Nessa cidade só chove mesmo, impressionante, mas não tá frio, não. Hoje, por exemplo, rolou um solão! Vi o Big Ben, Picadilly Circus, Trafalgar Square, London Eye e River Thames numa andada só, foi muito legal, mas a planta não tinha levado a máquina, então... Na verdade, nem poderia, porque a situação foi simplesmente fantástica.
Minha amiga Marina trabalha em um pub chamado The Square Pig, que fica em Holborn. Holborn é uma estação bem central, bem pertinho do Soho e de outros locais badalados e turísticos aqui. Bem, Marina me convidou pra conhecer o pub em meu segundo dia londrino, e eu adorei a idéia de tomar minha primeira pint num local não-turístico (afinal, gente de outros países a gente fica a fim de ver quando resolve ir até eles, né verdade?). Lá fui eu, e para tornar o programa ainda mais interessante, liguei para meu amigo Germano, super divertido e alto-astral, que topou na hora e em pouco tempo já estava lá brindando comigo à minha chegada e às nossas futuras aventuras. Tomamos um bocado e nos animamos completamente, mas soubemos que o pub fecharia em instantes. Com o intuito de curtir a noite, lá fomos nós procurar algo pra fazer depois das dez em plena terça-feira. Depois de perguntar a transeuntes dos mais variados, descobrimos que um club chamado AKA, ou The End, lá perto de onde estávamos, era o point da noite. Lá fomos nós, e chegando lá, meu amigo, um brasileiro que mais parece italiano, com charme de sobra e um inglês muito bem-falado, já começou a despertar olhares assanhados de gatinhas que nem queriam saber se ele estava acompanhado. Resultado: Germanito foi quase que abduzido pelas gringas e uma mala sem alça se instalou do meu lado! Como eu percebi que nada o faria sair dali – coitado, não tinha alça também, quem é que iria resgatá-lo? -, dei o velho golpe do banheiro e evacuei a área! Só queria sair dali, e quis tanto, mas tanto que acabei andando sem rumo, à noite, numa cidade onde só sabia o meu endereço porque andava com ele anotado em um papelzinho na bolsa. Bem, liguei pro Germano, mas com toda aquela sonzeira e atrações à parte, ia ser difícil ele me ouvir. Já estava pensando em como ir embora, quando se aproxima de mim uma figura muito peculiar e me pergunta: você está perdida? Acho que não tava dando pra esconder... Ela então me disse: eu estou com uns problemas, acabei de brigar com meu namorado e estou a fim de andar um pouco. Anima? Que isso, uma menina rasta, das Ilhas Seychelles – vim saber depois que ficam na África, ao norte de Madagascar – fazendo faculdade em Engenharia Ambiental em Londres há dois anos cai de pára-quedas na minha andança e ME CHAMA PRA ANDAR MAIS? Claro que eu fui. Andamos a noite toda, e ela me levou a todos os pontos turísticos mais conhecidos – Picadilly Circus, Trafalgar Square, Big Ben, London Bridge, London Eye, uma ponte para pedestres chamada Millenium Bridge e mais uns lugares que eu deveria ter anotado o nome. Era como se eu estivesse em um sightseeing com uma guia super descolada e divertida, durante a madrugada! No meio da nossa jornada, ela me contou que não gostava de Londres e que estava contando os dias para terminar a faculdade e voltar pra sua casa; que falava francês no seu país; que namorava um espanhol que dava trabalho porque era mais novo e sem nenhum expediente (palavras de minha sábia mãe, que significam “parasita preguiçoso sem limites”); ah, e que morava num squat. Gente, vcs sabem o que é um squat? Alguns prédios ou galpões são fechados sabe-se lá por que e a galera invade e passa a morar lá. Não sei bem, mas parece que a polícia só pode te tirar de lá se você for pego em flagrante tentando invadir, mas não depois que você já está lá dentro. Olha que coisa... Minha mais nova amiga me explicou tudo isso, e disse que muitas vezes não dá pra você escolher as pessoas que moram no seu squat, o que significa que na casa dela moravam também alguns junkies - viciados em cocaína e heroína – que às vezes davam problema. Pensei comigo: nuuuuuuuuu, imagina o problema que esse pessoal deve dar! Obrigada, Senhor, pela minha casinha! Andamos e conversamos tanto que quando olhei pro relógio, já estava na hora de o metrô voltar a passar. Ela me ensinou como não pagar metrô – entrando junto com outra pessoa antes de a “porta” fechar – e disse que nunca pagava transporte. Tudo bem, mas eu, com esse jeito desengonçado e nem um pouco espertinho, vi que acabaria deportada se tentasse algo parecido... Ela me deu seu telefone e disse que se chamava JP – nunca vou saber se entendi certo esse nome... Voltei pra casa pensando que essa cidade é muito doida mesmo!
Aqui na escola a internet tá sempre lotada, o computador é bloqueado pra abrir fotos e não dá pra mandar também. Vou esperar pra tirar mais fotos legais e aí vou a uma internet paga pra mandar pra vcs. No mais, tá tudo tranquilo. Ainda não consegui me entender com os ônibus, e o último metrô é às 11h em algumas estações, 00h nas outras. Os pubs fecham as 10, 10 e pouco durante a semana, muito estranho – bem, isso foi o que me disseram, e o jeito vai ser conferir... Minha primeira pint foi bem legal. As bebidas de shots (doses) mais tomadas aqui são tipo Bailey's, mais do que tequila ou coisas do tipo – pelo menos no Square Pig... Muita gente toma vinho. Tem uma menina francesa e outra tcheca na minha casa – Lucy e Katerina –, e estamos tentando acompanhar as visitas turisticas da escola pra interagir com a galera. A comida e o transporte são caros, mas as roupas são baratassas, tô tendo que me conter bastante pra não dar derrame antes de arrumar um emprego! Andar a pé só é possível no seu bairro, tudo eh lonjasso! Vou fazer uma visita ao Stone Henge e outra a Notredame esse fim de semana com a escola, e depois conto pra vocês como foi.
Bjos a todos, saudades!
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