Era uma vez uma menina que se sentia pequena como um grão de arroz. Todos os dias ela agradecia pelos caramelos e chocolates, e pedia para ser maior. Um novo dia começava e lá estava nossa amiguinha em frente ao espelho. Olhava-se de um lado, virava para o outro... mas via exatamente a mesma coisa. Na classe era a mais bonita; no pátio a mais inteligente. Só ela não via. Numa noite de chuva, antes de dormir, a menina resolveu fazer diferente. Ao invés de pedir para ser maior, ela pediu que alguém contasse a ela por que sentia-se sempre tão pequena - por que, como o grão de arroz, ela estufava o peito de tristeza mas não chorava; por que ela fechava os olhos e tentava estourar como uma pipoca, mas não conseguia. Um grilo então entrou pela janela e disse-lhe sem rodeios que ela precisava fazer as pazes com o pai. Muitas foram as pedras a formarem-se em suas delicadas mãos. A menina pensava, a pedra surgia. Quando parou de pensar e olhou em volta, o quarto estava cheio de pedras, de vários tamanhos, por todos os lados. A menina chorou e pediu ao grilo que as levasse embora. Chorou tanto, soluçou tanto, que suas lágrimas levaram as pedras para fora. O grilo ficou curioso. "Por que choras tanto, bela menina? Por que choras assim?" Os lábios da menina se abriram, trêmulos, e com muito esforço ela pôde responder. "Ele se foi. Não voltará mais". "Você ainda pode perdoá-lo. Tudo o que precisa fazer é apertar um botãozinho vermelho, dentro do seu coração". O grilo se foi. A menina se tornou uma bela moça. Era certamente a mais bonita e inteligente de todo o povoado. Sua meiguice atraía crianças, sua desenvoltura atraía os mais belos rapazes. A moça se casou duas vezes e se preparava para casar-se uma terceira quando, cuidando do jardim, sentiu-se mal e ali mesmo desfaleceu. Dois renomados médicos vieram às pressas da cidade, mas já era tarde demais para salvá-la. Abriram-lhe o peito para verificar o ocorrido. Ficaram ambos estarrecidos. No lugar do coração da jovem, havia uma grande pedra negra. Um tanto confusos, tentaram retirá-la. A pedra, porém, despedaçou-se inteira ao primeiro toque. No centro, localizaram um botão vermelho, que jamais havia sido apertado. Hoje em dia ainda há estudos sobre o caso, e tratamentos para picadas de todos os tipos de insetos foram descobertos. Ah, sim, devo explicar - há quem diga que a moça foi vista em companhia de um grilo antes da morte súbita.
Picada de inseto, né?! Sei...
ResponderExcluirLinda história!!!
Beijos!