sábado, 4 de maio de 2024

EN PASSANT

 Eis que ele passa,

orgulho em cada passada,

olhar destemido.

Existo.

Peito estufado,

andar passarelado.

Resisto.

Resisto e falo

sem dizer palavra;

resisto e calo

sem que nessa fala de corpo inteiro

exista mágoa...

Como se o mundo fosse justo

E existisse pala

em todo palco da vida –

como se a servitude de quem paga

pudesse apagar o trauma

de quem fica.

Eis que ele respira

e dá um passo certo,

certeiro,

rumo ao infinito

derradeiro

ao sol tangível,

visível

do que queima

mas não significa.

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