Volta e meia me intriga e emociona a forma como o amor nos transpõe, nos envolve, nos alcança... Uma festa canina ao chegar em casa, um sorriso, um abraço, um dedo de prosa, um viva pro sonho, um banho de realidade, um coraçãozinho jogado na sua tela, um convite, uma figurinha, um beijo soprado, beijo molhado, beijo que afunda na bochecha, roubado, imaginado... Aperto os olhos e o carinho vai tendo cara e nome de gente, e as gentes vão se formando devagar como um desenho nas nuvens. Recebo tanto amor que às vezes me bate uma vontade estranha de elencar os porquês. Porque eu quero? Porque eu mereço? Porque eu posso? Porque eu preciso? Porque eu compartilho? Vou (di)vagando por minhas linhas tortas, driblando o espelho, querendo ser mais, ter mais, correndo contra o tempo, cheia de afazeres para justificar a bênção dessa existência, que me permite correr e dançar ballet e bater perna com salto alto em meio a malabarismos de minha coluna chorosa. Estaciono meus múltiplos pensares por esse pátio em branco e agradeço por cada ser, cada flor, cada discurso fundamentado ou sonhador que levou meus achismos pra um passeio revigorante, pra essa roda gigante com vista pra além do horizonte. Reverencio minha inteligência, absorvo a paciência que fez de meus grãos de areia belas pérolas, que me desabrochou em pétalas com cheiro de esperança, me banhou em lua de mim mesma, irradiou essa onda de calor da aura rosa que é pra eu chamar os meus, pra eu me lembrar que não há espera para o que sempre foi meu... pra eu me aninhar num colo pronto a plantar linduras, regar doçuras e colher andanças.
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