Quando ele disse que não queria mais, ela levantou-se e saiu. Muda. Calma. Sílvia. Sílvia, ele gritou. Só quem não sonha dá as costas, ele bradou vermelho, tenso. Descompassado. Ela interrompeu a caminhada. Virou-se e sorriu. Eu não te quero mais porque te amo, Sílvia, por que te amo tanto... Por que o amor pra mim é assim: se bater o coração não tem jeito. Ela arrumou o cabelo, piscou longamente. Você entende o que eu sinto? O ardor na minha pele só de olhar pra você? Me olhe, olhe esse descontrole, meu desespero. SÍLVIA! Ela limpou o pigarro da garganta, covinha à mostra. Mas não falou. Pôs as mãos nos bolsos. Respirou fundo. Olhava o agora ex-companheiro com curiosidade. Por tanto tempo você foi o meu sonho, Sílvia, por quanto tempo te pensei e te quis, ah, como te desejei! Sabia de cor cada um dos seus sorrisos, todos os seus penteados. E você... você... nem sabia que eu existia, nem me notava! Por que agora? Por que é que de repente você me olhou e me quis? Esse tipo de coisa não acontece de repente, depois de tanto, tanto... Sílvia, eu duvido que você me ame. Eu te quis tanto, por tanto tempo, que agora que você me quer não faz sentido. Não entendo. Não aceito. Não tem condição você decidir a me amar assim, de uma hora pra outra. Será que você acordou um belo dia e pensou Puxa, mas não é que esse cara é até interessante? Você não me ama, não, Sílvia. Mas eu sim. EU... eu te amo. Te amo tanto que tenho vontade de te matar. Sempre que estamos juntos penso nisso. Sinceramente, Sílvia, já que chegamos a esse ponto, tenho mesmo que dizer. Se continuarmos juntos eu vou te matar. Por isso preciso te proteger, preciso te deixar, você entende? Ela assistia a tudo impassível. Que espetáculo! E o pior, o pior é que agora não consigo mais tirar isso de mim. Não consigo mais tirar você da minha vida, e com isso nunca vou deixá-la viver a sua. Não consigo sequer imaginar outra pessoa te tocando, não é possível. É isso. Ou eu te mato agora... ou vou ter que me matar. Case-se comigo. É nossa única saída. Sílvia deu uma risada. É o pedido de casamento mais engraçado que eu já vi! Beijou o namorado. Você não tem jeito... Pegou-o pela mão e atravessaram a praça da Liberdade, rumo ao cinema. Sempre muito descontraído, ele ainda teve tempo de afrouxar o durex das costas e desfazer-se do punhal pelo caminho.
Esse blog é destinado a compartilhar viagens literárias, e está aberto a seres humanos e afins... Divirtam-se!
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Purple haze
Quando ele disse que não queria mais, ela levantou-se e saiu. Muda. Calma. Sílvia. Sílvia, ele gritou. Só quem não sonha dá as costas, ele bradou vermelho, tenso. Descompassado. Ela interrompeu a caminhada. Virou-se e sorriu. Eu não te quero mais porque te amo, Sílvia, por que te amo tanto... Por que o amor pra mim é assim: se bater o coração não tem jeito. Ela arrumou o cabelo, piscou longamente. Você entende o que eu sinto? O ardor na minha pele só de olhar pra você? Me olhe, olhe esse descontrole, meu desespero. SÍLVIA! Ela limpou o pigarro da garganta, covinha à mostra. Mas não falou. Pôs as mãos nos bolsos. Respirou fundo. Olhava o agora ex-companheiro com curiosidade. Por tanto tempo você foi o meu sonho, Sílvia, por quanto tempo te pensei e te quis, ah, como te desejei! Sabia de cor cada um dos seus sorrisos, todos os seus penteados. E você... você... nem sabia que eu existia, nem me notava! Por que agora? Por que é que de repente você me olhou e me quis? Esse tipo de coisa não acontece de repente, depois de tanto, tanto... Sílvia, eu duvido que você me ame. Eu te quis tanto, por tanto tempo, que agora que você me quer não faz sentido. Não entendo. Não aceito. Não tem condição você decidir a me amar assim, de uma hora pra outra. Será que você acordou um belo dia e pensou Puxa, mas não é que esse cara é até interessante? Você não me ama, não, Sílvia. Mas eu sim. EU... eu te amo. Te amo tanto que tenho vontade de te matar. Sempre que estamos juntos penso nisso. Sinceramente, Sílvia, já que chegamos a esse ponto, tenho mesmo que dizer. Se continuarmos juntos eu vou te matar. Por isso preciso te proteger, preciso te deixar, você entende? Ela assistia a tudo impassível. Que espetáculo! E o pior, o pior é que agora não consigo mais tirar isso de mim. Não consigo mais tirar você da minha vida, e com isso nunca vou deixá-la viver a sua. Não consigo sequer imaginar outra pessoa te tocando, não é possível. É isso. Ou eu te mato agora... ou vou ter que me matar. Case-se comigo. É nossa única saída. Sílvia deu uma risada. É o pedido de casamento mais engraçado que eu já vi! Beijou o namorado. Você não tem jeito... Pegou-o pela mão e atravessaram a praça da Liberdade, rumo ao cinema. Sempre muito descontraído, ele ainda teve tempo de afrouxar o durex das costas e desfazer-se do punhal pelo caminho.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Nosso mundo
Não sei você, mas eu tenho coragem. Coragem de me despir e olhar no espelho, coragem de sentir-me bem inclusive quando estou no vermelho. Não sei você, mas eu tenho medo. Medo de envelhecer por arrepender, medo de quem vou encontrar quando morrer, do que inevitavelmente há de ser. Sei que você tem medo de mim e que falta coragem pra dizer. Eu? Não, não tenho medo de você. Não me aflige sua confusão constante. Não temo seu bom humor itinerante. Não finjo não perceber o barulho do seu coração ao me enxergar correndo, vivendo, o seu pensar pulsante. Não fico às voltas com nenhum dos seus desalentos, nem me preocupam seus sorrateiros, vulgares de tão simples... tormentos. Entretanto, tenho medo da minha coragem de te dedicar cada um dos meus sentimentos... Em sonhos curtos, em devaneios lívidos, em horários e locais fora do tempo, lá te alimento, sem dor, sem pudor, sem qualquer outro pensamento - cheia de coragem provocada pelo medo de insistir em te abrigar no meu momento... Que merda! Não sei você, mas eu tenho medo é da minha coragem de te querer.
Nosso mundo
Não sei você, mas eu tenho coragem. Coragem de me despir e olhar no espelho, coragem de sentir-me bem inclusive quando estou no vermelho. Não sei você, mas eu tenho medo. Medo de envelhecer por arrepender, medo de quem vou encontrar quando morrer, do que inevitavelmente há de ser. Sei que você tem medo de mim e que falta coragem pra dizer. Eu? Não, não tenho medo de você. Não me aflige sua confusão constante. Não temo seu bom humor itinerante. Não finjo não perceber o barulho do seu coração ao me enxergar correndo, vivendo, o seu pensar pulsante. Não fico às voltas com nenhum dos seus desalentos, nem me preocupam seus sorrateiros, vulgares de tão simples... tormentos. Entretanto, tenho medo da minha coragem de te dedicar cada um dos meus sentimentos... Em sonhos curtos, em devaneios lívidos, em horários e locais fora do tempo, lá te alimento, sem dor, sem pudor, sem qualquer outro pensamento - cheia de coragem provocada pelo medo de insistir em te abrigar no meu momento... Que merda! Não sei você, mas eu tenho medo é da minha coragem de te querer.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Anno nuovo
Essa coisa de viver perdendo
de sair correndo
isso é coisa do ano passado
nunca do ano que vem
rolando, desbarrancando
caindo do céu em forma de estrela
inundando o ser ou não ser mundano
enchendo o prato de torresminho
batata frita e churrasco
Esse ano tem que ser igual
de tão diferente
pois quem não chora não mama
E cá pra nós
essa coisa de viver perdendo
e sair correndo
mora é no dia de hoje
(sim, senhor!!!)
e fica por tempo indeterminado
estampada no nosso presente.
de sair correndo
isso é coisa do ano passado
nunca do ano que vem
rolando, desbarrancando
caindo do céu em forma de estrela
inundando o ser ou não ser mundano
enchendo o prato de torresminho
batata frita e churrasco
Esse ano tem que ser igual
de tão diferente
pois quem não chora não mama
E cá pra nós
essa coisa de viver perdendo
e sair correndo
mora é no dia de hoje
(sim, senhor!!!)
e fica por tempo indeterminado
estampada no nosso presente.
Anno nuovo
Essa coisa de viver perdendo
de sair correndo
isso é coisa do ano passado
nunca do ano que vem
rolando, desbarrancando
caindo do céu em forma de estrela
inundando o ser ou não ser mundano
enchendo o prato de torresminho
batata frita e churrasco
Esse ano tem que ser igual
de tão diferente
pois quem não chora não mama
E cá pra nós
essa coisa de viver perdendo
e sair correndo
mora é no dia de hoje
(sim, senhor!!!)
e fica por tempo indeterminado
estampada no nosso presente.
de sair correndo
isso é coisa do ano passado
nunca do ano que vem
rolando, desbarrancando
caindo do céu em forma de estrela
inundando o ser ou não ser mundano
enchendo o prato de torresminho
batata frita e churrasco
Esse ano tem que ser igual
de tão diferente
pois quem não chora não mama
E cá pra nós
essa coisa de viver perdendo
e sair correndo
mora é no dia de hoje
(sim, senhor!!!)
e fica por tempo indeterminado
estampada no nosso presente.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Ano? Hein? Ah, nem...
Hoje tive um sonho estranho... Sonhei que um amigo se embrenhava pelo mato afora, enquanto outro me dava um livro sobre a história de uma civilização distante. Uma amiga se descabelava na praia enquanto um amigo se jogava nos bons ares da américa do sul. Um amigo curtia com sua morena a virada num clima família, enquanto o outro tentava jogar sua fama de PN nas águas do mar de Ipanema. Uma amiga morava longe e estava perto, uma amiga morava perto e estava longe. Um amigo mandava fotos da terra de tia Beth, outro mandava um piccolo regalo da terra da pizza napolitana. Um amigo era aluno, o outro era professor. Uma amiga podia ficar pertinho, a outra não iria poder nunca. Uma amiga curtia o milagre de férias conjuntas com o maridão numa praia do sudeste, a outra descobria as mil maravilhas de sua pequena doce baby aventura em um paraíso perdido no nordeste. Na Bahia, uma amiga pra lá de distraída soprava um beijo pra uma amiga de Londrina, enquanto outra amiga agora londrina amamentava seu pequeno príncipe ao lado de um amigo que nasceu pra ser pai do Lucas. Uma turma de amigas bem resolvidas brindavam em Milho Verde ao som de estrelas cadentes. Um amigo procurava na internet a balada mais animada, a outra já estava lá há muito tempo entre gregos e troianos, e uma amiga explicava para o namorado mais que amigo que deveriam ver o Olodum. Um amigo brasileiro mostrava a felicidade das nossas praias pra namorada italiana; um amigo mineiro curtia o amor e fazia planos de casamento com a namorada pernambucana. Um amigo ia pra Bahia, outro pra Araxá, ambos muito bem acompanhados. Um amigo se escondia em Pará de Minas, nem atendia o telefone, mas o amigo dele avisava que iria tocar em Búzios com sua banda. Acordei com a sensação de que deveria dizer alguma coisa. Por isso, aí vai:
Pra todos os meus amigos especiais que estão aqui ou lá, desejo que estejam e sejam sempre muito felizes, plenos e verdadeiros a cada sorriso. Desejo cantos de passarinhos pela manhã, beijinhos pra todo lado, criatividade ao pensar no trivial, e alegria para o essencial.
Alegria sempre, muita música e OUSADIA! Ponham a boca no trombone quando alguma coisa estiver errada, façam charminho pra ganhar um beijinho doce. Aprendam com o que há de ruim lá dentro, dividam ao máximo o que houver de melhor - SEJAM GRANDES!
Um ano maravilhoso, do jeitinho que cada um pedir...
E no mais, VEM NIMIM, 2010!!! Até ano que vem!
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