Hoje sinto-me inutilizada, aprisionada pela minha saúde; impressionada com o poder de uma doença. Penso nos que me precisam e dói-me o peito. Lágrimas caem tímidas e empedram meu pescoço. Cada choro contido vira um caroço, cada rompante de fúria vira uma úlcera, cada mágoa faz um pedaço do corpo esfacelar-se baixinho, diluir-se no dia-a-dia, até que todo ele emite um grito rouco, desesperado, pra dizer assim não. Tenho trinta anos, muita música na cabeça e uma mala cheia de sonhos, mas me integro com o cotidiano de forma visceral. Hoje não sou nada, mas amanhã, quando não me doer mais isso ou aquilo, vou ignorar essas palavras todas e vou chorar, enfurecer-me e perseguir o que acho certo - se alguém considerar tal atitude desaconselhável, que enterre-me agora. Morro de tudo, menos de descrença.
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