Numa noite dessas acordei com
frio e sem saber o que fazer. Não era frio de coberta, não - tava mais praquele
frio da Margarida Friorenta, que só sossega com beijo, suspiro e cafuné. Fiquei pensando naquelas histórias
de princesas, em como desde pequenas fomos ensinadas a esperar, a sermos
escolhidas ao invés de escolher, a sofrermos caladas ao invés de procurar, de
dizer, de ir à luta. Lutar por um amor é discriminado na nossa cultura - é
sinal de fraqueza, de carência. Inconformada, leio essas certezas no rosto das
pessoas e penso que é exatamente o contrário - ir atrás do que você quer com
verdade dentro do peito é sinal de coragem, de força, de vontade de ser mais
feliz. Se isso se aplica à sua vida profissional, acadêmica e até pessoal, por
que diabos não seguir os mesmos passos na vida afetiva? Já ouvi algumas vozes
sussurrarem a palavra "vulgar" ao ouvirem histórias de mulheres que
se expuseram por amor, que colocaram as cartas na mesa, todas viradas pra cima,
sem medo de perder o jogo, que amar e jogar são duas coisas diferentes demais,
que sentimento é pra se trocar com a única ressalva do querer. Se a gente
pensar em sinônimos pra palavra "vulgar", vai encontrar indecente,
indelicado, ofensivo, de mal gosto: nenhum tem a ver com amor. Nessa noite em que acordei com frio e sem saber o que fazer,
abri o computador e perguntei ao father google o significado da palavra "amor".
Encontrei esse aqui: Amor é um sentimento de carinho e demonstrações de afeto
que se desenvolve entre seres que possuem a capacidade de o demonstrar.
Concordei. É necessário que a gente seja feito de mais do que carne e osso pra
amar direito - tem também mel, algodão, chuva fina, sol da manhã, lua, música e
mágica. Nunca me arrependi de chamar alguém pra dançar, mesmo quando os passos
foram incompatíveis. Se a felicidade é a gente quem faz, esperar calada acaba
não fazendo sentido algum. Queria que essa nova leva de seres humanos
conhecesse as delícias da entrega, da constância, do querer bem e mais e muito
a cada dia, do beijo no rosto que vem com um abraço quente, apertado, dos cinco
minutos a mais antes de sair da cama, cabeça descansando sobre o peito que respira sossego, mão e mão, conversa baixinha que é pro corpo acordar sem
pressa. A ressalva, como eu disse, é só uma: o querer de mão dupla. Ninguém
precisa alimentar a alma com migalhas - pule de cabeça naquela piscina onde
aquele cara que faz seu coração bater mergulha tranquilo... e espera poder
nadar com você.
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