Poderia começar essa postagem falando da fantástica campanha do MEU time, sim, MEU time - na alegria e na tristeza, na saúde e na doença - desde a disputa do brasileiro. Poderia fazer uma análise cronológica de cada partida, de quem fez os gols, de quem fez bonito, mas isso vocês já sabem, e isso já tem muito profissional fazendo pra nós com destreza. Poderia também elogiar a torcida, que acreditou até o último minuto, que sempre acredita, mas o Brasil inteiro sabe que ser atleticano vai muito além de assistir a um jogo e vestir a camisa um dia depois da vitória - basta dizer que o SAMU ficou bem atarefado durante essa Libertadores, só mesmo para servir de exemplo.
Prefiro levar vocês à porta do Mineirão no dia 24 de julho de 2013. Dia tenso para os atleticanos, que precisavam de dois gols de diferença para irem para as prorrogações e possivelmente - ou melhor, provavelmente, porque é do Galo que nós estamos falando - chegarem aos pênaltis. Não vou nem entrar no mérito dos torcedores de certos times, que só tiram a camisa do armário quando o time ganha, que só vão ao estádio quando a partida já está ganha. No dia 24 de julho de 2013, os atleticanos novamente lotaram as ruas, o campo, os ônibus e os carros a caminho do Mineirão, ainda que não tivesse mais jeito de comprar o ingresso. Às oito da noite já estávamos lá: eu, meu primo Bruno e seu enteado João Pedro, em frente ao Mineirão junto com um corredor de pessoas que, assim como nós, acreditavam e gritavam para mostrar a sua força. Depois das lágrimas a cada fim de jogo, aguardávamos a final da Libertadores com uma mistura de medo e certeza de que, se dependesse da torcida, a vitória seria certa. Todas aquelas pessoas acreditavam, e sentir aquela energia foi talvez a mais poderosa das sensações que já experimentei. Não havia classe social, raça, preferências sexuais ou políticas naquele momento, apenas uma multidão que se ajoelhava no chão e, de posse dos seus patuás, pedia a Deus e a todos os santos por pelo menos um gol no primeiro tempo. Começamos ouvindo o jogo no bar do Peixe, mas ouvir um jogo sem ver pode ser desesperador, acreditem. Resolvemos tentar encontrar uma televisão lá pelas tantas, a ansiedade era muita. Achamos um galpão na Abrahão Caram, onde os peões tinham dado uma trégua no serviço e se espremiam junto a uma TV de 14 polegadas. O gol não saiu.
Coração apertado, fomos comer um sanduíche, sem saber qual seria o desfecho daquela noite. Sem saber, nunca sem acreditar. Perguntei ao meu primo Bruno: você ainda acredita? Ele me olhou no fundo dos olhos e disse: Érika, eu sou atleticano. Eu acredito até o último minuto. Ganhando ou perdendo, eu SEMPRE vou estar aqui pelo meu time, sempre vou ter orgulho de ser atleticano. Precisava daquelas palavras. Ainda com meu sanduíche na mão, decidi que deveríamos ir andando até o posto em frente ao Mineirão - chegando lá, o primeiro gol. Tudo o que eu conseguia fazer era chorar e abraçar minha bandeira, e beijar o escudo na minha camisa repetidas vezes, e pensar "É isso - a gente vai ganhar esse negócio". Como todo atleticano que se preza, entendi que para o Galo ganhar não poderia assistir nem ouvir o jogo, e deveria permanecer no mesmo lugar onde ficamos sabendo do primeiro gol. Assim ficamos, de pé em frente ao Mineirão, olhando praquele caldeirão e esperando ele ferver, esperando a sopa de pônei ficar pronta.
O tempo passou e o segundo gol não saía. Perguntei a um cara do meu lado sobre o tempo de jogo e ele falou 39 minutos. Putz! Ocorreu-me que estar ali não seria uma boa ideia se o Galo não ganhasse, e combinamos de ficar ali, na mesma posição, por mais cinco minutos. O posto em frente ao Mineirão tinha sido fechado com grades para que só pessoas que pagassem uma consumação mínima pudessem ficar lá dentro, mas depois de duas brigas entre atleticanos antes mesmo do início do jogo, achamos melhor sair de lá - foi exatamente quando a Galoucura invadiu, com suas caras nada boas e seu jeito de poucos amigos. Seria feio, tinha muita gente lá, muito choro, expectativa - mas ao mesmo tempo sabia que íamos acabar ficando lá até o último apito. Aos 43, o segundo. A galera pirou!!!!! Os torcedores corriam desesperados pela rua, abraçavam outros torcedores que jamais abraçariam em outra circunstância - playboys, marginais, gays, coxinhas, caipiras, patricinhas, periguetes, funkeiras, rappers, gente como eu, que chorava como criança e agradecia a Deus sem parar porque não conseguia fazer outra coisa.
Depois da última cobrança de pênalti dos cavalos paraguaios, ninguém conteve a emoção - a gente era campeão da Libertadores, campeão da Liberadores, campeão da Libertadores!!!!!! A torcida invadiu o estádio e o Mineirão ficou pequeno pra nós. Fomos embora ouvindo a Itatiaia, chegamos em casa e ligamos a TV pra ver os melhores momentos, as análises técnicas, e eu só fiquei pensando no "Muito obrigado - o time todo" que ecoou dentro daquele caldeirão mágico. Tendenciosa ou não, preciso deixar meu muito obrigada especial a meu herói RG, o cara que acreditou no Galo e que fez com que todos os jogadores, a comissão técnica e TODA a torcida acreditassem também. E bem lembrado, Lelé: São Vitor não é desse mundo, e salvou o nosso time - ainda que agradecer a santo seja sempre clichê ;) Nós somos do Clube Atlético Mineiro - jogamos com muita raça e amor - vibramos com alegria nas vitórias - e é isso que nos define enquanto atleticanos. Vibra, Galo, vibra - faz tremer essa cidade, esse país, que essa vitória é nossa! E a quem não acreditava ou não acreditou, lembrem-se sempre: YES, WE C.A.M.
Legal demais. Perfeito. É isso mesmo. A angústia estava corroendo a galera. E o segundo gol? O cabeceio foi pra cima, fez uma trajetória diferente, e ninguém sabia se a bola estava indo em direção ao gol. E aí pingou lá dentro do filó. Putz grila. Êxtase sem explicação. Estava no Mineirão com o Guilherme, meu pai e minha mãe. Foi uma abraçação, uma embolação de braços, uma mistureba de sentimentos, ninguém sabia como reagir. Até porque, com aquele resultado, ainda tinha a prorrogação e, eventualmente, os pênaltis. Estávamos em outra dimensão. Vieram, de fato, os pênaltis. Delírio. Caramba. Sem palavras. Todos os jogadores nos honraram demais. Cada um contribuiu, não com um pouquinho, mas com um muitão. Até mesmo os que entravam no decorrer dos jogos. Mas um, em especial, eu tenho que reverenciar: São Victor. Três jogos decisivos, em três fases consecutivas, em que o polvo nos garantiu. "Muito obrigado, ao time todo". "Eu acredito" em muito mais. Leandro
ResponderExcluirPreciso criar coragem e assistir aos melhores momentos...
ResponderExcluireu tb curti a vitória. que bom q cê tava lá nos representando. ;)
ResponderExcluirSempre!
ResponderExcluirAssistir jogo no estádio é sempre especial por isso. Fica todo mundo igual em nome de uma só bandeira. Muito bom. ;)
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