A hora de dormir tem seus desafios. Em algum momento, nada mais interessa. É hora de contar estrelas e ouvir histórias, sem maquiagem ou hipocrisia. Respiro e vou pra algum lugar onde você nunca vai estar, um pouco de espaço que já não tenho mais. Pulo a janela, subo no telhado; como um chocolate e fico observando os mortais e suas prioridades feitas de angústia e inveja. Um dia ou outro acabo por entender a necessidade de se ordenar a vida. Certamente deve haver algum sentido nisso, mas por enquanto não analiso, não. Acordo e decido o que tenho que mudar. Corro porque preciso, e se não mudo... ah, fico puta demais. Fico puta e vou dormir cansada, gosto de derrota na boca, vontade de que tudo mais se exploda enquanto eu me lembro de um sonho, um dia doce, uma coisa engraçada. Tem dias em que (vou confessar) abrir os olhos soa como o verdadeiro pesadelo. Às vezes passo por eles sem dizer nada; pensamento corre o mundo em busca de outra vida, que desfila a passos lúdicos, únicos, tântricos, e me corrompe a olhos vistos. Embriago-me de insatisfação e é assim que me recebem, é assim que se esquecem de que não foi sempre tão duro, tão triste. Palavras me cercam por todos os lados, e me olham inteira, cheias de perguntas e expectativa. Penso no que gostaria de fazer, em um só lugar que pudesse me abrigar por uma semana ou um instante. Olho para o sofá já frio: pego minhas cobertas e penso em acomodar-me, até que ele me abrace, me acalme e deixe que a solidão me embale com as cores da noite.
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