Abriu a porta num impulso - meus olhos não encontraram sua descrença.
Ela pensou que fossem minhas suas expectativas
e chamou de cautela toda a minha indiferença;
de prudência minha intolerância;
de espaço a minha ausência.
Acreditou que eu merecia a sua confiança
e esperou paciente pelo fim da minha inconstância;
deu novas cores à minha inconsistência.
Não fazia isso em sã consciência
mas priorizou essa e aquela palavra
maquiou um ou outro gesto
confirmou o que deu-se a entender
abraçou-se a vozes do além
que diziam ser sabedoria
o meu medo de querer -
na boca o gosto indigesto
da minha indecisão.
Com um suspiro
ela tirou seu coração das minhas mãos
e o guardou na bolsa.
Caminhou até a porta
e jogou a lupa fora com força
aquela que há muito aumentava
o tamanho da minha intenção.
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