Ela segurava seu rosto e sentia a barba macia. As mãos estavam trêmulas - como era belo! Olhava com dificuldade dentro daqueles olhos escuros e pequenos; tudo girava ao seu redor. Com o coração apertado, comunicou sua vontade. Ele concordou - pensava exatamente da mesma forma. O jovem casal de amantes chorou lágrimas de verdade.
Havia escolhido casar-se com o amigo da escola. O melhor amigo, aquele que sabia de tudo. Conhecidos desde sempre, partilharam o primeiro, o segundo e todos os beijos, dividiram os detalhes sórdidos de cada transa. Um dia surgiu o desejo mútuo de participar da mesma cena, unir as forças malucas perdidas com um monte de pessoas erradas. Um dia se olharam e acharam que aquela era uma combinação interessante. Foi encantador; familiar; confortável; seguro; completo; onipresente. No outro dia também. No mês seguinte, a simbiose era evidente. Discutiam casamento e filhos deitados na grama, cobertos de nuvens. Sem demora o casamento aconteceu. Ele casou-se com outra. Anna nasceu logo depois, e enquanto ela mamava no peito a esposa decidiu que estava na hora de encomendar Davi.
É amor isso que está acontecendo conosco? Um dia se olharam e acharam que não havia mais saída. Num ímpeto o pensamento alcançou outras pessoas - era hora de olharem em volta. Eu... Eu sei, eu também. Você... Não sei. Você? Sei lá. Fica mais um pouco? Até quando? Primeiro até amanhã. Depois a gente vê... Pipoca? Sorvete. Você... Amo, amo sim. Você... é, te amo também. Então por quê? Por um tanto de motivos, por nenhum - afinal quem precisa de um motivo nos dias de hoje? Será que amanhã isso vai passar? Talvez, pode ser. Me abraça bem forte, e aí pode ser que a gente não sinta mais tanto medo. Até amanhã? É, até amanhã. Depois a gente vê...
Nenhum comentário:
Postar um comentário