segunda-feira, 18 de abril de 2011

Paradeiro - a bailarina de vidro

Para vocês verem como a vida é interesssante: escrevi um livro e ganhei outro, uma troca sentimental bem justa. O livro que ajudei a escrever fala sobre ensinar inglês; o livro que ganhei ensina em inglês. É um livro de despertares diários que utiliza da sabedoria oriental para nos oferecer paradeiro. Há um ensinamento para cada dia do ano, e hoje eu li esse:

Let us not be too severe in reprimanding others for their faults,
let us think of what they can withstand.
Let us not be too ambitious, exhorting others to be good,
let us think of what they can achieve. (Hong Zicheng)
***
Pensei na bailarina de vidro colada na minha geladeira, ensaiando uma suavidade, uma flexibilidade tão naturais que quis chorar ao pensar que meus pés calejados nunca irão tão longe, nunca chegarão nem perto de tocar o céu. Olhei pra ela e senti que só estava ali para me lembrar do que nunca serei capaz de fazer, mesmo gostando tanto, querendo muito.  Pensei nas minhas celulites genéticas, que não saem com  mais exercício. Pensei em cada um dos meus defeitos e fiquei exausta, a ponto de quase não perceber que esse recado, vindo do outro lado do oceano, quis me ensinar a ganhar o mundo com o que tenho na mão. Devagar ou depressa, com mais qualidade e menos cobrança. Ao amor doído, ao desejo enlouquecido, ofereço a oportunidade de pensar que o que tem que ser vai acabar sendo e é isso. Nunca será fácil aceitar o que não se compreende, mas devagar ou depressa, um dia o mundo vai ter que parar pra te ver gritar ou morrer de rir.  Haverá paradeiro para o nosso desejo dentro ou fora de nós.

http://www.youtube.com/watch?v=7AcK1TOVAB4
Boa noite... e boa sorte.

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