Esse ano foi duro. Difícil. Novo. Diferente. Desafiador. Recompensador. Doído. Nu, doído. Doido. Imprevisível. Introspectivo por vezes, coletivo meio inesperado. Esse ano me ferrei, me achei, sofri, chorei, pensei... chorei mais; chorei mais, não. Esse ano tive que escolher milhões de vezes, decidir com a convicção que nem sempre estava. Fui firme, fui filme de ficção, de terror, de heroína, de pescador, fui feto e fui fato, sim senhor. Esse ano foi martírio, redenção, aprendizado, reconexão com quem veio e quem quis ficar, onda de luz cósmica pra quem não foi e não esteve, pra quem quis partir, pra quem quis chegar. Esse ano foi fé raciocinada, Tim Maia Racional, sangue no olho, faca na caveira, chute no estômago e cara na porta. Cara na porta. Cara na porta até ela abrir e eu ver mamãe, irmãs, sobrinhos, amigos, alunos, lições, tarefas, meu pai tímido do outro lado da sala e meu coração num ratimbum descompassado, doido pra agradecer pela minha vida com um beijo e um abraço de obrigada, pai, porque hoje eu sinto o seu amor, porque hoje eu tenho amor por quem me ama e quem me critica, por quem me guarda e quem me prejudica. Esse ano foi amor e caridade, redenção e saudade. Foi o primeiro ano da minha vida em que o Natal foi o dia de celebrar Jesus e tudo que ele me ensinou sobre família, amigos, afetos, gratidão, gentileza, perdão, contribuição com o bem maior, responsabilidade, leveza, fluidez no caminhar, sempre e lentamente. Esse ano foi plantio em chão despreparado, e cada galo, cada roxo, cada tombo, de um jeito estranho e não calculado, foi um presente.
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