quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Inefável

Hoje os mundos se encontram, as palavras se perdem.
Quando te conheci senti uma coisa doida, quase que como tudo na vida. Falei por nós dois, e um belo dia me veio à cabeça que você não ter me dito nada fez toda a diferença. O vento sopra suave, o calor é intenso, e nessa alegria abafada eu te procuro, te imagino. Penso no seu sorriso, na sua saúde, na sua tentativa de viver acuado, sufocado por desejos que na verdade, na verdade mesmo, nunca foram seus. Te penso, sem me dar conta te desejo muitíssimo por tantos infindáveis momentos... Dessa forma te alcanço. Recupero as formas do seu andar, as cores do seu abraço. Enxergo com toda clareza a intensidade do seu sono. Quisera Deus que fosse eu, quisera eu que na placidez desse dia morno te deixasse ir, com juízo, com cuidado, para algum lugar que te faça feliz... Talvez outro dia, mas não hoje. Hoje estamos conectados; é mais um daqueles dias em que você parece estar aqui. Amanhã certamente será diferente - energia nova, grandes expectativas. Amanhã faremos os dois outras coisas, ocuparemos nosso pensamento com outras pessoas, participaremos de outras ocasiões. Iremos à luta com unhas e dentes, amaremos estarmos vivos, sentiremos o clima da estação na pele fina do rosto. Amanhã não farei parte do seu capítulo, nem em sonho, mas hoje... Hoje eu mais uma vez me repito quando digo que o tempo parou de passar. Não há porque chorar ou se divertir. É quase tão louco quanto tudo na vida ser invadida por essa esperança involuntária. Hoje o episódio não conta - estamos de férias dessa paródia malcontada que é a nossa vida. Pra onde quer que o planeta gire, hoje os mundos se encontraram e as palavras se perderam. Até amanhã...

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