Concluir será sempre um verbo transitivo direto que só há de aceitar objetos desconfortáveis? A gente começa devagar: eu trabalho muito, e isso me dá o direito de ter coisas. Sinto-me feliz e amparada no meu sofá azul de camurça que me envolve por tardes inteiras enquanto olho para o céu azul cheio de nuvens e estudo horas a fio... Gosto do meu carro que me leva pra todos os lugares dessa cidade diariamente ao som de boa música, e da minha casa que fica mais bonita a cada dia porque eu quero assim. Amo meu guarda-roupas, meus tênis de basquete e meus saltos meia-pata. Amo muito tudo isso, o suficiente para concluir que não dá pra amar as coisas. Dá pra usá-las - muito ou pouco -, é só o que dá pra fazer com elas. Tentar limitar quem você é pelo que você tem pode ser muito frustrante, porque alguém sempre vai ter mais do que você. Aí vem o segundo passo: mas afinal quem sou eu? Sou sensível? Autoritário? Passivo? Impaciente? Arrogante? Vaidoso? Machista? Homofóbico? Conservador? Invejoso? Hipócrita? Estou no lugar certo? Estou correndo atrás de um caminho relevante? Estou disposto a ajudar? A aprender? A olhar um pouquinho menos pra mim mesmo? Que tipo de pessoas eu quero do meu lado? Quem eu quero ver quando abrir os olhos de manhã? A conclusão: ser inteligente e bom, bom com você, com todo mundo (todo mundo), com as circunstâncias, bom no que faz, bom no que diz, bom no que quer dizer mesmo sem querer; cabeça e coração são as maiores virtudes de um homem. Seu carro, sua casa e sua conta no banco nunca vão conseguir me dizer se vale a pena pensar em você quando eu for dormir, ou se fiz bem ao lembrar da nossa última conversa ao acordar, porque essas coisas não dizem nada - literalmente - e porque em se tratando de coisas, todo mundo que é perspicaz e se dispõe a arregaçar as mangas tem as suas. É natural que nosso terceiro questionamento, por conseguinte, abarque as situações mais inexplicáveis que insistem em abraçar nossa essência. Perfumes que só nós sentimos, canções que não tocam pra qualquer ouvido, palavras e olhares e sorrisos que assaltam o coração da gente no meio da noite. O que se conclui? Que uma conclusão seria muito bem vinda se ela pudesse mudar alguma coisa...
- Oii .. gostaria de saber por que o nome Garrastazu para o seu blog?
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirEscolhi o nome depois de ler um livro chamado "Tim Maia: Vale Tudo", escrito por Nelson Motta, em que ele explica, entre outras coisas, que esse era o nome que o Tim dava aos lugares "mocados" que ele arrumava nas casas de show onde tocava, lugares em que podia ficar à vontade sem a polícia ou pessoas enxeridas ficarem na cola. Achei que era perfeito pra esse espaço. Bem-vindo ;)