terça-feira, 11 de setembro de 2012

The Night

Não sei se por teimosia ou medo do escuro. Talvez pelo frescor do silêncio trazendo pra perto o mais simples barulhinho, ou pela calma que toma meus pulmões nos braços - eis enfim o término de mais uma batalha sem mortos ou feridos. Enfim um pedaço de um momento sem pessoa alguma. Aqui a luz está acesa, mas lá fora tudo mais adormece com ou sem calma, com ou sem remorso, problema respiratório, zumzum no ouvido, preguiça, esperança... volúpia. Ouço a geladeira e o cachorro do vizinho que, como eu, se recusa a fechar os olhos. Meu corpo se entrega, cansado, ao sofá surrado com cheiro de sonho antigo. Não me abrace assim, seu sofá, eu peço porque já não sei o que pedir. Minhas sapatilhas me olham com suas fitas de cetim - querem que eu vá já para a cama: amanhã preciso estar em minha melhor forma para pegar de vez a coreografia. Arquivos em pdf piscam enquanto um trabalho no word suga meus dizeres mais secretos. Acho que preciso organizar minhas prioridades. O vento sopra fresco e devagar me desperta. Se não fosse perigoso sairia agora para uma longa caminhada - concluo que um cachorro realmente faz falta. Quero também um jardim, cores e uma meia dúzia de sonhos possíveis. Onde é que eu aperto? Onde é que eu assino? Posso pagar com cartão?
 
Va bene, eu me rendo. Hora de dormir como as pessoas que acordam com os passarinhos.

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