ou que o que é bom se canta
e o que é ruim se planta
segundo.

Pra descobrir o que é fundo
é bom desfrutar do imundo
o mundo domina o mundo
mais nada.

Ruim é cobra criada
que mete seu pé na estrada
sem rumo e sem caminhada
orgulho.

Queria que em um mergulho
o lixo virasse entulho
o beijo virasse esbulho
com pena.

A lua a cantar serena
diria na estrofe amena
que a alma não é pequena
diário.

Há sonhos dentro do armário
enquanto o que é ordinário
te faz respirar no aquário
de terra.

Nem tente vencer a guerra
porque se vc não berra
Não ganha enquanto não erra
sozinho.

No meio do seu caminho
podia haver um espinho
pro dia mover moinho
de noite.

Um dia com muita sorte...

AA

Hoje fazem três anos, quatro meses, doze dias, duas horas e seis minutos que eu não penso em você.

AA

Hoje fazem três anos, quatro meses, doze dias, duas horas e seis minutos que eu não penso em você.

Reported speech

Um dia ele não quis mais. Levantou-se e se foi; fechou portas e janelas, disse que tudo era tão complicado... Pouco depois lia-se nas entrelinhas que o querer existia - tão grande que forçava uma resposta. Apostou nos cinquenta por cento de azar, no copo meio vazio. Desconsiderou a química, decidiu chamá-la curiosidade. Derrubou a opção e plantou no lugar uma placa intitulada "impossibilidade". Pesou a situação com uma frieza invejável, empurrou sutilmente o medo para o lado mais fraco, mais duvidoso. Acreditou que estava certo. Idealiza publicamente alguém firme e forte, mas preza quem não lhe presta muita atenção. Ele disse não com tanto sim que acabou por misturar-se ao horizonte, tornar-se um sopro distante de vã felicidade...

Reported speech

Um dia ele não quis mais. Levantou-se e se foi; fechou portas e janelas, disse que tudo era tão complicado... Pouco depois lia-se nas entrelinhas que o querer existia - tão grande que forçava uma resposta. Apostou nos cinquenta por cento de azar, no copo meio vazio. Desconsiderou a química, decidiu chamá-la curiosidade. Derrubou a opção e plantou no lugar uma placa intitulada "impossibilidade". Pesou a situação com uma frieza invejável, empurrou sutilmente o medo para o lado mais fraco, mais duvidoso. Acreditou que estava certo. Idealiza publicamente alguém firme e forte, mas preza quem não lhe presta muita atenção. Ele disse não com tanto sim que acabou por misturar-se ao horizonte, tornar-se um sopro distante de vã felicidade...

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