Hoje eu quis me dar um presente. Parei na Savassi e comprei uns livros, mas não eram presente - eram pras minhas aulas de francês e italiano. Comprei sapatilhas novas de ballet, e pensei que eu já estou velha demais pra fugir das minhas prioridades, que não incluem uniforme, sala lotada, calor e os mesmos erros - velha demais para cometê-los outra vez. Entrei em uma loja que me cai bem, e saí com um short pra ficar em casa - mostrar o que não quero ver em uma cidade sem praia... não sei, acho burro demais. Sem presente, meio desanimada, fazia o caminho de volta pra casa quando uma moto parou do meu lado na Contorno com Lavras. Dois policiais surgiram não sei bem de onde e, armados, vieram a toda na direção da moto e renderam o motorista e o carona. Eles imediatamente colocaram as mãos na cabeça e foram levando a moto pra junto dos policiais, que apontaram a arma para a cabeça dos dois e os levaram a solavancos até a parede. A moto ficou ali, caída na minha frente, bloqueando a passagem. Tentei me refazer e mudar de pista, depois voltar para a minha e entrar na N.Sra. do Carmo. Tremia por dentro. Pensava naquelas PESSOAS. Pode até ser que estivessem muito erradas; se me tivessem feito alguma coisa, com certeza meus comentários engrossariam as estatísticas. Mas não: eu estava lá, dentro do carro; eu, meus livros, minhas sapatilhas novas e meu short de ficar em casa, todos sãos e salvos. Inquietei-me: aquilo não podia estar certo. Parei pra pensar no que está certo nessa vida. Pensei um pouco... achei muita coisa. Minha alma tomou ar fresco, sossegou. Hora de pensar nas prioridades, e torcer para que elas beneficiem alguém além de mim.
Não importa mais de que é feita a estrada - continuo aqui, nem velha nem louca demais para atravessá-la.
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