Não sei você, mas eu tenho coragem. Coragem de me despir e olhar no espelho, coragem de sentir-me bem inclusive quando estou no vermelho. Não sei você, mas eu tenho medo. Medo de envelhecer por arrepender, medo de quem vou encontrar quando morrer, do que inevitavelmente há de ser. Sei que você tem medo de mim e que falta coragem pra dizer. Eu? Não, não tenho medo de você. Não me aflige sua confusão constante. Não temo seu bom humor itinerante. Não finjo não perceber o barulho do seu coração ao me enxergar correndo, vivendo, o seu pensar pulsante. Não fico às voltas com nenhum dos seus desalentos, nem me preocupam seus sorrateiros, vulgares de tão simples... tormentos. Entretanto, tenho medo da minha coragem de te dedicar cada um dos meus sentimentos... Em sonhos curtos, em devaneios lívidos, em horários e locais fora do tempo, lá te alimento, sem dor, sem pudor, sem qualquer outro pensamento - cheia de coragem provocada pelo medo de insistir em te abrigar no meu momento... Que merda! Não sei você, mas eu tenho medo é da minha coragem de te querer.
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