quarta-feira, 10 de março de 2010

Amiga

- Tem gente que diz que eu pareço com uma atriz aí - disse Ana com um ar meio distraído, meio nervoso.
- Que legal! Qual? - indagou curiosamente a amiga de Ana.
- Ah, não tem nada a ver, mesmo... - Ana, mais nervosa que distraída, acendeu um cigarro.
- Que isso, se ela for bonita, então, com certeza! - a amiga agora estava animada, numa grande expectativa.
- Mas é por isso mesmo, porque ela é muito bonita - pelo menos eu acho. Olha só: você sabe a Lúcia Prado? - Ana passava as mãos pelas pernas num vai e vem quase fora de controle.
- Claro! É com ela? Nossa, mas agora que você falou, tô percebendo várias coisas em comum - sorriu meigamente a amiga. - Pra dizer a verdade, acho você até mais bonita que ela.
- Que isso!
- Sério! Olha o tanto de cara atrás de você...
- Tudo bem que tem até uns figuras na área, mas isso não quer dizer nada...
Ana deu uma baforada charmosa e um sorrisinho de lado que estraçalhou a sua falsa modéstia.
- Vamo combinar que os caras mais bonitos de todos os lugares tão na sua cola. E isso porque você é uma pessoa bonita por fora e por dentro, que quer bem às pessoas acima de tudo... Quem não vai gostar?
A amiga beijou Ana no rosto.
- Nem acredito que você tá me falando isso - Ana agora abraçava-se à amiga, num estado de êxtase. Era tudo que ela queria ouvir. - Até parece que é verdade, né? Você é que é isso tudo!
- Obrigada - sorriu a amiga de Ana, enquanto acendia um cigarro calmamente.
Ana não esperava por aquela resposta. Como poderia ser assim tão simples aceitar um elogio? E quem era aquela baixinha socada pra se achar tudo aquilo?
As duas ficaram ali fumando por mais algum tempo, em silêncio.
- Você se gosta? - perguntou Ana à amiga.
- Muito, não tenho nada pra me queixar.
Os olhos da amiga brilhavam e via-se que ela realmente estava em paz consigo mesma.
- Você se acha bonita?
- Uai, se eu não achasse, quem iria achar?
- Seu namorado, ora!
- É, ele também acha...
Ana não entendia o que ouvia. Que menina estranha, pensou. Será que tudo aquilo era verdade?
- Eu queria ser você - Ana disse afinal.
- Eu sei.

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